— Às pressas...?

— Não havia dinheiro. Mas mesmo assim, demos um jeito de arcar com mais que a metade dos gastos.

—Por isso chamaram você... — o olho séria. — Porque eles não precisarão gastar quase nada.

Meus olhos quase pulam para fora.

— Falimos. —sussurrei sentando em uma cadeira ao meu lado.

— Não havia dinheiro... —ele continuou, chateado. — Os investidores não tiveram a mínima vontade, como sempre, de investir... A empresa por mais que muitos não acreditassem —ele apontou discretamente o queixo para mim. — acabou crescendo, mas não o suficiente para expandir para cá. Tenho consciência que se tivesse minha cabeça no lugar esses últimos tempos, isso não teria acontecido mas... Não posso mudar isso agora, estou fazendo o que posso. — se aproximou — E não, não falimos. Não havia dinheiro suficiente para fechar o acordo dentro da empresa,por isso o dinheiro não saiu dela.

Parei no lugar tentando pensar quando minha cabeça havia começado a trabalhar muito rápido nas minhas táticas de empresa e eu sabia que em algum momento aquela empresa cairia, mas não poderia esperar que seria por nossa causa, por um problema que de um modo indireto até eu mesma acabei causando. Minha cabeça estava longe, estava nas minhas anotações de uns dez meses atrás,quando me sentava nas escadas da empresa e rabiscava minha caderneta que eu intitulava como "10 Maneira de Salvar a Empresa do Sebastian" , mas eu acabava nunca usando porque eu sempre dava um jeito de salvá-la de suas garras.

Acabei estacionando no mundo real e voltando ao momento que escutei ele dizer que o dinheiro não havia saído da empresa.

— Espera aí... —pedi por um momento —Você usou o seu dinheiro? —perguntei me recuperando do meu quase surto.

Ele ri. — Não sou tão rico assim, amor. Usei quanto pude e depois liguei para algumas pessoas.

— Quero saber quem são essas "pessoas"?

— Pessoas da máfia. —ele brinca...ou não?

— Você está brincando, não está? —pergunto quando ele vira sem mostrar seu rosto com a resposta.

— Ainda me surpreendo com os seus pensamentos sobre mim. —diz parando no caminho, logo me levanto indo em sua direção, quase correndo.

Minha cabeça já havia parado de girar e a brincadeira com a máfia havia sido pesada, mas eu sabia que era uma brincadeira (muito sem graça) dele. De qualquer modo, não podia contestar seu comentário, não poderia saber quando ele estivesse falando sério ou não, era difícil decifrar, por mais que ele parecesse ser aberto para mim, ele não era, apenas quando ele queria.

— Então posso ir? —pergunto quando me jogo em seus braços sem justificativa alguma, talvez só porque não gostaria de vê-lo sair por aí sem mim.

Ele aceita os meus braços em volta do seu pescoço e logo envolve os seus em minha cintura enquanto eu abro um sorriso com o contato que me faz lembrar a noite passada e esquecer tudo ao meu redor.

Quando cola os olhos nos meus faço questão de fazer com que meu sorriso morra, surgindo, em uma atuação muito mal feita, uma carinha triste, como de um cachorrinho que pede, quase implora por um pedaço de carne.

Abre a boca. — Não.

A feição à seguir não foi atuação alguma e eu estava realmente desapontada, eu queria ir naquele almoço.

— Vai me fazer almoçar sozinha? —pergunto me soltando dos seus braços com raiva.

Ele ri com vontade, caindo bem a ficha de que eu estava apenas "tentando" convencê-lo de me levar.

A Conveniência do CasamentoWhere stories live. Discover now