Clara Jones: Uma carona

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    "Fique viva" essas foram as últimas palavras de Ben antes de ir embora, eu seria capaz de me manter viva? A noite foi...boa...nunca tive uma noite assim, minhas madrugadas são sempre chorando, mas essa não, Ben esteve comigo, eu não estive só. Eram 4h da manhã, tinha que pelo menos descansar, tirei o tênis e me joguei na cama, não tirava ele da cabeça, mas eu não podia me iludir, Ben jamais se interessaria por mim, mas...então por que ele viera até aqui e passara a madrugada comigo? Por que queria me ajudar? Mas e se...se me machucasse, Ben era tão diferente, ele era frio e persuasivo, odiava a mãe, o jeito como falou dela, a forma como falou da expulsão da escola, tão apático. Ele era misterioso e lindo, seu sorriso era incrível... Não! Pare com isso Clara, o que acha que esta fazendo? Você só o conhece a um dia. Não pode se apaixonar, não tem cabimento...

- Clara! Acorde! - ela jogou o travesseiro no meu rosto - você está surda? Vai perder o ônibus e terá que ir a pé para a escola! - me levantei atordoada, minha mãe gritava como louca. Desci para tomar café, meu corpo doía, mal conseguia andar.
- Que horas são? - perguntei
- 7h25min - minha mãe respondeu calmamente.
- Meu Deus! - Corri, peguei a mochila no cabide e saí porta a fora, mas cheguei tarde de mais o ônibus já havia saido.
- Droga! - gritei
       Fui andando o mais rápido que conseguia, não podia me atrasar, mas a escola era muito longe, demoraria uns 40 minutos, não chegaria a tempo, nem sei por que continuei andando. Quando estava no cruzamento, um carro passou por mim, parecia o carro que Ben dirigia ontem a noite, atravessei e continuei andando o mais rápido que minhas pernas conseguiam, o carro parou um pouco mais a frente, era ele, Ben.
- Ei! Venha depressa! - corri até o carro, ele estava no banco da frente, ao seu lado uma senhora dos seus 30 e poucos anos, com cabelos loiros, curtos, branca, com um aspecto doce - vamos entre.
     Entrei e me acomodei no banco do passageiro, a senhora sorriu.
- Então você é amiga do Ben? - perguntou. Parei para pensar, essa era uma boa pergunta, eu era? Não sabia o que responder, então Ben falou, antes que pudesse dizer qualquer coisa.
- Isso não é da sua conta Lucy.
- Eu só queria saber filho, sabe que me preocupo com quem você anda. - "filho" então essa era a mãe dele? Mas...ela era tão doce, ele não teria motivos para odia-la, teria?
- Na verdade somos só colegas de escola. - falei para tranquiliza-la
- Nossa que bom ouvir isso - ela abriu um grande sorriso - você entende minha preocupação não é...
- Clara.
- Clara, não podemos deixar nossos filhos soltos por aí e...
- Lucy, já chega, ela não está interessada. - ela parou de falar e não disse mais nada o caminho inteiro. Por que Ben a tratava assim? Ela só queria o bem dele, qual seria o motivo pelo qual ele a odiava tanto?

    Chegamos na escola e Ben saiu apressadamente, abriu a porta para que eu saísse, desci do carro e vi ele se afastando sem olhar para trás.
- Muito obrigado senhora...
- A pode me chamar de Lucy mesmo - falou gentilmente
- Dona Lucy, desculpa o incômodo.
- Não foi nada querida. Clara... Eu... Gostaria de lhe agradecer...
- Pelo o que?.
- Por esta se relacionando com Ben, ele não tem muitos amigos e...Isso é muito importante para ele e para mim... - ela estendeu a mão e eu a segurei, não entendo por que ele a tratava tão mal.
- Não agradeça Dona Lucy, isso não é nada.
   Entrei na escola e Ben estava parado em frente ao meu armário, estava nervoso, eu queria muito saber o que tinha acontecido, mas não queria perguntar, seria muita intromissão.
- O que ela falou para você? - perguntou sério.
- Nada. Eu só agradeci e saí.
- Você está mentindo para mim. Não minta para mim.
- Não estou mentindo. - mais ou menos. Ele me olhava sério, cheguei a sentir medo, me sentia desconfortável quando fazia isso - O.k Ben, ela me agradeceu por ser sua "amiga" - fiz aspas com as mãos - e depois disso eu sai.
    Ele ficou furioso, virou no corredor e sumiu. O que estava acontecendo? Eu tinha que descobri. Esperaria pela hora do almoço. Fui para a sala de aula, entrei, bom dia inferno.

BloodWhere stories live. Discover now