Capítulo 3.

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— D-desculpa, Lia. – gagueja. – Mas eu não podia deixar de falar, ele só me trata com respeito agora por que sabe que sou cega.

— Mesmo assim, Anna. Eles são nossos clientes, você não pode trata-lós assim. – sua voz se altera.

Anna abaixa a cabeça, não queria e nem podia iniciar uma briga com sua chefe. Corria o risco de ser demitida, mas além disso não gostava de estar brigada com sua amiga.

— Ok, você tem razão. Me desculpa. – pede.

Lia suspira, massageando as têmporas.

— Anna, você já passou por muito hoje, é melhor ir para casa.

— M-mas...

— Anna por favor. – a mesma entristece. – Amanhã você volta, vai estar mais calma, mais tranquila. – sua voz já estava calma.

Anna assentiu, se sentindo triste. Ela só queria ser tratada de forma igual, como todos, e não merecer respeito só por que era cega.

— Ok. – a morena passou por ela, não querendo ouvir mais nada.

Ela caminha rápido até os fundos, tomando o máximo de cuidado para não esbarrar em nada. De longo Max sente sua chegada, balançando o rabo eufórico. Anna acaricia seu pelo, o abraçando.

— Vamos embora, Max! – ela segura sua coleira, a desprendendo do gancho na parede.

Max lambe as mãos da sua dona, arrancando um sorriso de seus lábios.

— Só você pra me fazer sorrir, Max. – sua voz é carregada de tristeza.

O fato de ser tratada com pena pelos outros e deixava triste. Seu sonho era conquistar o respeito dos outros como qualquer um, não por uma deficiência.

— Anna! – Luke a chama carinhosamente, ela se levanta, se virando para o amigo com um sorriso fraco.

Ele caminha devagar até ela, analisando sua expressão. Luke sabia como Anna ficava depois de ser olhada com pena pelos outros, ele odiava o fato de vê-la triste, gostaria de tornar um mundo melhor para ela.

— Esqueceu o sobretudo e seus óculos. – Luke segura sua mão, depositando os objetos na mesma.

— Obrigada! – sua voz é baixa, como um sussurro.

— Está tudo bem? Lia me disse que te liberou mais cedo pelo...

— Sim! – ela diz rápido, mais fria do que pretendia. – Não quero falar sobre isso.

— Tudo bem. – sua voz é tão suave e cheia de afeto. – Quer que eu te acompanhe...

— Não precisa. – ela veste seu sobretudo, desajeitada, obrigando Luke a ajudar, logo após colocando seus óculos. – Minha casa é aqui perto, você sabe. Vou ficar bem.

— Se cuida, de tarde passo na sua casa para levar os biscoitos que Calum separou pra você.

Anna sente o cheiro do loiro se aproximar, lhe envolvendo em braços fortes, mas com carinho e calor. Ela retribui o abraço, aconchegando sua cabeça na curva de seu pescoço, agradecendo por ter Luke ao seu lado. Ela o amava, ele era o melhor amigo que alguém poderia ter, e ela se sentia sortuda por isso. Luke respirava baixinho, ao ouvido de Anna, deixando a mais calma, levando embora todo dia ruim que estava tendo.

— Até logo, Luke. – Anna se afasta, deixando Luke triste pela falta de contato.

— Até, Anna. – Luke sorri, vendo a amiga ajeitar a coleira de Max em sua mão e sair pelas portas do fundo.

O ar frio bate contra seu corpo, lhe fazendo encolher no lugar. O rua parece estar bem movimentada, havia vários barulho de automóveis, pessoas conversando, alguns cachorros latindo, ela podia ouvir pássaros cantando e o apito do guarda de trânsito.

Anna nasceu e cresceu em Londres, neste mesmo bairro, tendo que aprender desde de pequena como andar pelas ruas. Por ali não havia grandes mudanças e sempre que ocorria, Luke a avisava de tudo, deixando as coisas mais fáceis.

Max a guia pelo mesmo caminho calmo de sempre, caminhando devagar entre as pessoas. O Golden Retriever foi treinado quando ainda filhote para ajudar a dona em tudo que precisasse.

O barulho das demais pessoas dificultava se concentrar em alguma coisa, nas Anna podia ouvir os passos rápidos e firmes atrás de si, perto o suficiente pra saber que não se tratava de apenas um pedestre. Ela tenta se acalmar, imaginando que possa ser Luke, porém não era seu cheiro, Anna o reconheceria.

— Pois não? – pergunta assim que ouve passos e sua respiração ao seu lado.

— Podemos conversar, Anna? – a voz de Niall soa através dos seus tímpanos.

A Importância dos MomentosWhere stories live. Discover now