Capítulo 17-Disfunção

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"Os verdadeiros analfabetos são os que aprendem a ler e não leem."

(Mario Quintana)

Ricco

– Eu te avisei Ricco– Lúcia grita consternada segurando uma revista de fofoca.

– Bom dia Lúcia. O que foi dessa vez? São seis da manhã. Hoje é sábado de carnaval. Você não dorme nunca? – esfrego os olhos na tentativa de me manter acordado.

– Sim eu durmo. Só hoje fui arrancada da minha cama de madrugada por uma enxurrada de telefonemas. Você tem ideia do tumulto que está se formando aqui em frente ao prédio? Eu te avisei Ricco. Se arruinar sua carreira é o que queria, conseguiu. – ela atira a revista com raiva em cima da mesa de centro da sala.

Sento-me no sofá e pego a revista, quando leio a manchete meu maxilar tenciona. Puxo o ar com força, mas o que vejo é mais forte que todo o meu autocontrole. A tal matéria finalmente saiu e não é simplesmente uma reportagem num canto de página. É a porra da capa cheia de difamação e com meu rosto estampado. Jogo a revista como Lúcia fez há alguns minutos, esfrego as mãos no rosto para me certificar que não esteja dormindo.

– O que nós vamos fazer agora?

– Nós? Boa sorte para seu próximo assessor de imprensa Eu vou continuar minha vida normalmente. Agora você, não sei e não quero saber.

– Como assim? Você vai pular fora quando mais preciso?

– Não. Eu vou saltar de algo que segue para um desastre. O que você precisa agora é de um milagre.

– Lúcia, por favor. O Sebastian não pode nem sonhar com isso. Nós temos que abafar essa matéria. Processar essa hija de puta – grito a última parte.

– Ninguém vai ser processado, eles possuem o que chamamos de liberdade de imprensa. Por isso eles fazem essas merdas. E por isso eu tenho um emprego, o qual eu amo e não vou jogar minha credibilidade no lixo por você. Não tenho filhos e nem marido só vivo para o meu trabalho e se eu vivo sem sexo acho que você também deveria tentar.

Olho em sua direção e peço por favor uma última vez. Ela estuda meu rosto por um tempo e respira fundo e revira os olhos por trás dos óculos balançando a cabeça como se estivesse em uma luta interior.

– Tudo bem. Eu vou continuar, mas... Você fará tudo e eu quero dizer tudo mesmo Ricco, que eu mandar. Não vai me questionar. Não saia do prédio só em caso de desabamento ou incêndio e mesmo assim me espere para tirarmos proveito da situação. Estamos em pleno carnaval e isso é bom. Podemos usar a nosso favor. Vamos esperar que algum jogador seja preso bêbado ou que um ator bata na namorada. Ricco é sério. Eu falo e você obedece sem titubear. Caso contrário, boa sorte com esse circo.

– Tudo bem, eu concordo. Será difícil convencer a Luna e o Hugo a faltarem ao baile do Copacabana Palace, mas darei meu jeito.

– Isso é outra coisa que devemos resolver. Se afaste dessa tal Luna.

– Sem chance.

– O que eu acabei de dizer? – seu tom é colérico.

– Sinto muito. Eu preciso de você, mas não existe uma ínfima chance de me afastar da Luna E se essa for sua melhor estratégia, por favor, pode se retirar – abro a porta para que ela saia.

– Tudo bem. Eu vou pensar em algo e depois te ligo. Não será fácil despistar os jornalistas. Por hora você está terminantemente proibido de se envolver em qualquer tipo de relação sentimental, sexual ou qualquer outro AL. Você não pode confiar em ninguém Ricco. Estamos entendidos?

Ele Vai Ser MeuWhere stories live. Discover now