Capítulo 5

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ERAM EXATAMENTE ONZE E QUINZE quando o táxi parou em frente à tão familiar casa do meu melhor amigo. Sua fachada ainda era a mesma das minhas lembranças: o mesmo tom de salmão, as inúmeras plantas na entrada e as trepadeiras subindo as paredes até a altura da porta automática da garagem.

Ver aquela casa novamente, depois de quase um ano, me deixou instantaneamente feliz. Depois de sairmos do táxi e pagar o motorista, paramos na calçada em frente à bela casa.

- Chris, tem certeza que seus pais estão em casa? - Perguntei pela milionésima vez, ainda em dúvida.

- Claro que tenho. Sou filho deles. - Retrucou revirando os olhos e começou a andar em direção à porta de entrada da casa.

Balancei a cabeça e sorri, arrastando minha mala pelo caminho de entrada da casa dos Hammond, logo atrás de Chris. O observei tirar as chaves de casa do bolso traseiro de sua mochila e abrir a porta, entrando em sua casa e segurando a mesma para que eu pudesse passar. Chris sorria para mim no momento em que eu coloquei os pés no hall. De repente, um sentimento de nostalgia me invadiu, me fazendo lembrar os momentos em que eu havia passado ali, como as festas de aniversário de Chris e a primeira festa de colegial que ele tinha dado, convidando todas as pessoas da nossa turma enquanto os pais estavam fora. Boas lembranças.

- Eu nunca tinha percebido de como eu sentia falta desse lugar. – Comentei. Eu observava cada canto da casa - as paredes, as fotografias, as flores dos arranjos, absolutamente tudo.

- Ficar aqui vai ser bom, não vai? – Perguntou, aproximando-se de mim e me abraçando pelos ombros. - Aposto que a senhora Miranda sentiu muito sua falta e vai adorar te ter aqui com a gente. - Beijou o topo da minha cabeça e eu sorri com o gesto.

- Tomara que goste mesmo. - Falei rindo.

- Ah, ela te ama. - Deu de ombros e riu também.

De repente, um barulho veio da cozinha, como se alguém tivesse deixado cair algo.

Chris me olhou com expectativa e colocou o indicador sobre os lábios, pedindo para que eu ficasse em silêncio. Eu reprimi uma risada e assenti. Ele pegou a minha mala e colocou ao lado da dele, perto da escada, e me chamou com uma mão, indo em direção à cozinha.

- Você ouviu alguma coisa? - Uma voz grave perguntou, a qual eu imediatamente identifiquei ser a do pai de Chris – O Sr. Hammond, que só aceitava ser chamado de Paul.

- Parecia a voz do Chris. – A mãe dele, Miranda, respondeu. Sua voz denunciava a saudade que sentia do filho. - Mas ele não está aqui, então deve ter sido alguém na rua.

Paramos no portal da cozinha, recostados na parede, atentos à conversa.

- Não. - Paul negou. - O barulho veio daqui de dentro.

- Paul, Chris não está aqui. Ele deve estar em Nova York comendo cachorros-quentes com a America. - Miranda deu uma risadinha e continuou, mas dessa vez, com ironia: - Como se os meus cachorros-quentes não fossem melhores do que os de um trailer.

- Deixa disso mulher! - Paul retrucou e eu pude o imaginar revirando os olhos. Nós reprimimos uma risada. - Sabe que não é pelos cachorros-quentes que ele está lá.

Alguns segundos se passaram em silêncio. Olhei disfarçadamente para Chris, que estava ao meu lado, e vi que suas bochechas estavam levemente vermelhas. Ele pareceu sentir meu olhar sobre ele e me encarou, deixando um sorriso leve e envergonhado tomar conta de seus lábios.

- É, eu sei. – Ouvimos Miranda responder. - Gosto tanto da amizade dos dois. Eu já disse para o Chris: não deixe aquela garota partir, ela é especial demais para ficar tão longe.

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