Capítulo X

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Ponho uma mão em minha testa perguntando-me o que esse rapaz faz aqui, prevendo as confusões que essa maldita visita fará.

- Estás dispensada! - Exclamo para a mulher.

Perdida em suposições sobre Fernando, penso rapidamente que não deveria tratar uma empregada dessa forma. Edgar, que estava em seu esconderijo, levanta-se e grita:

- Qual é o defeito desse homem?! Ele está a estragar nossa viagem! E está aqui para te cortejar! Eu o odeio, eu o odeio! O que faremos?!

- Eu não sei! Estou chateada como vossemecê! Será que ficará aqui até o final da nossa viagem? - Exclamo chorosa. - Tudo estava perfeito...

- Irei ao meu quarto me vestir e faça o mesmo. Estarei lá antes de você, não ouse dialogar com ele sem mim.

Sinto uma raiva repentina de Fernando. Mas... Ele não sabe o que se passa, é inocente. Visto uma roupa adequada. Demoro-me um pouco. Por fim, chego à mesa do almoço.

- Bom dia Edgar - o olho implorando por uma notícia agradável -, Bom dia Fernando.

- Bom dia Celine! - Fernando responde sorrindo educadamente.

Seu cabelo loiro está devidamente arrumando, sem um fio fora do lugar.

- É uma surpresa tê-lo aqui... O que o levou a Parasent, visitar-nos?

- É o que dizia ao seu irmão... - Tenho vontade de esclarecer que não somos irmãos, odeio quando usam essa palavra. - Fui convidado para o vosso baile de apresentação, daqui a alguns dias. Todavia, estava ansioso e desejava viajar logo. Adiantado, cheguei em Dipertionis e fui informado de que os irmãos estavam aqui. Achei interessante a ideia de visitá-los.

- Sim, compreendo. Ficarás até o final de nossa estadia?

- Sim, sim...

Edgar, ao meu lado, pressiona minha mão por baixo da mesa. E me dá um olhar indignado e zangado. A refeição é silenciosa, mas por vezes eu ou Ed falamos algo. Ele não disfarça seu mau humor.

Os homens se levantam e não consigo parar de observar Edgar, qual será sua reação nesses próximos dias, que esse visitante inconveniente estragou. Suas mãos estão no bolso da calça azul-marinho escura. Sua camisa é branca marca seu tronco, o deixando muito atraente, e por se arrumar com pressa, está sem paletó. Suas botas de couro são pretas. Seu cabelo está um tanto bagunçado. Está emburrado, entretanto, se mantem lindo e irresistível. Um desânimo cai sobre mim e tenho vontade de chorar. Estava tudo ótimo, como um sonho.

- Celine, irei exibir o palácio a Fernando. Vemo-nos daqui uma hora, para partirmos explorar a cidade - Edgar informa seco.

- Não deseja nos acompanhar, Celine? - Fernando fala suavemente.

- Não, não, agradeço o convite, mas tenho de rejeitá-lo - afirmo, acelerada pelo olhar nervoso de Edgar em minha direção.

Tranco-me em meu quarto. Edgar pode estar chateado pela incômoda visita, todavia não há motivos para ser rude comigo. Sei que crê que Fernando tem interesses românticos em mim, contudo não creio que seja verdade. Ele é muito simpático comigo e já me elogiou algumas vezes, contudo, não vi segundas intenções em seus atos.

Visto outro vestido e busco na biblioteca um romance, e passo o tempo a lê-lo, tristonha. Estou a ler, mas quando vejo estou abstraída, pensando em como estávamos em paz, isolados de todos. É impossível não sentir um pouco de rancor do visitante. Uma criada me avisa que minha presença é exigida, e me encaminho a carruagem onde os rapazes estão. Edgar, mesmo que seco, papeia com Fernando.

O Céu de CelineWhere stories live. Discover now