Benjamin Edwards: Primeiro Dia

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    Que inferno! Mais um dia em que vou ter que suportar essas pessoas, culpa dela, essa idiota não sabe de nada, por que ela não morre? Eu a odeio com todas as minhas forças, um dia vou me vingar e acabar com ela. Tudo que eu queria era ficar aqui quieto, ela me manda falar com aquela psicóloga maldita e diz que vou melhorar. Melhorar do que? Eu não tenho nada de mais. Isso tudo começou depois que me expulsaram da escola antiga, não sei bem o que aconteceu mas estava no pátio lendo quando senti um líquido quente escorrendo no meu rosto, era sangue, Johnny Clarckson, acho que esse era o nome dele, tinha jogado uma pedra no meu rosto, não senti dor alguma, mas faria ele sentir. Fui em sua direção, ele  começou a proferir algumas palavras que eu não conseguia entender, peguei a pedra e cravei no seu ombro esquerdo, vi o sangue descer, aquilo foi divertido então repeti o golpe em varias partes e ele começou a gritar alguma coisa, não sei bem mas ele parecia estar gostando e eu também estava, queria causa-lo dor, mas ele parecia estar se divertindo, então continuei, até que uns meninos vieram e me desferiram golpes na cabeça, cai na risada, aquilo era legal. Acordei na enfermaria com Lucy ao meu lado, depois comecei a ir nessa psicóloga, Lucy diz que tem ajudado, mas a quem? A mim? O que tem de errado comigo? Ela que é uma louca, me trás pra esse fim de mundo e me matricula nessa escola nojenta. Quero mata-la. Quero que ela queime no inferno.
- Ben - Lucy grita da cozinha - filho venha tomar café, você vai se atrasar.
      Desço com ódio me corroendo por dentro. Dor. Quero que ela sinta dor. Maldita. Na mesa; cereal, bolo, colheres. Sem facas, nem garfos, nem nada que possa machucar. Ela só pode ser louca , ela sim deveria se consultar, não entendo por que faz isso, age como se morasse com um monstro.
- Hoje é seu primeiro dia na escola nova. Está ansioso? - olho indiferente não suporto sua voz, minha alma cinza quer devora-la e apaga-la do universo, na verdade é isso que quero fazer com o mundo, até só restar eu.
- Normal - isso é tudo o que digo.
      Coloco o capuz e já estou quase saindo quando ela me chama. Eu poderia fingir que não ouvi e é o que eu escolho fazer, se não fosse pelo fato dela se meter na minha frente e segurar meu rosto e beija-lo.
- Amo você querido tenha um bom dia.
Fito seus olhos castanhos, olho no fundo da sua alma, o que era aquilo, não conseguia entender. Quando me solta saio sem olhar para trás e sigo meu caminho até a parada do ônibus, tem mais umas 5 pessoas esperando, tem 3 meninos e 2 meninas, todos me olham estranho, não sei o que tem de errado comigo todos me olham do mesmo jeito, até Lucy, não sei o que é, não sei descrever.
       O ônibus para, eles sobem rápido e vão para seus lugares, na frente, tem uma garota de olhos fechados, ela estava chorando, alguem deve ter a machucado. Sem dor. Nem morte. Sentei ao seu lado, seus olhos se abriram e ela me olhou de canto, não como os outros, por dentro ela era cinza e vazia. Sua alma era da cor da minha. O que isso quer dizer? Nos seus pulsos tinham marcas, não de facas, nem espelhos, algo mais afiado, quem fez deveria ter causado muita dor nela. Seus olhos se fecharam, eu a encarei, era bonita, com cabelos claros, branca como a neve, boca fina, vermelha como sangue, seus olhos eram intensos, levavam a algum lugar. O vazio.

BloodWhere stories live. Discover now