Diego no País das Maravilhas!

Capítulo 17

— Por matar a Kendra dentro do seu carro.

— Ele é novo.

— Que pena.

Então pulei para o banco traseiro e agarrei os cabelos batendo a cabeça dela contra o banco do motorista, se eu tivesse sorte conseguiria quebrar o nariz dela.

***

— Tudo o que eu faço é para ajudar as pessoas, se eu sou assim é para mostrar a elas a vida de um jeito mais realista, mas todo mundo acha que eu sou perturbado, que eu sou encapetado. Acredita que semana passada o meu professor falou que eu devia comandar o inferno e não o Capeta? Fiquei chocado com tanta audácia, mas eu ameacei a explodir o carro dele com aqueles cachorros que ele tem dentro. Ele me denunciou para o Reitor, mas eu também denunciei ele, e também tem aquela horrorosa do curso de letras, tá que ela nunca me fez nada, mas ele é feia...

— Diego! — minha terapeuta me interrompeu. — Nosso horário já acabou a uma hora.

— Mas a senhora está cobrando a mais, então senta a raba ai, por que eu não terminei de falar.

— Mas eu terminei, tenho uma vida fora do escritório e um filho para cuidar, mas espero ver você aqui de novo na sexta feira.

Eu fiz cara feia para ela.

— Sexta eu não venho, tenho uma intervista de emprego.

— Olha que bom, pelo menos você vai se sentir ocupado e vai pensar menos na destruição mundial, mas como não vamos nos ver, que quero que você leia esse livro e me fale o que achou na próxima consulta.

Ela me entregou o livro.

— Frases de autoajuda? A senhora está brincando com a minha cara?

— Eu quero que você leia isso tudo, caso contrario não teremos mais essas seções.

— Isso é uma ameaça?

— É um aviso, terapia não é apenas vim aqui e falar sobre sua semana e os dias que você teve vontade de matar a Kendra, Samuel, Ruan e Alicia. Quero que dê uma parte de si para o tratamento.

— Odeio quando chama de tratamento, dá a entender que eu sou louco.

— As pessoas já acham isso.

— A senhora não é uma terapeuta muito boa — eu disse me levantando e saindo da sala sem falar com ela. — Teraputa.

Fui para o ponto de ônibus e resolvi ler um pouco daquele livro idiota, como se isso fosse me ajudar, gente eu não preciso de ajuda, eu preciso de um livro como ser menos fabuloso, rei, adorado por todos, invejado etc. Mas todos sabemos que isso não existe.

Me sentei no banco do ônibus e resolvi abrir a coisa.

"Viva simples, sonhe grande, seja grato, dê amor, ria muito!"

— Dê amor? O que esse ser humano acha? Que eu vou sair por ai distribuindo amor? Meu bem, para ter o meu amor a pessoa tem que merecer, eu hein. E ria muito? Como se eu paralisar os músculos do meu rosto rindo com quem não merece.

"O silêncio é a única resposta que devemos dar aos tolos. Porque onde a ignorância fala, a inteligência não dá palpites."

— HAHAHAHA, como se um dia eu fosse deixar a outra pessoa dar a ultima palavra! Eu sou Diego meu bem, eu sempre falo por ultimo. Onde ela arrumou essas frases? Em algum tumblr de frases feitas? Que coisa mais ridícula.

"Deixe pra trás o que não te leva pra frente."

— Concordo... Ai eu adoro esse livro — eu disse animado.

"Algumas vezes coisas ruins acontecem em nossas vidas para nos colocar na direção das melhores coisas que poderíamos viver."

— Estou um pouco emocionado... Quando eu chegar em casa, vou fazer um jantar maravilhoso para o Rafael e agradece-lo por fazer parte da minha vida. Gente esse livro é perfeito.

"Independente do que estiver sentindo, levante-se, vista-se e saia para brilhar."

— Minha frase, eu brilho mesmo... Eu tenho esse brilho que ofusca os outros seres humanos desse mundo inútil... Livro sábio esse.

Eu fechei o livro e respirei fundo.

Estava me sentindo mais leve, me sentindo outra pessoa. Como se aquele Diego nunca tivesse existido, como se fosse apenas uma lembrança obscura na minha mente. Meus olhos estavam até lacrimejando.

Quando eu olhei para o lado, vi que tinha um senhor me olhando estranho.

— Está olhando o que meu senhor? Nunca viu ninguém falando sozinho não? Eu hein, agora tenho que ficar sendo encarado por pessoas estranhas na rua, se continuar me olhando eu boto fogo no seu corpo. Que palhaçada.

"Pois é... Um novo ser humano."

***

Quando eu cheguei em casa, joguei o livro de lado assim como a minha mochila e fui correndo para a cozinha preparar o jantar surpresa para o Rafael. Claro se ele atrasasse não iria existir mais Rafael.

Foram duas horas preparando o jantar e arrumando a mesa. Estava tudo perfeito.

— Agora eu vou tomar um banho, ficar cheirosinho por que hoje tem... Ah se tem.  

Eu tomei um banho ouvindo musica, dancei um pouco e quase cai no chuveiro, nada muito de diferente na minha vida. Passei um perfume delicioso assim como eu, vesti uma roupa maravilhosa assim como e penteei meu cabelo de anjo.

— Hoje tem... Hoje tem... Hoje tem... — eu disse dançando no quarto e ouvi o barulho na porta da sala.

Me olhei mais uma vez no espelho e mandei um beijo para o meu reflexo.

— Amor?

— Estou indo.

Eu disse correndo até a sala.

— Oi Ninfeto — ele me deu um beijo.

— Oi amor...

— Que cheiro delicioso...

— Sou eu.

Ela de uma gargalhada e um beijo no meu pescoço.

— Eu estava falando da comida, mas você está mais.

— Sei que estou.

— Vou ir tomar uma banho e já volto para jantarmos.

— Vai sim.

Ele passou por mim e eu dei um tapa na sua bunda musculosa. Ele olhou para trás, deu um pequeno sorriso e foi para o quarto. Quando eu ouvi o chuveiro ligando, mais uma vez comecei a dançar na sala.

— Hoje tem... Hoje tem... Hoje tem...  

XXX

Ele com certeza é perturbado espiritualmente. Gente vocês gostam mesmo do Diego? Eu sou um pouco igual a ele e as pessoas costumam me julgar muito, quero ser amigo de todos vocês. Bom, espero que tenham gostado de mais um capítulo. De verdade.

Beijinhos nos corações.

♥♥♥