Promessa

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Somos todos adultos suicidas gritando em desespero por nossas crianças desaparecidas.

**

A tempos o mundo roda sozinho

 É normal andar sem um caminho?

 Tem luzes naquelas cidades,

 era para ter sido feliz aquela tarde,

 enquanto o sol tentava achar sua outra metade.

 Era para termos corrido,

 em meios à risos,

 não poderíamos ter passado mais tempo?

 Eu via tudo aquilo refletido em seus olhos,

 você sorria mais que eles,

 até nos deitarmos na grama fria.

 Faz tempo que não somos aquilo,

 me diga o que acha,

 de soprar o que fora dito?

 Que poder tem o tempo,

 tempo maldito, que os leva embora,

 para o alto, para distante parar.

 Me diga do que acha de voltar,

 quero novamente segurar,

 enquanto a linha do chão decide um caminho,

 preciso percorrer enquanto rio,

 aqueles papéis ainda estão jogados, não é?

 Eles disseram,

 que nada do que fizéssemos valeria a pena,

 hoje vejo o quanto fizemos sozinhos,

 nas ruas escuras,

 ao brincarmos e juramos,

 que nada jamais nos mataria,

 porque o tempo não seria forte o suficiente.

 Então! O que acha de voltar?

 Faz anos,

 os papéis ainda estão pelo chão,

 as salas trancadas abafam os risos das crianças,

 eu só quero voltar,

 estou clamando, porque preciso ser ouvido,

 aquela rua anda parada,

 sinto falta de parar,

 como todos que fizemos,  para nunca mais continuar.

 **

 Sam

 Não houve muito tempo para alardes.

 Chegamos no hospital calados. Porque ninguém queria falar. E Júnior sabia. Eu sabia.

 Nos deixaram esperando. Para Arya, pareceu muito tempo. Mas ela tentava parecer normal. Algo a dizia, nada sairia vivo. E mesmo que saísse, não iria parecer.

 Foi minutos depois que Carlos, o pai da garota, apareceu com um bebê embrulhado nos braços. Percebeu os ombros da filha caírem ao não ver sua mãe.

 Ninguém falou nada pelo que pareceu um bom tempo. Eu nem percebi que Arya nos dava as costas, saindo do corredor. Um pouco depois Júnior ia atrás.

 - Ela não vai nos ouvir. Não vai ouvir ninguém. - Logan disse, baixo. Carlos olhava para o bebê. Ele sabia bem daquilo. Mas parecia querer fugir.

Tem Alguém Ai? - Volume 3Where stories live. Discover now