Capítulo 5-Feliz aniversário

262 41 85
                                    




"O livro traz a vantagem de a gente estar só e ao mesmo tempo acompanhado"

(Mário Quintana)

Luna

Vinte e um. É uma idade interessante. Não sou mais uma menina. Apesar de me sentir exatamente assim ás vezes. Em alguns países sou oficialmente maior de idade em outros estou careca de ser. Mas a verdade é que não importa a idade, eu quero comemorar todas. Amo fazer aniversário.

Estou completando mais um ano de vida, um privilégio que muitas pessoas pagariam rios de dinheiro para ter. Isso é uma dádiva. Estar vivo e respirando saudavelmente merece ser festejado. É por isso que tudo o que desejo é dançar, sorrir, ter uma festa com guloseimas e quiçá fogos de artifício.

Quando eu era uma menina, costumava sonhar com um avião escrevendo no céu "Parabéns Luna. Nós te amamos muito". Hoje se eu tivesse que escolher uma frase seria algo mais maduro tipo: "Chupa morte, ainda estou viva" ou "Obrigada Deus por escrever mais capítulos no livro da minha vida". OK talvez não seja tão maduro assim, mas isso preencheria meu dia com felicidade. Como eu disse às vezes sou apenas uma menina.

Mas se alguém enxergasse a minha alma entenderia que tive meus momentos infantis negados na fase que deveria ter aproveitado esse tipo de coisa.

Vejo o aniversário como algo primordial na vida de alguém. Não apenas outra data. É a minha data. A data que eu quero estar com todos aqueles que me amam ou se preocupam comigo e que contribuíram positivamente para esse ano em questão de alguma forma. Não tenho muitas pessoas que me amam, mas possuo as melhores que alguém possa ter.

Nana me ligou bem cedo e disse que tem uma surpresa que só receberei amanhã, o que é maldade dela, porque sou muito curiosa e ela sabe. Tia Yone me mandou flores e uma cesta de chocolate com dois ingressos para nada mais que o camarote do Teatro Municipal para ver a CIA Bolshoi com seu Ballet Russo. Ela está realizando um sonho de menina, pois sempre sonhei em ver o melhor ballet do mundo. Jô está planejando uma comemoração para nós duas.

Tudo poderia estar perfeito. Mas a mulher que me trouxe ao mundo, que cuidou de mim quando criança, a mesma que soprou meus machucados e deu beijos, aquela que passou noites acordada cuidando de mim quando tive febre, não me ligou. Todos me ligaram menos a minha mãe.

Diante disso, meu dia foi pra fossa. Ainda bem que eu tenho as melhore pessoas do mundo ao meu lado.

Saí com a Jô, fizemos compras, almoçamos com a Nana e fomos ao seu SPA favorito. Ela fez todos os funcionários cantarem parabéns pra mim, o que foi uma linda tentativa de alegrar meu dia. Fiz todos os procedimentos faciais e corporais. Obrigada Deus pela vida de quem inventou o banho de chocolate.

Saímos no fim da tarde com cabelos, unhas e maquiagem feitos. Jô havia planejado uma comemoração com nossos conhecidos, mas mudou os planos devido ao meu astral. Por isso vamos a uma boate maravilhosa comemorar.

Nasci dia vinte e nove de fevereiro, mas minha mãe alterou para o dia vinte e oito. Uma nova lei permitiu que eu fizesse a troca em meu registro, por isso é a primeira vez que comemoro oficialmente. Hoje é vinte e nove de fevereiro e caiu num sábado o que é um presente depois da semana de cão que tive entre trabalho e faculdade.

****

Depois de nos arrumarmos na minha casa, seguimos para a tal boate que a Jô tanto fala. Eu optei por um short preto de paetê com uma blusa branca. Bolsa e sandália azul royal. A Jô comprou o vestido mais lindo que eu já vi, ele é preto com mangas longas, todo transparente de renda com um forro amarelo bebê. Curtíssimo e com um decote em V que vai quase até o umbigo. Escolheu um Scarpin preto e bolsa preta.

Ele Vai Ser MeuWhere stories live. Discover now