Daqui três semanas viajaremos, e daqui quatro semanas terei meu magnífico baile de apresentação. A cada segundo que se passa temos um segundo a menos na companhia um do outro. Por isso, perturbados pelo pouco tempo que temos, nos esforçamos para nos encontrarmos todos os dias. Cada curto encontro vale o esforço. Com esse pensamento, queremos ir ao Lago Parfait. Está a quarenta minutos de Dipertionis, e em todos esses anos, não o conheci. Edgar afirmou que eu deveria requisitar a permissão de Mary, já pediu nas vezes passadas.
- Onde está Sua Majestade, minha mãe? - Pergunto a uma criada, após Ed afirmar que esse seria um bom dia.
- Sua Majestade está em Leonlce com o Rei Henrique, Vossa Alteza.
Solto um resmungo, seria uma grande coincidência se Mary não estivesse ocupada. Caminho pelos corredores até meu quarto e esbarro com Edgar. Sorrimos e adentramos um cômodo qualquer.
- Falou com Mary sobre o lago, meu bem? - Ele fala, pondo a mão em minha cintura.
- Não... Ela não está em Dipertionis! No jantar de ontem estava entretida com os convidados. No almoço falou que nós nos falaríamos a tarde, pois estava conversando sobre um assunto relevante.
- Isso é um absurdo! Eles nunca nos dão atenção! - Ele exclama.
- Eu sei, eu sei! Isso está me pondo zangada ultimamente...
De fato, há alguns dias Edgar comentou como era desagradável o quanto éramos ignorados nos almoços e nos jantares. E isso desencadeou uma série de reflexões. Em minha infância, fui criada por France. Via Mary e Henrique nas refeições, em bailes, banquetes, teatros... São preocupados com a mensagem que passamos ao povo nobre, ao poder e dinheiro que possuímos e com o amor que sentem. São intensamente apaixonados e passam muito tempo juntos. Há momentos de atenção dirigidos a nós, que não são nada rotineiros. Outro fator é a personalidade arrogante e presunçosa dos dois.
- Porque não... Nos ausentamos das aulas e vamos ao lago?! - Edgar sugeri com ousadia.
- E o que eles falariam?!
- Algum castigo - seus lábios colam no meu ouvido. - Você não quer ir ao lago comigo?
- Eu quero, Ed...
- Então, venha! Vamos? Concorda? Alguma bronca qualquer, nada demais!
- Bom... Acho que sim! Mas, eles não suspeitaram de nós? Se algum deles pensa que temos algo, imagina que você tenha me contado sobre os boatos...
- Sim... Que tal assim, depois que recebemos o castigo, vossa mercê indaga sobre Fernando? Dói dizer isso, mas seria um bom disfarce. Ou eu improviso e falo algo.
- Tudo bem...
Saímos da sala e buscamos um empregado e ao achá-lo, Edgar ordena:
- Comunique que a carruagem deve estar pronta para um passeio em vinte minutos!
- Vossa Alteza, mas...
-Em vinte minutos! - Edgar o corta. - Irei a cozinha, pegarei comida e uma toalha, esteja lá Celine.
Em meu quarto ajeito meu cabelo e ponho um vestido simples. Estou muitíssimo nervosa com o passeio. A bronca que levaremos de Henry e Mary... Mas vou ser corajosa. Será um bom passeio. Não importa que suspeitem, estarei casada em pouco tempo. Só de lembrar desse detalhe, me arrepio de horror.
Adentro a carruagem depois de alguns minutos e Edgar surgi também. Além do cocheiro, felizmente, ninguém está conosco. É cansativo ser sempre seguida. Encosto minha cabeça ao peito de Ed durante o caminho. Eu cochilo, mas ele permanece acordado, pensativo.
YOU ARE READING
O Céu de Celine
RomanceCeline era uma jovem solitária, filha do rei e da rainha de Amagiqué, e fantasiava com seu baile de apresentação (quando escolheria seu futuro marido) e com seu casamento, como fuga de sua grande tristeza. Faltavam três meses para que ela pudesse co...