- Só estou chamando-a de forma carinhosa, afinal primos tem essa de apelidos do tipo não?

Ele está testando a minha paciência.

Estanco no lugar, viro-me para ele e vocifero: - Você não é meu primo porra, é apenas meu professor, escutou? MEU PROFESSOR.

- Cale a boca Ana Clara, quer que a boate inteira fique sabendo disso? - seu sussurro é preocupado e cauteloso.

- EU NÃO ME IMPORTO! 

De repente sinto um puxão no meu braço e grito.

- Shiii. - ele coloca dois dedos em meus lábios para calar-me.

Olho ao redor tentando me acostumar com a luminosidade do lugar e vejo que estamos em um cômodo escuro, não totalmente, pois as janelas mais ao lado refletem as luzes coloridas da boate.

Noto também que é um lugar mais afastado da boate. Resumindo, se ele quiser me estuprar e depois me matar, ninguém, absolutamente NINGUÉM vai ouvir meus possíveis gritos de socorro.

Peço aos céus que isso não aconteça nunca.

- Por que está tão quieta? - Sinto seu hálito entrar em contato com minha pele e arrepio. É bom.

- Agora é a parte que você tenta me matar? - indago em pânico, meus olhos brilham pelas lágrimas que estão prestes a cair.

Aí meu Deus!

Tudo bem que ele não parece ser desse tipo, mas e se ele só tiver essa carinha de cordeiro inocente? Talvez ele seja um psicopata, acho que estou começando a entender esse interesse repentino por mim...

Nunca, ninguém se interessaria por mim e não vai ser ele a mudar isso não é? 

Talvez ele deva sentir uma tara por mim, e para saciar seu desejo, ele me estruparia e depois me mataria para ninguém ficar sabendo que pegou uma gorda sem sal.

Que coisa mais idiota para pensar.

A última coisa que ele faria é matar você querida. - Maldito subconsciente.

- Quê?... O quê? De onde você tirou esse absurdo?

Seus braços relaxam sob meu corpo.

E o vejo começar a gargalhar compulsivamente.

Qual a graça Brasil?

-  Então você não vai me matar? - indago relutente ainda considerando minha teoria.

- Por que eu mataria você? - Ele devolve a pergunta ainda rindo, embora mais branda.

- Eu-u... não...sei.

Idiota.

- Eu não sou um piscicopata linda, ou um serial killer e muito menos um estuprador. - Sua voz fica séria do nada.

Levanto meu olhar e me deparo com seus fantásticos olhos verdes olhando-me muito sério, posso ver seu rosto tenso, apesar da pouca luminosidade.

- Me diz exatamente o que você pensou! Agora. - ele ordena.

Seus braços não jaziam mais ao meu redor, sinto falta dessa proximidade.

- Bom... eu pensei que você poderia abusar de mim e depois me matar para ninguém ficar sabendo que ficou com uma gorda. - Meus olhos brilham com as lágrimas acumuladas, mas não irei chorar.

Minha insegurança consegue chegar a patamares inacreditáveis.

Olha a minha situação agora.

Conjugando o verbo Amar - [RETA FINAL]Where stories live. Discover now