Capítulo 3: Dona do meu nariz

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Voltei a mim deitada, pelada, sozinha e toda melecada de esporro de fauno, largada em um canto qualquer das ruínas e fula da vida. Como assim? O cafajeste me deixou aqui?

– Kernun! – Gritei, quase chorando de indignação.

Ouvi um assobio e um chamado:

– Vem me pegar! Quem tocar a bunda do outro primeiro faz com ele o que quiser até o fim!

Ah, ele queria brincar de esconde-esconde? Isso era diferente. Sorri e fui atrás,mas estava grogue demais para me orientar no labirinto escuro. Paredes e pilares me pareciam todos iguais. Então eu o ouvi atrás de mim, fugi e me perdi. Cada sombra, cada ruído me sobressaltava. Afligia-me quando pisei em um lugar de onde manava água e dei-me conta de estar agoniada de sede. Prostrei-me no chão e pus-me a beber da poça feita uma cadela, disposta a deixar Kernun me tomar como quisesse. Nada aconteceu, mas a água fresca me clareou as ideias e a joguei no rosto e cabeça para me desanuviar. Voltei a mim e me lembrei quem era, o que queria e do que era capaz.

Estiquei-me, firmei os dedos nas fendas entre as pedras, escalei a parede e me pus de pé em cima do muro. Olhei ao redor, caminhei e saltei sobre os muros de pedra, silenciosa como uma pantera ao caçar um veado, até ver os chifrinhos. Ele não me percebera e olhava por uma esquina à minha procura. Desci devagar, saltei por trás e o derrubei.

– Peguei! – Proclamei, excitada. Enquanto ele estava atordoado, fiz o que ele pretendia fazer se me surpreendesse. Tive vontade de criar um tentáculo, mas receei amedrontá-lo demais. Enquanto lhe segurava a coxa com a direita, melei os dedos da mão esquerda na minha xereca ensopada e meti o indicador até o talo. Ele se contraiu de susto como para me expulsar, mas era pôr tranca depois da porta arrombada. Fiquei firme.

– Relaxe e aproveite, gostosão, eu ganhei!

Ele foi um bom perdedor. Abriu as pernas, afrouxou o aperto e me deixou fodê-lo à vontade, com uma mão melada no cuzinho, outra na pica e umas mordidinhas no rabo. Começou a dar estocadas bruscas e involuntárias no ar e eu tive de acompanhá-lo. O jogo ficou um pouco bruto, mas ele não reclamou até esporrar longe, com um balido estridente.

Enquanto tremia, eu o abracei e acolhi por trás, como ele me fizera antes e respirei com cuidado para dosar o quanto aspirava da sua emanação estonteante. O suficiente para me embriagar e ter meus próprios estremecimentos de prazer sem perder o juízo.

– Deite-se de costas – Sussurrei, quando o senti pronto para outra. – Vou te chupar o pau e trate de me lamber essa xoxota cheia da sua porra.

Fiz bom uso de minha habilidade de engolidora de espadas, na variante reservada para exibições íntimas. Traguei-o inteiro, enquanto ele fazia sua parte. Como das outras vezes, a brincadeira logo ficou agitada, mas consegui levá-la até o fim sem largá-lo nem mordê-lo. Poderia ter engolido, mas dividi o brinde com um beijo. Ele parecia gostar da novidade de receber ordens, talvez nunca tivesse experimentado.

– Agora de frente, sem truques e quieto! – Sentei-me outra vez na pica, ele sentado, de pernas esticadas, segurando minha bunda. Segurei seus ombros a uma distância medida. Com machos, é a minha posição favorita. Consigo ordenhar, sugar e expelir o pau à vontade com a vagina, é gostoso para os dois e vejo as caras que fazem. Quando ele não pôde mais se segurar, eu estava pronta. Dei uma boa espremida no pau, senti o latejar e gozei junto com ele. Espirrei porrinha e ele ficou surpreso, pois nunca vira uma fêmea fazer isso. Gostei de saber que eu era tão bizarra para ele quanto ele para mim.

– Como você se portou bem, vou deixar você me enrabar. Não é o que você queria? Mas primeiro vai lamber direitinho como fiz com você e me atiçar com o dedinho.

