— Eu estou... —tudo em mim doía, deveria ter ficado quieta.

Sebastian puxa o celular das minhas mãos. — Agora, com dor. Obrigado por perguntar pai. —e então desliga.

A dor me fazia lembrar porque eu deveria manter a calma, porque a chuva me trazia paz e porque estávamos voltando para casa. Me fazia lembrar do cenário vermelho ao chão e o barulho ensurdecedor. O sentimento de descobrir algo que era direito meu saber e entender o lado de alguém que eu nunca entendi. Ao entender, pensei ter perdido, era muito para mim e então apenas desabei nos braços dele. Eu poderia sentir raiva talvez... Mas compaixão também. Mas naquele momento eu não saberia dizer os motivos, eu só conseguia pensar naquelas pessoas e...

—Ela... —pisco algumas vezes. —Sebastian me diz que ela está bem...

— Não sei porque se importa. —ele fala frio como em muito tempo não ouvia falar.

Balanço a cabeça me negando àquela visão de homem frio que ele estava sendo naquele momento. Baixando a cabeça lembro do que senti ao ver aquele corpo no chão e ao imaginar que fosse ele... Meu coração parou.Minha respiração parou.

— Não estamos voltando para casa? —pergunto observando janela à fora.

— Não. —fala antes de sair em meio a chuva mesmo, não se importando muito.

Logo atrás o motorista o segue saindo do carro.

Não poderia dizer que me sentia bem depois de tudo que ouvi naquele lugar. Depois do que senti. Gostaria de ir para casa, mas pelo modo sério e frio que Sebastian se posicionava, sabia que não desistiria de me fazer entrar naquele hospital. Eu sabia que precisava de um longo descanso para poder absorver tudo que havia acontecido naquela noite e sabia que não seria fácil acordar no outro dia e me dar conta da realidade.

***

— Como se sente? —Amanda entra no quarto com um sorriso que eu não fazia a mínima ideia de onde havia tirado.

Mesmo assim, sorrio de volta. —Como se estivesse em casa. —falo me ajeitando na cama nada confortável.

— Não parece... —se posiciona ao meu lado colocando a mão sobre minha testa. — Está com febre...

— Já me deram um remédio para isso.

— Ah... Tudo bem... —ela pausa me analisando. — O Sebastian me falou o que aconteceu... —tenho certeza que não contou tudo, como sempre. — É loucura.

Naquela manhã minha cabeça estava recheada de memórias da noite passada. E eu não saberia por onde começar. Me perguntava porque ele era tão teimoso e preferiu esconder tudo de mim. Miranda podia não estar contando toda a verdade, mas ela sabia sobre o maldito desejo dele de ter uma família. O nome: Midnight fazia sentido para mim, quando antigamente ele não era de sair tão cedo do trabalho e se ela estivesse esperando por ele como disse... Ele poderia ter evitado tudo aquilo. Apenas ele. Poderia ter me contado tudo e eu não ficaria tão vulnerável em frente àquela mulher. Poderia tê-la chamado para conversar. Ou apenas poderia nunca ter topado comigo naquela festa. Isso faria uma grande diferença.

Ele a titulava como "namorada", eles foram casados. Não havia comparação. Não havia como dizer "oh, apenas um detalhe que esqueci". Ele a amou. A pediu em casamento. Com certeza por um tempo foi melhor que o que fingimos ter.

E então. Ela tenta me matar.

Isso não é uma hora perfeita para contar a história toda?

Não para o Sebastian que preferiu levar isso até aqui. Só Deus sabia o que poderia ter acontecido e estar acontecendo, porque eu não sabia o que estava acontecendo comigo, quando estava sentindo cólicas absurdas. Não era de agora, mas elas começaram a ficar cada vez mais fortes.

A Conveniência do CasamentoWhere stories live. Discover now