"Eu sou a secretária do Sr. Harris, ele está trabalhando muito esses dias, a esposa está grávida e está sem tempo, talvez possa me dizer o que está acontecendo e eu posso falar para ele. Ele não está atendendo ligações e se for urgente mesmo, você vai querer me dizer." —falei, esperando que desse certo, de qualquer forma, era verdade.

" Eu não sei.. É que... A Srta. Hastings não come à dias... Achávamos que ela estava progredindo mas agora ela simplesmente parece ter se transformado em outra pessoa. Ahm...O psicólogo falou que é porque está próximo da data do filho do Sr. Harris nascer e isso a deixa brava e angustiada. Isso já dura quase duas semanas e não conseguimos fazer nada, talvez o Sr. Harris possa vir e falar com ela?Amanhã?"

Meu estômago não aguentou tantas reviravoltas e acabou atirando tudo para fora. Não era bom lembrar daquilo,mas estava cavando a minha cabeça. Sorte minha que já estava ali no banheiro mesmo. Foi um passo para o lado e estava de volta ao lugar preferido. Era uma pena porque o jantar estava delicioso. O Sebastian havia feito. Podia ser um mentiroso de mão cheia, mas sabia cozinhar, o maldito.

Não havia decidido o que fazer em relação à ele, não contei, fiquei calada, nem consegui responder à moça do outro lado, ele ir até ela? Em que mundo eu permitiria isso? Mas primeiramente, foi nesse mundo que ele se permitiu não me contar que ela estava sob os cuidados dele. A ex esposa psicopata. Que agora estava em tratamento. Ele era responsável por ela.

Talvez ela não tivesse mais ninguém, mas talvez também não merecesse ter.

Minha barriga havia começado a doer e desconfiei que era fome ,uma fome estranha talvez ,ou apenas a raiva me sucumbindo de dentro para fora,mas passando a mão sob minha barriga encontrei um único ponto que doía. Acho que acabei batendo quando me joguei no chão, sem jeito, para vomitar.

"Desastrada!", minha cabeça gritava.

Acho que estava tudo bem. Não havia sido forte.

Ao tentar me levantar acabei derrubando algumas coisas da pia e não havia jeito, eu iria ficar ali mesmo. Ele tinha razão, mais uma vez, como sempre.

Queria ter pelo menos o meu celular agora, pensei bufando, derrotada.

A luz do quarto que a pouco tempo estava apagada foi acesa e eu fechei os olhos, prevendo o que estava por vir. Ouvi quando chamou, mas fiquei quieta, talvez ele devesse procurar um pouco.

Alexssandra! —a voz estava longe, por mais que o quarto fosse uma suíte, era grande e ele não sabia onde eu estava.

Talvez eu devesse ficar longe do seu celular e não atender. Mas não havia lógica nisso. Estava ocupado no escritório e o celular estava bem ali e eu costumava atender as ligações às vezes...Quando ele deixava o celular à vista. Ele podia ter me contado, havíamos prometido um ao outro contar tudo, tudinho. Por mais que eu não tivesse muito o que esconder, sabia que podia contar para ele porque...Porque eu confiava nele, porque eu o amava. Acima de tudo e eu não estava brava a ponto de chutá-lo e ir embora, mas estava magoada por saber que não quis me contar e essa magoa simplesmente... Me deixava puta.

— Estou aqui! —gritei de volta.

Ele correu. Ouvi os passos se aproximarem, ele abriu a porta e só parou para observar a situação.

Mas eu também parei para observá-lo. Os cabelos bagunçados, os olhos perdidos, o abdômen nu e a calça de moletom que me fez sorrir mesmo sem querer. Por outro lado ele observava as coisas pelo chão, a minha mão que acariciava o lugar que eu havia batido e o modo que eu estava sentada no chão, como se tivesse caído (?)

— Eu estou bem. —precisei falar, pois ele abria a boca e fechava sem saber o que perguntar primeiro: se eu estava bem ou se eu precisava ir ao hospital. — Estava me sentindo um pouco enjoada e corri para cá...

A Conveniência do CasamentoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora