- Todos - Sussurrou. Sam não sabia porque sussurrava. Não sabia porquê estava agindo daquela forma. Não era ela, ela não tinha aquela mania. De alguma forma estava vendo o que outra pessoa viveu, mas como se fosse ela.

- Sua família? - A mulher inquiriu, anotando algo no caderno

- ... Sim - Sussurrou

- E o que eles fazem lá?

- Eu não sei - Respondeu de imediato, erguendo minimamente o maxilar, fazendo desenhos imaginários em uma das mãos com o indicador.

A mulher parou de escrever, erguendo os olhos penetrantes e atentos novamente, dessa vez esticando o braço para o lado, onde sua bolsa estava apoiada em outra cadeira, pegando um óculos de lente larga, sem aros por baixo, o puxando e colocando cuidadosamente depois de abri-los.

- Eles falam com você? - Perguntou, depois de voltar a apoiar um dos braços no outro que segurava minimamente o caderno em cima do joelho.

- Não - Respondeu.

- Olham para você? - Insistiu.

- Olham - Respondeu, erguendo suavemente o ombro e tombando a cabeça ligeiramente para o mesmo - E me chamam para ir com eles

-
Sam

Quando acordei aquela manhã, a casa estava agitada com os preparativos da viajem.
Logan ajudava a mãe a tomar café (por mais que ela dissesse que não precisava de ajuda, não conseguia comer sem deixar metade do que comia pelo caminho).

Arya terminava de arrumar a mala. Disse que chamara Agatha para avisa-la da viajem e se desculpar por não poder levá-la junto. Ela já estava a caminho.

Nesse momento eu acabo de dobrar uma camisa simples, a guardando na mochila pequena. Não tinha muita coisa, e iriamos passar apenas uma semana no lugar. Pelo que entendi, ficaríamos em uma casa dividindo-a com a família, proprietários da mesma. Sairia mais em conta, uma vez que a ajudaríamos nos mantimentos.

Eu nunca havia feito algo parecido. Viajara poucas vezes, mas as suficientes para amar. Obviamente eu sentia falta de minha mãe. E do meu pai que não parecia mais ser aquele que deixou saudade.

O ódio que eu sentia não podia ser exprimido em pensamentos ou palavras, a não ser que as pessoas sentissem comigo, o que era cientificamente impossível.

Mas eu me sentia mais racional. Mais forte. Talvez fosse verdade o fato de que a dor será minha maior mestre nessa vida.

**
Narrador

Arya larga a garrafinha de suco em cima da mesa ao ouvir a campainha, denunciando a chegada de Agatha.
**

- ... - Júnior não tinha outra reação além de ficar examinando o pai, quieto. A desconfiança se lia em seus olhos, e o homem sabia daquilo. Sabia que não seria fácil falar com o mesmo e nem ganhar sua confiança. Talvez fosse um jogo precipitado, mas o homem era ganancioso e ansioso.

- Filho, olhe só para você... - Sua voz de dor falsa soou pelo sótão.

- O que faz aqui? - Recebeu como resposta.

- ... Eu queria vê-lo! Meu filho, não sabe como dói - Disse, com a feição se contorcendo levemente em amargura cínica.

- O que? Me ver morto? - Pianista devolveu naturalmente. Mas algo mudara... as pequenas mãozinhas se cerraram fortemente à palavra "morto". Ele ainda odiava aquilo. Ele ainda sentia a ira. Talvez por aquilo que metade dele fosse mau.

- Sim, criança - O homem devolveu, baixinho - Você tinha de estar vivo conosco. Cuidando de sua irmã. Feliz. Seria um homem como eu. - Jogou a provocação em forma de lamúria.

Tem Alguém Ai? - Volume 3Where stories live. Discover now