Clara Jones: O começo do fim

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    Sexta feira, não podia sair de casa, Abigail estava no quarto com Mason, ele estava mesmo morando conosco, e eu estava proibida de ir para qualquer lugar, se pelo menos eu tivesse um celular. Mas nem isso. Já tem dois mese que eu e Ben estamos juntos, eu adoro ficar com ele, me sinto tão... Tão feliz, eu esqueço tudo, as vozes, minha mãe, meu pai... Mas quando volto para casa, tudo recomeça, eu queria que isso tivesse um fim. Por falar no meu pai, faz tanto tempo que eu não tenho notícias dele, ele também nunca veio me procurar, acho que aquelas palavras da carta eram mentiras, ele não me amava como dizia. Minha noite estava tediosa. Eu era um alvo fácil para as vozes. Eu podia ouvir Abigail e Mason do quarto, era horrível, coloquei meus fones, tudo o que eu tinha era um iPod que comprei de segunda mão, demorei muito para conseguir tive que pegar dinheiro escondido da minha mãe, comecei a ouvir minhas músicas clássicas, aquilo me acalmava. Dormi.
  
- Está gostando Clara? - Acordei com Mason em cima de mim, ele estava...me...me...
- Saia! Mãe! - gritei.
- Shhhh - sua mãe esta dormindo você não quer acorda-la não é mesmo? - ele beijou meu pescoço, eu estava completamente despida, comecei a chorar.
- Pare por favor.
- Não. Eu esperei muito por isso. Mãe e filha. Podemos fazer nós três.
- Saia! Mãe! Me..- ele tapou minha boca.
- Cale essa boca.
    
   Acordei no chão. Eu estava com nojo de mim mesma, eu queria morrer mais do que nunca. Chorei amargamente, "esta gostando Clara?", aquilo ecoava na minha cabeça, já chega não quero mais viver. Não aguento mais.
- O que você está fazendo? - minha mãe entrou no quarto.
- Eu... - não podia falar para ela -  não sei.
- Levante-se você vai fazer o almoço hoje, vou no cabeleireiro.
- Esta bem. - me levantei e tomei um banho demorado, tranquei bem a porta, não arriscaria de novo. Tirei toda aquela sujeira do meu corpo, eu via minha vergonha escoando pelo ralo. Desci e vi Mason na sala, ele sorria para mim, um ódio cresceu dentro de mim. No começo ele tinha se mostrado para mim, como um homem bom, que se importava comigo, ele dizia que queria me ajudar, mas era tudo farsa, eu sabia que não podia confiar nele. Fui para a cozinha e tirei o frango do congelador, comecei a preparar, as lágrimas rolavam, eu estava com medo, e se ele entrasse na cozinha e...era ele, senti seus lábios quentes tocarem meu pescoço. Ben. Ele veio. Me abraçou e eu me deleite naquele abraço, eu estava segura agora.
- Me tire daqui.

   Fomos para a praça e eu contei toda o ocorrido para Ben e... Eu conseguia ver a raiva no seus olhos, ele baixou a cabeça, passou a mão no cabelo e disse:
- Ele vai morrer.
- Ben, não faça nenhuma besteira. - ele olhou no fundo dos meus olhos, como nunca tinha olhado.
- Ele vai morrer.
- Ben.
    Ele se levantou e saiu a passos largos, eu o segui, eu não sabia o que ele iria fazer, mas eu estava com muito medo, eu gritava para ele parar e me ouvir, mas ele me ignorava. Chegamos na minha casa e ele parou, se virou para mim e falou :
- Fique aqui. - entrou. Mason estava sentando no sofá, ele estava lendo jornal. Ben arrancou bruscamente o jornal de suas mãos.
- Mas o que diabos está fazendo?
   Ben o segurou pela a camisa e o jogou no chão, batendo a cabeça dele na ponta da mesa de centro.
- Ben! Pare! Não faça isso!
  Enquanto Mason estava no chão, Ben foi até a cozinha e pegou a faca que eu estava usando para preparar o frango.
- Sabe o que eu vou fazer com você seu desgraçado!? Sabe!? - ele gritava - eu vou dilacerar todo o seu corpo.
- Não por favor - Mason  implorava, eu estava desesperada, não sabia o que fazer.
- Você nunca mais vai encostar um dedo nela! Você entendeu!? - ele desferiu um golpe no ombro esquerdo de Mason, depois outro, ele estava se divertindo, eu podia ver o prazer no seus olhos.
- Ben, pelo amor de Deus! Pare! Por mim! - ele parou. Suas mãos estavam ensanguentadas, Mason agonizava no chão, ele se virou para mim e se levantou.
- Ele não vai mais lhe machucar.
- O que esta acontecendo. - minha mãe entrou - Oh meu Deus! Mason! O...o que você fez?
- O que você fez? - perguntou Ben. - Você quer saber o que houve Sra. Jones. Ele abusou de Clara e você? O que você fez?
- Saia daqui! Fora da minha casa! Suma!
- Eu deveria matar você.
- Ben, vá embora, eu ligarei para o hospital. - falei
- Eu ligarei para a policia! -gritou minha mãe.
- Ligue! Vamos ligue! - Ben estava furioso - ligue e eu direi a vadia que você é e o que você faz com a sua filha. - minha mãe deu um tapa nele. Silêncio. - Dê outro. Eu adoro isso.
- Eu vou denunciar você. - Ele a segurou e a pressionou contra a parede. Eu não fazia a menor ideia do que fazer, eu estava chorando desesperadamente, não queria que Ben fosse preso, ele não podia me deixar...
- Ben, por favor. Pare - implorei.
- Denuncie. Faça o que você quiser. Mas eu vou voltar e vou matar você. Mas eu prometo que sua morte vai ser a mais dolorosa possível. - ele a jogou no chão.
   O que eu deveria fazer? Chamar a polícia? Ambulância? Eu não conseguia pensar em nada. Ele me olhou,seus olhos estavam cheios de lágrimas, sua blusa manchada de sangue, seu rosto frio, seu aspecto mal. O que eu fiz? Eu não deveria ter dito nada. Agora eu o perderia. Para sempre.

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