Capítulo XIV - Parte 2

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– É uma surpresa! E você também pinta algo para que eu possa guardar, sim?
Pensativa, imagino o que posso pintar para Kathy ter como lembrança de mim. A aula de pintura que tive com Ed me ajuda, e consigo desenhar o rosto da criança. Por fim, escrevo com uma tinta preta embaixo, "procure o amor". Espero, com todo o meu coração, que Kathy tenha uma boa vida, um marido amoroso e filhos queridos.

– Então, tia Celine... Terminou? – A pequena chama minha atenção.

– Sim, eu terminei. E você?

– Eu terminei. Jura que irá gostar e guardar o meu desenho, tia Celine?

– É claro, se você puder jurar o mesmo...

– Eu juro! – Ela confirma e me entrega o papel.

É outro desenho de mim e de Edgar, quem ela pensa ser meu príncipe. Estamos os dois vestidos de preto. E é lindo como o outro. Se ela soubesse o quanto o que escolheu para desenhar me afeta. Vou guardar isso com muito carinho.

– Tia Celine... Posso fazer uma pergunta secreta?

– É claro que podes, Kathy.

– Você ama seu príncipe, o de cabelo preto que estava ao seu lado naquele desfile?

– Sim, eu o amo! Porque?

– Eu vi duas tias falando que a princesa estava traindo seu príncipe, que gostava de alguém chamado Edgar. Eu não sabia disso. E você ama também esse... Edgar? Porque... Há como amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Eu fico mais pálida do que sou e meu coração quase salta do meu peito. O maior susto que já levei em minha vida. Engolindo o choro que vem eu questiono:

– Quem eram elas, Kathy?!

– Não conheço aquelas tias... Cuidam de crianças mais velhas... Mas elas estavam bravas!

Em desespero, mil cenas se passam sem minha mente, do que pode ter acontecido ou acontecerá. Eu sendo afastada de Edgar, sendo obrigada a casar com Fernando, e jamais vendo meu grande amor. Sendo expulsa de Dipertionis, e acusada de não possuir sangue real. Ou o casamento de Blair com o meu homem. Em um pulo, levanto-me. Ando rapidamente em voltas pela sala tremendo, chocada. O que devo fazer?! Temos de partir essa noite, ninguém tirará meu amor de mim! Tenho de partir com ele imediatamente. Tenho que voltar ao palácio! E se já descobriram?! Se não há mais tempo?!

– Titia, porque choras?! – Indaga Kathy assustada. – Eu falei algo de errado?!

Ela é a única pessoa, uma simples criança, para quem eu posso revelar meu segredo. Por isso, impulsionada pelo extremo desespero para ir embora de Dipertionis, e também do orfanato, para falar com meu Edgar e ver que ele ainda está lá, digo:

– Eu tenho de lhe dizer algo, minha bela menina – minha está voz embargada. – Nós não nos veremos outra vez. Não te visitarei, pois não poderia. Eu adoraria te ver todos os dias, entretanto não posso e sentirei tantas saudades! Gosto muito de você, é a mais linda e inteligente menina que já vi. Terá uma vida muito alegre. E... Sabe porque não poderei vir aqui?

Ela sussurra um "porque?" baixinho, triste e com olhar desanimado.

– O rei e a rainha desejam que me case com um príncipe falso! Tenho que fugir com meu príncipe verdadeiro, que amo muito, muito, muito. Fugir para um lugar longe, para viver feliz com meu príncipe. Você me entende, pois não? Um dia, terá um príncipe também! Ele será muito belo, carinhoso e encantador. Vocês também viverão muito felizes.

– Eu entendo, titia. Sentirei muito sua falta... – ela me abraça enquanto diz isso. – Eu terei mesmo meu príncipe...? Serei feliz como você será?

– Sim, você será. E não conte a ninguém, ninguém, sobre o que eu lhe disse. Diga, somente, que choras porque sente minha falta. Jura que guardará segredo?

– Eu juro tia.

Ela permanece em meus braços e eu acaricio os cabelos. Entretanto, meu coração está apertado. Meu Edgar... Preciso que Kathy guarda esse segredo até apenas essa noite. Dou um beijo na bochecha, fito seus olhos verdes e digo.

– Eu te amo Kathy.

– Eu também te amo, tia Celine...

Não me despeço de ninguém e corro afobada para a carruagem. A viagem de volta é a mais longa de minha vida, reconheço antes mesmo que ela comece. Se já tiverem descoberto sobre nosso romance?! Tenho certeza de que algum funcionário viu algo, contou a alguém e isso chegou aos ouvidos de alguém no Orfanato Avita. A fofoca, rápida como fogo, se alastrará e o povo se revoltará com protestos. Seremos afastados e castigados. Tento me tranquilizar, pensando que isso ainda não alcançou o ouvido da nobreza e da realeza, e que Ed estará no café da tarde. A angústia é horrível, nunca estive tão perto de perdê-lo. Eu repito para mim mesma durante aqueles minutos, que meu amor estará lá, fugiremos essa madrugada e tudo dará certo. Quando a carruagem para, corro até o palácio e ao primeiro funcionário que vejo, indago:

– Sabes onde estás o Príncipe Edgar?

– Estás com o seu noivo e a dama Blair, filha do duque de Parasent, no jardim, Vossa Alteza.

Tudo está normal, e eu respiro fundo. Temos de fugir com toda a pressa do mundo! Caminho para o café, que será angustiante, e apenas após dele poderei revelar o que descobri a Ed.

***

Oi, oi! Então, ESSE É O PENÚLTIMO CAPÍTULO! Como já disse o último tem 5k palavras, mais que o dobro de palavras que os capítulos normalmente tem. Eu estou BEM ansiosa para postar o final, e realmente espero que todos deem sua opinião. E mais uma coisa: só iria postar o próximo quando esse alcançar 100 visualizações. Por isso, podem divulgar se quiser, hehehe. Comentem como acham que vai ser o final e deixem uma estrelinha! Beijos no coração

O Céu de CelineWhere stories live. Discover now