Benjamin Edwards: Incômodo

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    Que droga é essa! Não consigo dormir, já vai dá 2hrs da manhã, o que está acontecendo comigo? Se eu fecho os olhos a única coisa que eu vejo é Clara, eu só a conheço a um dia, mas ela mexeu comigo de um jeito que eu não consigo explicar, nunca fiquei desse jeito, eu odeio me sentir assim, detesto esse tipo de sentimento. Sem dor. Eu preciso ir até lá, não sei por que, minha mente está querendo me dominar, devo deixar isso acontecer? Coloquei o casaco e desci, a essa hora Lucy deve estar dormindo, não vai nem notar que saí. Peguei o carro e dirigi até a casa de Clara, estava tudo escuro, ao lado havia duas janelas, precisava descobrir qual era a do quarto dela, uma luz se ascendeu, uma silhueta apareceu, era ela, estava...chorando. Droga! Olhei em volta e vi algumas pedras pequenas, joguei a primeira, nada, joguei a segunda, terceira, ela veio até a janela, estava destruída, morta, era nada além de uma alma.
Tinha que tira-la dali, então pedi para que ela descesse, primeiro ela recusou, mas eu a convenci a vir, ela desceu pelo o canto da janela, não era uma altura grande, mas eu a segurei para que não se machucasse. Que isso? O que eu estou dizendo!? Levei a para o lago e ali ficamos, sem dizer nada, mas... Eu precisava saber o que aconteceu, precisava saber quem estava fazendo isso com ela, a escuridão esta a devorando aos poucos, não falta muito para que desapareça por completo. Falei que não gostava da ideia de estar ali, mas algo me levou até a casa dela, ela começou a chorar, o que eu falei de errado dessa vez? Ela me mandou embora, mas eu não vou, não a deixarei sozinha, não deixarei que morra.
- Não Clara. Eu não vou embora. - ela chorou por mais um tempo, não falei nada, tudo que queria era só que parasse.
- Ai meu Deus! O que eu estou fazendo com a minha vida!? - ela chorava desesperadamente - o que tem de errado comigo!?
- Clara. - "coloque a mão sobre a dela, toque-a" minha mente tentava me dizer o que fazer, mas eu não queria - pare de chorar, pare com isso, eu... Eu não sei o que fazer. - ela me olhou de súbito, seus olhos brilhavam, o que estava fazendo consigo mesma? Eu queria abraça-la, espera, o que!?
- Me desculpe Ben, eu...eu só estou perdida, eu estou morrendo e ninguém vê isso, eu não sei o que fazer - ela limpou as lágrimas com o dorso da mão.
- Eu estou vendo e...bom, não sei o que fazer, minha mente fica dizendo para eu te ajudar, mas eu não faço ideia de como fazer isso.
- Você é muito sincero - ela soutou um riso baixo - esqueça Ben, não posso ser salva.
- Mas...eu vou tentar, não sei como, mas vou salvar você de sí própria, não deixarei que a escuridão lhe vença - "toque a agora, vamos, você consegue" Coloquei minha mão lentamente sobre seu ombro, ela me olhou, tão linda, toquei seu cabelo macio e pus uma mecha para trás da orelha - Clara, não sei o que você é ou o que você tem, mas...quando estou perto de você, não me sinto eu.
     Ela parou de chorar, eu lhe entreguei mais uma cerveja, e ficamos ali, esperando o dia amanhecer, sem dizer nada, o silêncio as vezes dá angústia, meu coração batia rápido.
- Ben eu...gostaria de saber um pouco sobre você - ela sentou-se na minha frente e me fitou. Saber sobre mim? O que eu poderia dizer sobre mim?
- O que você quer saber?
- Não sei, tipo, por que você mudou de escola?
- Eu fui expulso.
- E por que você foi expulso?
- Não sei, eu só lembro que eu estava lendo, depois eu estava golpeando o menino com uma pedra - comecei a rir, aquilo sempre foi uma piada para mim, lembrar era engraçado - depois disso eu fui expulso.
- Você é louco? Por que você fez isso? - ela me olhava estranho, com aquela expressão que eu nunca conseguia descrever.
- Não. Eu não sou louco, só... Você não acha engraçado isso? Ele estava achando divertido e eu também.
- Não! Isso não é engraçado. - ela riu - Você é estranho.
- Se não é engraçado por que você esta rindo?
- Não sei. - agora ela ria mais alto. Também comecei a rir, o sorriso dela era tão lindo, sincero, claro. Deitei na grama e olhei o céu, estava amanhecendo, não sabia que horas eram, mas também não queria saber, só...ficaria ali com ela.
- E sua mãe? Seu pai? Sua família?
- O que tem eles?
-  Fale sobre eles, você tem irmãos?
- Não. - não queria falar da minha "família" espera, eu não tenho familia.
- E mãe? Você tem mãe?
- Sim mas...não a considero mãe.
- Por que? Você não gosta dela?
- Gostar? Eu a odeio. Por mim ela estaria morta.
- Mas... Por que Ben? O que ela te fez?
- Não sei, só... Vamos mudar de assunto Clara, não quero ter que machucar você.
- Ben, acho melhor irmos embora, temos escola daqui a pouco. - ela se levantou, olhei sua silhueta sob a luz da aurora, incrível.
- Tudo bem.
     Levei a para casa, e a ajudei a subir pela janela, ela me olhou, tão doce, pedia socorro, eu seria capaz de salva-la? Era mesmo isso que eu queria?
- Clara.
- Sim.
- Fique viva.

BloodWhere stories live. Discover now