Tragédia

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Desde o jantar de noivado, Izabel e suas filhas vieram outras várias vezes visitar Bella e seu pai. Após algumas semanas, elas acabariam por se mudar para a casa. O casamento, então, já havia ocorrido.

Uma cerimônia simples, com poucos convidados, muita comida e sem rodeios. A noiva estava estonteante em dourado. Mais perua, impossível.

Bernice, Matilde e Bella usavam vestidos iguais de damas de honra. O jantar foi servido às 17 e três horas depois, o banquete já estava todo devorado e os convidados iam se retirando.

Simples, rápido e com grandes consequências.

O casal havia acabado de partir para lua de mel, e já no dia seguinte a terrível notícia chegou. Durante a lua de mel, o pai de Bella, Matthew Mendessa, morrera repentinamente aos 39 anos, por causas naturais não exatas.

Bella chorou quando recebeu a notícia e durante as primeiras semanas, não conseguia sair do quarto. Parecia que tudo estava acontecendo novamente. Parecia que ela havia voltado no tempo, na época em que essas lágrimas rolavam pela perda de sua mãe, Nalia. Bella tinha apenas 11 anos quando a mãe pegou tuberculose, e foi um choque quando a mesma faleceu.

O pouco dinheiro deixado pelo pobre lenhador Matthew, não foi o suficiente para sustentar a casa por muito tempo. Izabel, que nunca trabalhou na vida e esperava receber mais com a morte do marido, começou a cortar cada vez mais despesas consideradas desnecessárias. Os empregados foram sendo demitidos, e assim, todas as tarefas domésticas sobraram para Bella.

Ela acordava antes do sol nascer, cozinhava, varria, lavava e arrumava a casa. Só ia dormir depois que todas as luzes no vilarejo já haviam sido apagadas há muito tempo.

Bernice e Matilde não faziam nada para ajudar a garota. Mas Bella não era boba. Todos os serviços domésticos que fazia, eram para preservar a memória do pai, e não porque a má-drasta ordenava.

Ela já estava acostumada a ajudar em casa. As tarefas não eram tão cansativas quanto deveriam ser. E mesmo porque, sem nada para fazer após a morte de seu pai, os trabalhos domésticos eram uma forma de passar o tempo até sua viagem.

O dinheiro da viagem pertencia a Bella e nessa quantia, a madrasta não deveria colocar as mãos. O dia se aproximava cada vez mais. Os meses voavam. Os vestidos de Bella iam se desgastando. Suas mãos iam criando calos. Seus joelhos doíam. Mas o que importava era que o tempo continuasse a passar e que a data de sua libertação finalmente chegasse.

Ela desejava mais do que nunca que o baile finalmente chegasse. Ela precisava disso. Afinal, sua liberdade viria no dia seguinte à festa.

Um Conto de Fadas Nada ConvencionalWhere stories live. Discover now