Capítulo IX - Parte 1

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As três últimas semanas se passaram com muitos beijos e encontros. Brigas ocorreram, relacionadas aos nossos casamentos e ao ciúmes. Mas, principalmente, tivemos paz e conversas. Eu anseio conhecê-lo melhor a cada dia, e ele também. Descobri, por exemplo, que Ed não sente tanto medo de assumir o trono, e não pretende fazer grandes modificações. Imaginei que não estivesse medroso, é um rapaz corajoso. Contudo, afirmou que será muito tedioso, quando envelhecer alguns anos, e todos da nobreza se concentrarem nele, pois será o futuro rei, embora tenha afirmado que será bom ter dois ou três amigos fieis. Eu admiti que não saberia como governar. Teria muito receio de levar o reino a falência. Bom, mas ele estudou muito para isso.

Lhe contei episódios da minha infância, ou alguns sonhos que tenho, como o de ser reconhecida por tocar piano ou de ter o meu próprio jardim pequeno. Ed disse que o único sonho dele é poder se casar comigo. Adorável, é claro. Ele também me explicou como se sente mal pela forma como é ignorado pelos próprios pais e eu lhe confessei o caos que a incerteza sobre minha origem, gera em minha mente. Eu desejo tanto saber como vim parar aqui, se fui abandonada ou não.

Quanto mais o conheço, mais o amo. Foi um tempo tranquilo, sem broncas de Mary e Henrique, sem mais problemas, sem Fernando. E, nessa linda manhã, apenas alegria está em nossos corações. O céu está azulado, sem nuvens, com um sol forte. E nos finalmente vamos partir nessa viagem para Parasent, há sete dias do meu baile de apresentação e amanhã meu Ed completa vinte anos.

O dia anterior foi corrido, apressada para terminar minhas malas. Com certeza devo ter estressado a Sra. France. Mas, enfim, tudo está concluído e podemos partir.

- Estás finalmente preparada? - Indaga Edgar ao adentrar meu quarto, enquanto confiro se todas as malas estão na carruagem.

- Sim, perdoe-me, Ed - digo. - Não desejo esquecer nada de importante... Tudo tem de estar perfeito!

-. Está tudo bem - ele sorri, como quem diz que não está bravo. - Devemos nos despedir de Henrique e Mary.

- É claro, tudo bem

Encontramo-los na biblioteca, aparentemente mexericando sobre algo de mãos dadas.

- Pai e mãe, estamos prontos para partir.

- Cuide se sua irmã, Edgar. Divirtam-se. É bom que estejam se tornando amigos - Henrique nos abraça, acentuando a palavra "amigos". - Representem bem a nobreza em Parasent, sem má educação ou vergonhas. Seria bom fazerem alguma festividade para se apresentar, temos uma reputação a manter.

- E não ousem se atrasar na viagem de volta! Exijo que estejam aqui com um dia de antecedência. E tomem cuidado com os plebeus! - Essas são as recomendações de Mary.

Saímos de lá e dou saltos de alegria.

- Eu estou tão feliz, Edgar.

- Eu também estou, meu bem.

A viagem é extensa, de aproximadamente sete horas. Olho a janela, vendo o verde e as paisagens de algumas cidades. Até estar fatigada e me deitar no colo de Edgar.

- Você é uma grande dorminhoca - ouço imediatamente ao acordar.

- Perdoe-me, deve estar desconfortável - desculpo-me enquanto me espreguiço.

- Não há problema, meu bem. Estamos ainda há algumas horas do nosso destino. Iremos fazer uma parada agora. Comeremos, darão de comida e água aos cavalos e partiremos novamente.

Eu e Edgar descemos da carruagem e nos é entregue uma caixa com frutas e sucos. Sentamo-nos na grama que havia ali perto e comemos.

- A viagem é monótona - resmunga Edgar.

O Céu de CelineOnde histórias criam vida. Descubra agora