Na verdade, eu estava com a xoxota cansada e dolorida e queria variar. Claro, dar o cu na posição de cachorrinho é para principiantes. Mandei-o ajoelhar e me suspender as pernas para o ar, por cima dos ombros e me fazer de galinha assada para me lamber. Depois eu mesma segurei as pernas para ele brincar no meu buraquinho com um e dois dedos lambuzados em meus próprios fluidos. Quando me dei por satisfeita, melequei o pau dele com minhas secreções, apontei-o para o meu cuzinho, convidei-o a entrar e me segurei nas coxas dele. Forçou um pouquinho, mas depois correu tudo muito bem. Toquei outra siririca enquanto ele se divertia e gozei bem, mas já me sentia cansada e lhe disse para pararmos.

– Por favor, só mais uma, depois descansamos! – Suplicou ele.

Uma artista amável volta ao palco se a plateia pede bis. Fizemos uma variação anal da minha posição favorita, sentada sobre as coxas dele e de frente para ele, desta vez segurando nos cascos e não nos ombros. Não sou tão hábil a trás quanto na frente, mas ele não se queixou.

Pedi trégua. Enquanto eu me esticava, ele deu um pulo aonde deixáramos nossas coisas e me trouxe as sandálias, o saiote e um pote de água fresca, da qual eu estava mesmo precisando. Deitei de lado e ele me aconchegou. Senti o pau ainda duro e propus:

– Estou cansada para colaborar muito, mas se quiser, pode me pôr atrás de novo.

Não foi preciso dizer duas vezes. Dessa vez, eu apenas me entreguei. Deixei-o regalar-se e caí no sono após o orgasmo, com o pau dele ainda no cu. Sonhei passear entre flores em forma de caralhos e ver bucetas voadoras a procurá-los como borboletas, mas dessa vez não foi alucinação, apenas minha imaginação fértil.

Acordei com a aurora, ainda aquecida pelo corpo peludo de Kernun. Lembrei-me do compromisso no meio da manhã. Precisava de um banho, com urgência. Quando fui me levantar, tudo doía. Deixei escapar um gemido.

– Você está bem? – Perguntou ele, genuinamente apreensivo, ao fazer o nó da tanga.

– Sinto-me como quem levou uma surra de vara. – Parei de amarrar as sandálias para rir de meu próprio trocadilho. – Mas estou inteira. Vou sobreviver.

– Desculpe-me se exagerei, mas nunca uma fêmea me excitou tanto. E você estava sozinha. Sempre me procuram em três ou quatro, pelo menos.

– Tudo bem, eu sabia no que estava me metendo. Bom, mais ou menos. Da próxima vez, não tente me baratinar. Topo quase qualquer parada, mas quero saber o que faço.

Fui ao banho público e me lavei bem, mas não me livraria tão logo do cheiro de fauno. Não entre soans, cujo olfato é bem mais sensível que o nosso. Não me surpreendi quando a reunião acabou e meu mestre, o homem-chacal Anpu, me perguntou:

– Como vai Kernun-pu? – O tratamento indicava que o conhecia, mas não o tinha como amigo.

– Vai bem. – Sorri. – Melhor do que ontem, quero crer. Então você não só sabe o que fiz, mas com quem?

– O rastro dele é inconfundível. Bem, é uma boa escolha para uma humana atraída por eles, suponho. Um sujeito solitário, mas decente.

– "Decente" não é a palavra que eu usaria, mas é gentil e tem bom coração. Será que não o conseguiríamos trazer para nosso grupo?

– Se quiser tentar, esteja à vontade. Ele é arredio a cooperar com outros soans e se acostumou a não precisar deles, faz artesanato em latão para vender a humanos. Mas talvez se interesse por alguma atividade se isso lhe der mais oportunidades de contato com humanas...

Pela primeira vez, senti ciúme e tesão reprimidos em Anpu e fiquei admirada. Como ele sabia que eu sou telepata, tentava não pensar nisso, o que, é claro, só tornava seu conflito mais perturbador para ele e mais evidente para mim.

Dias depois, um Pã de chifres longos que estivera na reunião me abordou na taverna. Anpu não fora o único a farejar minha aventura e usar a imaginação. Esse fauno apostara com amigos que me faria esquecer Kernun, mas não gostei dele. Quando eu me levantei, ele me segurou e esfregou a mão carregada de cheiro nas minhas fuças. Fiquei zonza e melada, mas furiosa. Agarrei-o pelo braço e atirei-o sobre meu ombro para cair de costas sobre a mesa mais próxima, divertindo a clientela. Ele nunca mais me apareceu e fiquei feliz comigo mesma. Afinal, eu ainda era dona do meu nariz.

As Posições da MissionáriaWhere stories live. Discover now