Capítulo 5: Os primos maiores dos faunos

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Os ohans, taurinos ou minotauros, são os primos maiores dos faunos. Bem maiores. Um macho adulto é mais de três cabeças mais alto que um homem médio. Dividem-se em duas estirpes, Astérion (chifres de auroque) e Achimi (chifres de búfalo). Cauda, pernas e pelo são bovinos, como era de se esperar. Um falo de macho é quase tão longo quanto o de um sátiro e mais grosso na base, pois tem forma de cenoura, mas é menos desproporcional em relação ao tamanho do dono. As fêmeas têm tetas quádruplas.

Tive poucas amizades entre eles, salvo pela família do gerente da Taverna da Hortelã. Quando estive na Sarna, muitos minotauros eram separatistas contrários à nossa proposta de integração e a maioria dos outros não queriam contrariá-los. Assim, meu contato mais íntimo com eles veio a ser quando um Achimi comandou um grupo para tumultuar uma das nossas festas de confraternização e lhe dei um chute de ponteira no saco. Tem o efeito de uma boa joelhada em um homem, mas trate de não errar.

A avó de uma namorada da minha adolescência se gabava, porém, de ter trepado com um minotauro. Vale a pena contar a história, mesmo se é de segunda mão.

Geluyn talvez seja a mente mais brilhante que já conheci. É uma mugal miúda, mas prefere se vestir à maneira senzar, de calças largas e peito aberto. Ela é míope e por isso usa óculos de lentes redondas de berilo, lapidadas e polidas por ela mesma. Receia tentar curar-se com magia, porque algumas vezes esta fracassa e deixa a vista pior. Ela não se atreve a correr esse risco, pois suas paixões são a alquimia e a tecnomagia e precisa ler aos montes e examinar defeitos em cristais, substâncias e pequenos mecanismos com lupas.

Os pais dela têm uma loja de acessórios sexuais bem sortida no bairro dos Prazeres, onde também vendem livros e peças de arte erótica. Assim como eu, Geluyin ainda estava na escola, mas os ajudava quando tinha tempo. Minha mãe, colecionadora de gravuras do gênero, a conheceu na loja, ficou encantada com seus interesses e a convidou para ser sua aprendiz quando quisesse. Eu a conheci e para nós duas, foi tesão à primeira vista.

Depois das retortas e engrenagens, seus entretenimentos favoritos são os brinquedos sexuais. Não tenho jeito com eles, mais me atrapalham do que me ajudam. Mas quando alguém com habilidade quer usá-los em mim, não faço objeções. Geluyn, além de ser mestra nisso, inventa bolinhas vibrantes, roscas giratórias, longas línguas serpenteantes, bocas chuponas e pintos capazes de crescerem e se mexerem sozinhos. Nós nos trancávamos no porão para os gritos e risadas não incomodarem a vizinhança quando eu experimentava suas novidades e lhe dava sugestões, ou tentava nela técnicas novas com meus tentáculos mágicos. Éramos uma dupla bizarra e nos divertimos muito.

Um dia, os pais dela estavam viajando e Mithaey, a avó de Geluyn, veio nos fazer uma visita ao fim de mais uma tarde no laboratório para nos trazer uma bela merenda da famosa cozinha do Glicínia Suspensa, o bordel onde ela trabalhara e ainda morava. A velhinha era uma prostituta aposentada, mas não uma qualquer, era uma recordista. Tinha passado o rodo em mais gente do que qualquer outra profissional desde que os bordéis de Atlântis começaram a fazer registros sistemáticos, o suficiente para povoar uma capital de província.

Sentamo-nos para dividir os petiscos deliciosos e ela começou a nos contar um caso.

– Já contei para vocês de quando eu comia um minotauro?

Geluyn riu, entre divertida e embaraçada:

– Vovó, você está tentando ver se consegue escandalizar duas safadas como nós? Não precisa inventar histórias, você já viveu tantas...

Mas eu lia mentes, percebia não ser fanfarronada e fiquei interessada.

– Luyn-xin, ela fala a verdade, eu sei. Por favor, Mithaey-bã, conte.

Minha namorada ficou surpresa e apesar dela mesma, um pouco chocada, mas se esforçou por ouvir sem prejulgar.

Como muitas colegas, Mithaey reforçava no picadeiro do bordel os ganhos do serviço de praxe. No caso dela, contracenava com um amigo, um Astérion livre de pelo negro, e dividia com ele sua parte da receita, enquanto metade ia para a casa. Resumo o seu depoimento.

"Variávamos as marcações, os improvisos e as piadas, mas a música e roteiro eram sempre os mesmos. Minha carinha de menina, meu tamanhico e a depilação me davam a aparência adequada para interpretar uma virgenzinha apavorada e vestida de noiva, oferecida ao monstro vingativo em nome da paz da aldeia. Minha cabeça mal chegava a seu umbigo.

"Eu fazia que tentava fugir e ele me agarrava. Eu implorava piedade e ele zombava, me perseguia e me despedaçava a fantasia de papel crepom até me deixar pelada. Era meio dança, meio farsa, meio luta fingida, imagine, luta entre eu e um gigante daqueles.

"O público, uma maioria de homens, mas também mulheres, aplaudia e assobiava a cada lance. Então ele tirava a tanga e me mandava masturbar e chupar o pau dele. Se gostasse, dizia, talvez me deixasse ir.

"Eu me fazia de ingênua, obedecia e acariciava de pé o pau caído entre meus peitos. Aos poucos ele se empinava até eu, desesperada, ficar na ponta dos pés e depois procurar um banquinho para poder subir e alcançá-lo com a boca, a baba dele escorrendo sobre mim.

"Então ele enlouquecia, mugia, me jogava em cima de uma mesa, espumava de fúria, abria-me as pernas e metia na minha buceta. Eu berrava de medo como leitoa no matadouro. Como entrava em mim a parte menos grossa, de fora a jeba parecia ainda maior do que era.

"A essa altura, os espectadores baixavam as calças ou subiam as saias e se masturbavam ou fodiam uns aos outros nas arquibancadas. Ele tomava cuidado para não me machucar de verdade ao me sacudir. Eu fazia que aos poucos começava a gostar, até gozar como louca e pedir mais. A plateia esporrava, aplaudia e pedia bis.

"Nós os atendíamos. Mas então o minotauro estava cansado e era eu quem o queria, corria atrás dele, tentava puxá-lo pelo rabo e cercá-lo, dando voltas pelo picadeiro até eu encontrar uma corda deixada num canto e lhe jogar um laço como se eu fosse uma vaqueira. Então ele se rendia. Fazíamos um balé erótico, no qual eu lhe alisava e beijava a pica até deixá-la de novo no ponto. Culminava com uma marcha nupcial bem sacana e uma foda mais quente ainda e desta vez eu gritava de prazer e lhe dizia para trazer os irmãos e os primos, pois eu queria comer a boiada inteira. O povo melecava de novo as bancadas e morria de rir".

Geluyn não soube o que dizer e confesso que também eu fiquei meio perturbada. Ainda hoje, não sei bem o que pensar. Todos sabiam ser uma farsa e ninguém se feria. Mas será que isso não reforça preconceitos e fantasias perigosas? Ou os purga e ridiculariza? Depende da pessoa, suponho. Mas eu não faria isso. Sério. Posso me imaginar trabalhando como puta, se fosse necessário por sei lá qual motivo, mas nunca dando um espetáculo como esse.

As Posições da MissionáriaWhere stories live. Discover now