Capítulo III - Parte 1

1.3K 162 65
                                    

Demoro-me no quarto na manhã que se segue. Estou apreensiva, Mary e Henrique podem ter se apercebido da minha ausência e de Edgar no banquete. France foi-se há algum tempo. Afirmei-lhe que estava tão cansada que me despi sem ajuda alguma e descansei num sono profundo na noite antecedente. Na realidade, Edgar me despertou de madrugada e voltamos aos quartos. Acredito que ele também tenha criado uma desculpa para seu lacaio.

Caminho devagar a mesa do café da manhã.

– Oi pai, oi mãe.

Eles recebem-me normalmente e retornam sua conversa, fico aliviada. Ninguém se apercebeu de nada! Sorrio a Edgar, comemorando nosso sucesso. Ele retribui piscando um dos olhos.

– Mamãe, eu poderia se juntar a Celine no cuidado do jardim nesta tarde? Gostei de fazê-lo na última vez...

Consecutivamente, sorrio pela segunda vez. Felizmente, Edgar parece desejar realizar suas palavras da noite passada, ser meu amigo, e isso me deixa contente. Essa possível amizade pode ser meu remédio, e sensação de solidão me conceda paz. Estou um tanto eufórica com a alternativa, no mínimo!

– Não terá aulas enquanto Celine cuida do jardim? – Questiona Mary, com seu jeito gracioso.

Não deixei de pensar nos boatos da minha real origem, evidentemente. Sinto-me muito indignada, Acredito em Edgar, e um dia terei a devida coragem de indagá-los. Se o boato fosse baseado em mentiras, porque não o trouxeram a uma conversa? Está no tempo de admitir a grande probabilidade de que não tenho sangue real. É horrível viver os dias com essa dúvida gigantesca e esse é um assunto que tento fugir diariamente, não quero pensar nisso.

– Seria a aula sobre a geografia de nosso reino.

– Então, infelizmente, tenho de negar a requisição. É de muito bom gosto que vossa mercê deseje conviver com a sua irmã mais nova, entretanto, deve cumprir seus compromissos.

Mary deseja um boa dia, relembrando-nos de nossas aulas e Henrique solta algum comentário sobre os estudos. Os dois partem para suas ocupações. Edgar revira os olhos enquanto isso, revelando sua revolta.

– Está tudo bem. Nós nos veremos posteriormente – conforto-o.

– Teremos aulas e reuniões. O filho jovem de um visitante juntara-se a nós na janta e terei de acompanhá-lo. Não teremos tempo disponível. Encontramo-nos em meu esconderijo, quando todos estiverem em seus aposentos!

– Estarei lá, portanto...

Conversaremos mais e terei a chance de entendê-lo melhor. Assim como os outros, ele parti para o seu dia.

A minha aula é de etiqueta para damas. Ao decorrer uma hora e meia, Sra. Ladine, dá-me dicas e ordens que uma dama tem de executar impreterivelmente. Concentro-me por poucos minutos, no início, e então meus pensamentos viajam a lugares remotos. Eu sei como me portar, afinal, nasci nesse ambiente.

– Portanto, com a vida matrimonial não muito longe, deve-se se acostumar a esses preceitos – disse Sra. Ladine no final da aula.

Hoje, vou novamente no Orfanato Avita. Não é o comum, fui a poucos dias, contudo, é a minha vontade. Lá, me empenho para que a distração não me domine e dedico a atenção a Betty, uma criança do orfanato que cuidarei pela primeira vez. Não é extrovertida como Kate e é mais nova, e por me desconhecer, sua timidez aumenta, porém, não por isso deixa de ser cativante.

– Pequena, o que gosta de fazer? – Luto para arrancar algumas falas de sua boca tímida.

– Eu não sei... – Gagueja e persevera em encarar o chão.

O Céu de CelineDove le storie prendono vita. Scoprilo ora