E não era só ela que sentia essa barreira. Todavia, só talvez, fosse ela a única que a sentisse com mais intensidade.
O som da chamada estava quase a chegar ao fim, a preocupação querendo começar a escalar na mente da jovem, quando ela ouviu a voz ofegante e carinhosa da sua mãe.
— Ling!
— Mãe! — a jovem exclamou de volta, lágrimas querendo cobrir-lhe os olhos azuis meia-noite ao ouvir a voz de Miya Akimoto.
As saudades já apertavam.
— Desculpa, mas tem sido um inferno no hospital! Não tenho conseguido chegar a horas decentes de me ligares.
— Não faz mal. — ela disse, sentando-se na cama e enxugando as lágrimas. — Estava só preocupada com a mãe, mais nada.
— Não tens que te preocupar comigo. — Miya assegurou, tentando esconder toda a aflição de saber onde a filha estava e porquê. — Eu estou óptima e estou à tua espera, ouviste?
— Eu sei, mãe. — Ling retorquiu, a nostalgia quase amarga ressentindo-se naquelas palavras. — Eu sei que sim.
— E então? Conta-me coisas! Como está a correr esse campeonato?
— Lutamos amanhã.
— E vais voltar a combater? Depois do Angelus ter-se portado tão bem, deves estar ansiosa por lutar mais.
No fundo, Miya queria ouvir o completo oposto do que dissera. E o seu alívio foi quase palpável quando a resposta da sua menina soou do seu lado da linha.
— Eu continuo a ser suplente, mãe. — ela respondeu, sorrindo. — Se tudo correr bem, o Keiichi e a Yoriko são bem capazes de dar conta do recado, sozinhos.
Miya sorriu, aliviada, e agradecida por a filha poder ficar de fora daquele desafio. Tudo valia a pena, desde que ela estivesse em segurança.
— E mais coisas? — a mulher perguntou, tentando mudar de assunto para algo mais alegre. — Já conheceste alguém... especial?
A pausa nas palavras da sua mãe fez o coração da jovem palpitar. E as memórias de Masao e de Alexander quiseram misturar-se de súbito dentro de si, o seu peito indeciso sobre o que poderia ser considerado... alguém especial.
— Eu já conheci várias pessoas... — Ling começou, ainda sem entender o núcleo da questão da sua mãe. — A equipa americana, a equipa francesa...
— Ling, eu não estou a falar disso. — replicou a mulher, sorrindo ao ver o quanto a sua filha continuava a mesma naquele aspecto. — Estava a referir-me a algo... diferente.
A jovem não pôde explicar o que mais lhe chamou atenção. Se o tom quase desafiante ou o sorriso subentendido, mas ela não precisou de outra explicação para perceber onde a mãe queria chegar.
— Mãe! — ela exclamou, envergonhada. — Eu não tenho nenhum namorado! Eu juro!
A gargalhada do outro lado só serviu para aumentar o rubor nas faces alvas da japonesa.
— Como se eu fosse brigar contigo por causa disso! — Miya retrucou, ainda em meio a uma risada. — Estás a caminho dos dezasseis anos, é natural.
— Mas eu não tenho... — a jovem disse, ainda incerta quanto ao que pensar sobre a pergunta da mãe.
— E tens alguém de quem gostes?
O silêncio que Ling deixou pairar entre a conversa foi mais que suficiente para Miya perceber que a resposta era positiva.
Sempre que podia, Miya gostava de brincar com a filha sobre aquele assunto. Desde pequena que Ling nunca tivera muitos amigos, então aquele tipo de brincadeiras eram uma forma de a filha se lembrar que aquela era uma realidade possível no seu futuro.
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Em Busca de um Anjo
FantasyLing Akimoto era uma jovem aparentemente normal, a começar a sua vida numa escola nova, quando tudo muda com a chegada de Ethan Donovan e da sua irrecusável proposta. Arrastada para o meio de um mundo que não conhecia, Ling é confrontada com lutas...
Capítulo 19 - Jantar a Dois
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