ERA DE MANHÃ QUANDO um barulho estridente tomou conta da sala.
Minha primeira reação foi fazer uma careta e deixar escapar um grunhido em forma de reclamação. Escutei Chris fazer o mesmo, ambos sem nenhuma vontade de levantar. O mesmo barulho se repetiu por três vezes e foi quando me dei conta de que era a campainha.
— Chris, vai atender. - Pedi ainda de olhos fechados.
— Não quero. - Respondeu com a voz sonolenta.
A campainha tocou mais quatro vezes e Chris bufou de frustração. Entendi o que ele queria fazer e me espremi contra as costas do sofá para que ele pudesse levantar. Continuei deitada no sofá, pensando que ele seria rápido e que logo voltaríamos a dormir. Porém, no momento em que a porta foi aberta, escutei várias pessoas gritando. Depois de uns quinhentos palavrões, Chris disse:
— O que vocês estão fazendo aqui? - Pelo seu tom de voz, ele estava sem graça e ao mesmo tempo, mal humorado.
— Sabe como é, plena quarta-feira, seus pais estão trabalhando... - Alguém começou a dizer e segundos depois escutei risadas e um "ai" de dor.
— Mas que merda, Chris! Eu só estava brincando. - Retrucou a mesma voz.
— Tudo bem, entrem ai. - Ele disse e eu soube que aquela era a minha deixa. Levantei-me correndo do sofá e fui direto para o quarto de Chris.
Quase como um ato involuntário, me joguei em sua cama e esperei o meu coração voltar a bater normalmente – acelerado por conta do esforço físico. Enquanto eu me recuperava da minha pequena corrida, a porta do quarto foi aberta revelando Chris com um pequeno sorriso em seus lábios.
— Bateu em retirada, foi? - Brincou e eu ri.
— Não conheço ninguém, estou descabelada e provavelmente com a cara amassada. Então, sim. Eu fugi. - Respondi e ele gargalhou.
Chris se jogou ao meu lado, agarrou a minha mão e juntos, encaramos o teto de seu quarto.
— São uns amigos da faculdade. Klaus comentou com eles que eu estava de volta de Nova York e eles vieram para uma partida de basquete, algumas garrafas de Budweiser e um churrasco. - Explicou e eu assenti, subitamente me lembrando do que os amigos de Chris falavam sobre nós. Senti meu rosto esquentar e lutei contra o impulso de esconder o meu rosto com as mãos. - Se você quiser, eu os coloco pra fora e ficamos só nós dois. A gente podia ir pro shopping, pra praia ou...
— Chris. - Interrompi me virando de lado para olhar o seu rosto. Ele me encarou com a expressão séria e completei: - Por mim tudo bem. São seus amigos e eu vou adorar conhecê-los. - Sorri para ele, que me devolveu um sorriso enorme.
— Tudo bem. - Assentiu tirando sua mão da minha e se levantou da cama, indo até o guarda-roupa e puxando uma camiseta e uma bermuda de lá. - Vamos te esperar lá no quintal. - Deu uma piscadela e eu assenti sorrindo. Depois disso, saiu do quarto e me deixou sozinha.
Levantei-me da cama e fui em direção à janela, com a intenção de observar o grupo de amigos do Chris antes de estabelecer algum tipo de interação com eles. Abri uma fresta da cortina azul e olhei para o quintal, onde cinco garotos e mais três garotas se encontravam. As meninas conversavam em grupo, um pouco separadas dos demais. Enquanto dois garotos arrumavam a churrasqueira, um deles se jogava na piscina e os outros dois treinavam basquete.
Os observei até o momento em que Chris apareceu no quintal, sendo recebido com gritos e palmas. De costas para mim, ele abriu os braços e eu pude o imaginar fazendo uma careta de "Eu sou demais". Típico dele. Me peguei rindo e balancei a cabeça.
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Just Friends
Romance"Há uma divindade dando forma final aos nossos mais toscos projetos"; Shakespeare estava certo, mas America McVeigh não sabia disso ainda. Nascida e criada em Los Angeles, Meri toma uma decisão radical e se muda para o oposto do país, Nova York. A g...