Clara Jones: O lago

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    Meu Deus! Eu estava almoçando com ele! Finalmente alguém sentou comigo pra almoçar! Ele era um tanto...diferente. Mas algo nele me deixava viva, talvez fosse pelo simples fato dele está ali. Na fila, ele me disse algo que me deixou pensativa, ele disse que por dentro eu era escura, isso é verdade mas...como ele sabe? Ele acabou de me conhecer, não sabe nada sobre mim, porém estava certo, isso é o que eu sou, parecia que ele me conhecia mas do que eu mesma, até parece que ele consegue entrar na minha cabeça e ver a bagunça, na verdade eu acho que ele tem poderes psiquicos, fala como se me conhecesse a tempos, para ser sincera  gostaria que isso tivesse realmente acontecido.
      Ele continuou fazendo perguntas sobre meu nome, até que... Perguntou sobre meu pai, aquele era um assunto delicado, não gostava de falar sobre ele, depois que foi embora minha vida que já não era boa só piorou, minha mãe começou a beber e sair com um monte de caras, 1 por noite, me bater com mais frequência, até parece que eu sou culpada por ele ter partido, ele também me abandou, não só a ela, talvez eu até tenha sofrido mais do que ela, e talvez a culpa realmente fosse minha, eu não fui a filha que ele merecia, agora ele esta com outra mulher e tem um casal de filhos exemplares, são tudo o que eu não fui, tudo o que eu não sou. "E sabe de quem é a culpa? Sua!" Enquanto eu pensava, Ben disse algo que me fez cair no choro, não que eu já não fosse fazer isso. "Saber que ele esta vivo e não se importa com você" Não Ben! Você não! Como pode dizer isso comigo. Eu achava que éramos amigos... Não! Você esta certo, ele não se importa, minha mãe não se importa, ninguém se importa! Droga! Já chega! Estou cansada, não aguento mais, por que fazem isso comigo? Assim que chegar em casa vou pegar...
- Você tá afim de sair daqui? - Ben estava ao meu lado, perto, olhando fixamente pra mim como sempre fazia e...estava me chamando para sair. Levantei a cabeça e tudo que consegui dizer foi:
- Sim.
     Saímos do refeitório e fomos andando rua a baixo, ele não dizia uma palavra, eu também não queria dizer nada, Ben olhava em volta procurando por algo, não sei o que, talvez estivesse verificando se alguém estava nos seguindo. Eu realmente espero que não, porque se minha mãe descobrir, ela me mata. O que não seria nada mal, mas prefiro morrer por conta própria.
- Vou te levar em um lugar que talvez você não conheça, mas é pra lá que eu vou quando quero ficar só. - disse sem olhar pra mim. Ótimo, estava indo para um lugar desconhecido, com um cara que eu acabei de conhecer, estava adorando. Sem vozes. Silêncio.
    Chegamos à um lugar vazio, só se avistava árvores e um lago,Ben sentou-se na beira e fitou o céu, ainda era uma da tarde, o clima estava agradável, sentei ao seu lado.
- Não sei o que foi aquilo. - Ben disse arrancando a grama do chão.
- Aquilo o que?
- Não entendo o que fiz pra você chorar. Por acaso eu feri você? - Agora ele olhava para mim. Olhei para o céu e pensei no que responder, mas eu não sabia a resposta, eu sempre estava chorando por tudo. "Para com isso! Para de chorar não aguento mais! Cala essa boca sua imprestável! Me arrependo do dia em que você nasceu"
- Não sei, acho que por que você falou do meu pai. - Ben me olhou confuso, ele era lindo, o que estava acontecendo? Silêncio.

BloodWhere stories live. Discover now