Na manhã seguinte, caminho ao desjejum sorridente, e me deparo com Edgar solitário, tomando uma xícara de chá.
– Onde estão Mary e Henrique?! – Exclamo surpresa, na porta.
– Ocupados com algo importante, não questionei o que era.... E bom dia, Celine!
– Desculpe-me, achei estranho ver somente você nessa mesa grande. Bom dia, Edgar!
Estamos sozinhos, ele deve ter dispensado a criada por hoje. Ao escolher um dos salgados, encher uma xícara de chá e me sentar ao seu lado dele, uma ideia brilhante vem a minha mente:
– Edgar, vou lhe dar um apelido! É sério demais chamá-lo pelo seu nome inteiro o tempo todo.
– Hm... Nunca tive um apelido. E qual seria ele?
Penso por alguns segundos nas possibilidades e exclamo:
– Será Ed!
– É um apelido infantil! – Ele retruca rindo.
– Não, não é um apelido infantil, Ed... Invente um apelido para mim!
– Você já possui um apelido. E esse não será meu apelido!
– Será sim! E não possuo um apelido, qual é ele, então?
– "Meu bem" – ele afirma e eu deixo um beijo breve em sua boca.
– É um apelido lindo, Ed – eu falo sinceramente, acanhada. – Mais criativo que o meu.
– Eu permito que me chame de "Ed", também é um bom apelido. E eu odeio beijos curtos! – Eu rio, pois tenho vergonha de lhe beijar de verdade. – Agora, antes que me esqueça, qual é sua primeira aula a tarde?
– Será a tarefa de cuidar do jardim! Gostaria de se juntar a mim? – Falo esperançosa.
– Seria maravilhoso, entretanto, tenho uma atividade; uma aula de pintura. E quero que venha comigo.
– Mas... Mary ou Henrique autorizariam?
– Eles não iram verificar se foi ao jardim, meu bem.
– Acho que... Portanto irei, Ed! Tomara que nada dê errado. Em que sala será?
– Eu te guiarei, em seguida ao almoço.
E ele o faz. Almoçamos, com Mary e Henrique que retornaram do tal compromisso, e me traz a uma sala no segundo andar. Há tintas, papeis e telas.
– Boa tarde, Vossas Altezas. Estou tão honrado por poder ensiná-los! – O pintor diz ao nos cumprimentar.
– É um prazer ter aulas com vossa mercê, espero que não seja um problema hoje ter trazido Princesa Celine.
– Sequer pense nisso! É um prazer conhece-la, Vossa Alteza – ele faz a devida reverência. – Hoje irei instruí-los em técnicas básicas do desenho do corpo humano, o mais frequente em Amagiqué. Então, começaremos com o rosto! Peguem um pincel e uma tinta preta para cada um. E o primeiro passo é saber como segurar um pincel.
O professor é um homem espirituoso, que mancha suas roupas com tinta e grita "não, não, não" quando erramos. É incomum acharmos alguém que age dessa forma, que não nos trata como se fossemos de porcelana, por sermos da realeza. Ele me diverti. Depois das técnicas de rosto, nos instrui a pintar um corpo. Com muitas falhas, nos especializamos e no final de uma hora e meia, tenho êxito em pintar decentemente uma pessoa.
– Tenho certeza que vossas mercês serão grandes pintores! Incentive a arte em seu reinado, Príncipe Edgar.
– Com certeza o farei, senhor!
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O Céu de Celine
RomanceCeline era uma jovem solitária, filha do rei e da rainha de Amagiqué, e fantasiava com seu baile de apresentação (quando escolheria seu futuro marido) e com seu casamento, como fuga de sua grande tristeza. Faltavam três meses para que ela pudesse co...