Capítulo XI - Parte 2

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Eu saio do salão e Edgar logo aparece, e agarra meu braço, todavia eu continuo andando.

- Isso vai deixar uma marca! - Afirmo acariciando meu braço.

- O que ele disse, Celine?!

- Fernando? Ele não disse nada de relevante - eu caminho sem olhar para Edgar.

-Vi suas expressões! Ele lhe disse algo, mulher! Eu não sou estúpido! Pareço-lhe estúpido?!

Seu tom de voz cresce gradualmente e corro ao segundo andar, onde o barulho não será percebido.

- Não, não, não parece - falo ao estarmos afastados o suficiente, ele me segue persistentemente.

- Então me diga!

Agora simplesmente fujo. Corro no corredor, mas ele termina e não há outras saídas. Não tenho escolha, senão virar e contemplar Edgar possesso, exalando ódio com os olhos arregalados.

- Fale agora! Por favor, Celine! Fale!

- Eu, eu não fiz nada... Eu te contarei se me falar porque estava a me provocar!

- Desculpe, desculpe, desculpe - ele balbucia, angustiado para saber o que Fernando me contou. - Perdoe-me pelas grosserias e comportamentos agressivos, além dos ciúmes. Lidamos com a decepção de formas diferentes. Ele estava a te elogiar e eu estava alvoroçado! Agora diga-me?!

- Porque que esse relacionamento gera tantas decepções e tragédias? - Questiono tristemente.

- Diga-me, Celine! - Ele brada, seu rosto está vermelho. Eu nunca o vi tão enfurecido. - Só diga, logo! Diga!

- Ele é um dos meus pretendentes, Edgar - revelo sem grande enrolamentos.

Raiva faísca em seus olhos e ele, simplesmente, entra num quarto próximo, o trancando. Bato na porta algumas vezes, ouvindo barulho estranhos no quarto. Eu repito "Ed, ed, ed!", por alguns minutos, então eu digo que retornarei pra buscá-lo em alguns minutos e vou pra o salão.

- Onde está Edgar? - Fernando é o primeiro a perguntar.

- Ele já retornará - respondo apressada, e parto para dançar com outros rapazes que me convidam.

Os companheiros de dança são gentis e muito amáveis, contudo estou absorvida pelos últimos acontecimentos. Fernando, afinal, será um dos meus pretendentes. E será que meu Ed está bem? Algumas moças juntam-se a mim, questionando sobre como seriam os bailes reais em Dipertionis.

- Há centenas de pessoas... O salão em Dipertionis e o seis vezes o tamanho desse - eu explico, pensando em trazer Edgar e o vejo no outro lado do salão, está a dialogar com outros jovens, fazendo seu papel de anfitrião.

Mesmo que distanciado de Fernando, um dos meu três pretendentes, eu vejo que os olhos de Edgar ainda estão frenéticos e dá alguns olhares a ele, de puro ódio.

Quando a festa termina, depois de muitas danças e conversas, perguntas infinitas sobre nós e nossa terra natal, vamos todos para a cama. Aleluia. Eu e Ed nada falamos, estamos muito cansados e ninguém solta uma palavra. Nós abraçamos nessa noite que é a mais fria de todas em nossa viagem, e Edgar envolve seus braços em mim com mais força do que nunca.

*

O desjejum anterior a nossa partida de Parasent, é quieto. Estamos cansados, dormimos já na madrugada e despertamos cedo para a viagem. Edgar, de repente, com convicção afirma:

-- Fernando, infelizmente, Celine não está se sentindo bem hoje e acredito que seja melhor que ela vá na minha carruagem,

- Oh! Você está doente, Celine? - Fernando pergunta, alarmado.

O Céu de CelineWhere stories live. Discover now