Capítulo 8

928 149 33
                                    

-ooOoo-


— DIEEEGOOOOOO — Rafael gritou da sala.

Revirei meus olhos e sequei minhas mãos com o pano de prato indo até ele.

— O que foi agora?

— Estou com fome... — ele disse me fazendo um biquinho.

— Rafael, pela decima vez você está com um braço quebrado e não aleijado. E outra, se não tem a perfeita capacidade de levantar um peso daquele, por que fez? Já viu seus braços? Os meus são são maiores que os seus!

Ele revirou os olhos.

— Eu sempre levanto aquele peso! Só que ontem eu não me alonguei.

— Claro, acredito muito no que você diz!

— Eu estou falando sério!

Eu revirei meus olhos e o deixei falando sozinho. Pude ouvir ele tropeçando na sala enquanto corria atrás de mim tentando provar para si mesmo que seus braços de palitos de dentes não fortes o bastante para segurar um peso.

— Olha, quando eu voltar para a academia, eu vou te mostrar.

— Claro, vai ser super rápido. Quanto tempo vai ficar com o gesso? Dois meses?

Ele ficou me olhando, mas depois olhou para os bolos e tortas que estavam em cima da mesa.

— O que é isso?

— São os bolos que eu vou vender. Depois eu vou fazer os doces.

— Posso pegar um?

— Claro, se quiser perder um dente.

— Já entendi. Você precisa estudar não é mesmo?

Ele disse mudando de assunto, mas ainda olhando para os doces que estavam em cima da mesa, por incrível que pareça, meu coração que não é nenhum pouco caridoso, ficou caridoso.

— Pode pegar um bolo.

Ele abriu um enorme sorriso como de uma criança que acabou de ganhar o melhor presente do mundo e aquilo me deixou estranho de alguma maneira, alguma maneira que eu preferi ignorar.

— Sobre o estudo, eu só estou esperando conseguir os meus documentos.

— Vai precisar de um responsável para assinar... Posso ser esses responsável — ele disse tentando abrir o potinho do bolo e aquilo estava me irritando um pouco, talvez muito.

— Vou mesmo, obrigado — eu disse indo até ele para abrir o maldito pote.

— Quer que eu vá na sua escola pegar a sua transferência?  

— Espero que eu consiga. Se bem que aquele diretor me odeia, diz que eu sou um ser das trevas, uma aberração ruim que se apossou do corpo do doce e inocente Diego... Eu realmente não sei o qual problema daquele velho...

Rafael que estava com a boca cheia de bolo de chocolate começou a gargalhar e mostrar o bolo que estava lá dentro. Não foi uma cena muito bonita.

***

Depois de muito lutar por uma vaga em uma escola boa, eu acabei indo parar na escola da Kendra. Ainda tentei implorar para o Rafael por uma escola boa, mas não deu muito certo. Mas eu estava quase no fim, esperar alguns meses, no caso 3, não ia me matar. 

Espero que não.

— Vai dar tudo certo.

Ele disse colocando a mão na minha coxa. Mais uma vez eu senti uma coisa estranha e dei um tapa na mão dele que retirou rapidamente, mas ainda senti o lugar formigar.

Diego no País das Maravilhas!Where stories live. Discover now