Benjamin Edwards: Uma noite no lago

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- Sr. Edwards, pode me dizer o que aconteceu? - perguntou o diretor.
- Quer mesmo saber o que aconteceu? Vou lhe dizer. - me inclinei sobre o birô de madeira, que estava sendo devorado pelos cupins - eles estavam mexendo com ela, e você apareceu para impedir? Você estava lá para ajuda-la? Não, não estava. Todos aqui fazem o que quiser e você não está nem aí para nada, mas eu não vou deixar mais ninguém tocar nela, se eu tiver que matar todos aqui, eu o farei.
- Sr. Edwards, cuidado com suas palavras, eu o aceitei aqui porque sua mãe implorou muito, e se você desobedecer as regras terei que expulsa-lo, e tenho certeza que nenhuma outra escola irá aceitar você, por isso ponha-se no seu lugar.
- Sim. Eu ficarei no meu lugar - contanto que eles fiquem no deles.
- Então estamos entendidos. Passar bem, Sr. Edwards.
    Assim que sai, ela estava ali chorando, fui até lá e pedi que me encontrasse no lago, eu precisava falar tudo o que sentia, ela precisava saber. Fui para a biblioteca e sentei ao fundo, peguei um livro grosso e comecei a ler, pensava nela, e de repente me veio a cabeça, " ela não tem carro, como iria me encontrar?" decidi que a buscaria, lembrei do seu rosto, era linda, eu a queria por perto, eu a protegeria de tudo, era a única que manteria viva comigo, depois que matasse a todos, ficaríamos só nós dois.
- Oi. - uma garota baixa, com cabelos pretos e olhos castanhos apareceu, ela era um tanto estranha.
- Oi. - falei.
- Eu posso sentar aqui?
- Não.
- Mas... Por que?
- Porque eu não quero que você sente aqui, procure outro lugar.
- Tudo bem. - e saiu, ótimo poderia voltar a pensar nela.

    Saí da aula um pouco atrasado, tive que terminar...ou melhor começar o exercício de matemática, eu não queria fazer porque aquilo era um insulto a minha inteligência, eu já sabia todo o conteúdo, por que deveria fazer? O ônibus já estava quase saindo, quando subi a vi no primeiro banco, estava com os fones, que nem na primeira vez, só que não estava chorando, sentei do seu lado e minha mente dizia "toque-a" resolvi obedecer, coloquei minha mão sobre a dela e senti algo diferente, minha mão era fria, mas a dela era um quente intenso, como se eu fosse o gelo e ela o fogo, ela me aquecia e fazia meu coração bater mais rápido. Falei que a buscaria em casa e ela concordou, depois não sabia mais o que dizer, então Soltei sua mão e olhei para frente, não disse mais nada o trajeto inteiro. Chegamos onde eu iria descer, eu queria dizer um "até mais tarde" mas não disse, apenas olhei para ela e desci, observei o ônibus saindo e ela lá naquela janela, teria que esperar até as 2hrs para vê-la novamente, eu tinha resolvido me entregar, não importa o que aconteceria, só queria ficar junto dela, nunca me senti assim, mas não me importava, era isso o que eu queria.
- Ben, você chegou, preciso da sua ajuda - Lucy estava na sala, mexendo no computador - será que é possível?
- Não. Não quero ajudar você.
- Mas querido eu só posso contar com você.
- Não ligo. - Subi para o quarto e troquei de roupa, liguei o computador e assisti um filme de terror, são os meus preferidos, somente quando o filme terminou que lembrei que estava com fome. Fui ate a cozinha, na geladeira, bolo, queijo, presunto, iorgute... Sentei na mesa, eram 19hrs, faltava muito para as 2hrs, comi um sanduíche com um suco de laranja, não vi Lucy em lugar nenhum, então fui até a garagem para ver se o carro estava lá e para suprir meu ódio, não estava, para onde ela teria ido? Eu precisava do carro.
     8,9,10 horas e nada dela voltar, a raiva estava me consumindo, não poderia ir lá a pé, eu ainda sou menor de idade, se a polícia me visse, iria começar um interrogatório, e era tudo que eu menos queria. A porta se abriu era ela, tentei me manter calmo.
- Onde você estava?
- Tive que resolver umas coisas, se você tivesse me ajudado talvez eu tivesse demorado menos - ela colocou umas sacolas em cima da mesa - quero que você chame aquela garota para jantar aqui, a... Clara.
- Não vou fazer isso.
- Não é um pedido Ben, é uma ordem.
- E se eu não fizer?
- Eu o farei. - ela foi para a cozinha - amanhã, às 20hrs. - gritou. Que droga! Eu não queria isso! Na verdade qual a necessidade disso? Dor.
       Depois do jantar, subi e não tirava meus olhos do relógio, as horas não passavam, eu não tinha sono, meu coração martelava, eu precisava vê-la, mas quanto mais eu esperava, mas o tempo se arrastava. Decidi me ocupar com alguma coisa. Comecei a jogar, só então me dei conta de que já eram 1hr30min, agora sim. Coloquei o casaco e desci silenciosamente, peguei a chave do carro e dirigi até a casa de Clara, ela estava na varanda, sentada, tão linda.
- Ei! Vamos depressa! - ela entrou e se acomodou no banco ao meu lado, eu estava...estava não sei, não sei o que estava sentindo.
- Você demorou.
- Eu...estava...esperando o tempo passar...mas quanto mais eu esperava, mais devagar ele passava...então resolvi parar de esperar...
- Achei que você não fosse vir.
- Mas eu estou aqui.

   Chegamos ao lago, caminhei até a margem, aquele era meu lugar preferido, era para lá que eu ia quando queria ficar só, longe de todas as pessoas. Nunca tinha levado ninguém ali, mas ela não era ninguém.
- Ben, você...você foi expulso da escola?
- Não. Mas ele disse para ficar longe deles.
- E é o que você vai fazer não é?
- Se eles se comportarem, sim. Não quero ter que sair da escola, quero...ficar lá, com você.
- O que você quer dizer com isso?
- Quero dizer Clara, que você não é como as outras pessoas. Quando estou com você... É tão... Estranho, eu não sei explicar. - ela sorriu, eu acho que gosto disso. Sem dor.

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