Capítulo 12: No cumprimento do dever

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Entendi e não gostei. Meus desejos são bem ecléticos, mas ela não me inspirava atração nenhuma. Cheiro, postura, aparência, atitudes, nada nela me agradava. Mas para ela era não era questão de prazer e sim de protocolo. E fundamental. Suspirei.

Quase todas as vezes em que eu transei foi por tesão legítimo, combinado ou não com ingredientes como amor, amizade e curiosidade. Algumas vezes eu me dei sem tanta vontade porque alguma pessoa querida precisava demais ou pela oportunidade de aprender ou ensinar alguma coisa. Mas só dessa vez eu tive de trepar por dever e por necessidade política. Espero nunca ter de repetir a experiência.

"Chiuknawat, me ajude", rezei em silêncio à minha deusa, enquanto despia o saiote. "Essa gente precisa da nossa ajuda para escapar da morte e da escravidão e preciso fazer isso para conquistar a confiança deles. Excite-me a volúpia, senão eu não consigo".

"Querida", pensei ouvir. "A perversão da qual você precisa não está em nós, mas Raan nos deve alguns favores. Peça-lhe em meu nome e ele atenderá".

Fiz como ela disse e algo de fato aconteceu. Fui tomada por uma tara como nunca sentira antes. Não pelo prazer e pelo jogo dos afetos e da descoberta, mas por poder e mando. Se Tawala queria uma dominadora, ela a teria. Comecei a ficar melada.

Soube exatamente como fazer. Despi-me completamente, soltei o cabelo e me pus de quatro, de costas para ela, de cabeça baixa. Na sua mentalidade, isso não era um gesto de entrega, mas de supremacia, a certeza de que ela não se atreveria a me fazer mal, assim como um amo não receia mordida de uma escrava obrigada a lhe chupar o pau.

Por entre minhas pernas, eu a vi se pôr de quatro, tímida e hesitante. Avançava e recuava, como se tivesse medo de que eu a machucasse. Sussurrei para ela, maliciosa:

– Vem, machinho, vem ser comido por uma fêmea de verdade. Seu pau é meu para eu fazer como quiser. É só para isso que você serve, para dar a piroca, não se iluda. É a sua verdadeira natureza, no fundo você sempre foi um machinho querendo dar a pica, pare de fingir e se entregue à sua senhora, você é só um brinquedo...

Não era maldade, eu falava ao desejo dela. A necessidade sexual mais profunda de certas pessoas sobrecarregadas é esquecer suas responsabilidades, entregar as decisões a quem, por um momento, faça delas gato e sapato, as deixe esquecer sua imagem e importância e ser mero objeto de prazer. Era o caso de Tawala. Debaixo do couro grosso e malcheiroso e por trás da arrogância de matriarca estava o desespero por tentar encontrar um caminho para salvar seu povo neste mundo confuso e estranho. Ao humilhá-la, eu a aliviava tanto quanto me excitava.

A inspiração veio de um prostituto com quem tive um caso. Tacelel, um rapagão divertido, de boa pinta e bom pinto, que nas horas de folga gostava de estar com mulheres com quem pode se portar como um homem igual aos outros. Ele me contou o segredo de seu sucesso com altos funcionários do governo imperial. Eles e elas queriam ser puxados pelos cabelos, chamados de bichinhas e putinhas e forçados a lamber-lhe os pés, dar o cu rebolando ou fazer como ele mandasse. Ficavam imensamente gratos por tirar férias de si mesmos.

Ela deu a volta, agachou-se, exibiu o pinto duro e eu o lambi, abocanhei, chupei e dei uma mordidinha de leve, para lembrá-la de quem mandava ali. Ela ficou aterrorizada, mas não ousou protestar. Alisou-me cautelosamente, deu a volta e por fim, criou coragem para me montar. Ela devia pesar quase o dobro de mim, mas sou uma mulher forte. Começou a esfregar cautelosamente a vara na minha barriga, como se quisesse me penetrar pelo umbigo. O ritual entre elas é apenas simbólico, pois é fisicamente impossível uma hienina penetrar outra. Mas depois de chegar a esse ponto, eu não estava disposta a deixar as coisas pela metade.

– Nada de frescura comigo! – disse a ela. – Você é meu machinho e vai dar tudo! – Peguei a ponta da verga dela, da grossura de um caralho humano e um tanto mais comprida, meti na minha buceta e comecei a massageá-la e torcê-la, a lhe aplicar o beijo atlante. Ela não esperava por aquilo. Começou a tremer e gargalhar, avassalada por sensações desconhecidas e pelo prazer brutal de se deixar usar e ser obrigada a gozar como um macho. Teve um orgasmo violento, mas não a libertei, dei-me o prazer de fazê-la gozar de novo e esgotá-la até se deixar cair sobre mim como morta.

Esperei pacientemente ela se recuperar, levantei-me e nos sentamos no chão, olhando uma para a cara da outra. E então gargalhamos juntas até correrem as lágrimas. Até que o impulso se esgotou e pude parar e lhe dizer:

– Tudo bem, agora podemos conversar a sério, suponho.

Uma vez superadas as tensões e as questões de protocolo, Tawala se mostrou bastante inteligente, perfeitamente capaz de explicar as agruras de seu povo em Ikinava e de entender a situação política geral da cidade e de suas relações com o Império. Não estava em meu poder ajudá-la diretamente e fui falar à minha mãe. Tjurmyen não tinha, naquele momento, um cargo oficial, mas era a melhor diplomata da Comuna e o Conselho sempre a encarregava das missões mais complicadas e ouvia suas opiniões. Fiz-lhe um relatório oral sobre o caso e incluí, é claro, a maneira como superei a dificuldade encontrada pelos contatos anteriores. Ela ficou pálida e tapou a boca com a mão. Não era só um gesto de espanto, era ânsia de vômito.

– Ai, Pin-ar! – É como me chamam em família. – Admiro sua coragem. Receio não ser capaz de fazer o mesmo, por muito que esteja em jogo...

– Não se preocupe, mamãe. – Abracei-a. Ela passou por coisas horríveis na infância. Superou na maior parte, mas continua a ser sexualmente tímida, exceto com minha madrinha e, às vezes, com papai. – O que fiz basta para definir a relação entre ela e nós. Como minha mãe, você é superior a mim e a ela, não é preciso provar mais nada. Você só precisa... hum... dar uma cheirada na piroca dela. É o protocolo. Pode ser?

– Acho que sim... – Torceu o nariz. – Está bem, vou ver o que posso fazer.

Para resumir, ela conseguiu mediar um acordo com o Casal Imperial. O governo imperial concordou com suspender a caça indiscriminada aos hieninos, com a condição de estes não invadirem terras cultivadas pelos colonos, não atacarem seu gado e pagarem um tributo ao Império na forma de serviços prestados como guias, batedores e escoltas de expedições de caça e exploração. A Comuna ganharia um pequeno benefício indireto com a abertura de novas rotas comerciais para o interior de Ikinava.

Além disso, o povo dos hieninos, como um todo, precisa prestar vassalagem formal à Casa Imperial. Eu me pergunto se a chancelaria imperial sabia da encrenca na qual colocou suas diplomatas ao incluir essa cláusula no tratado.

As Posições da MissionáriaWhere stories live. Discover now