Capítulo 1

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 LÁ ESTAVA EU, em uma casa na Harman Street, com meu vestido mais bonito do guarda roupa. Pronta para impressioná-lo.

Eu não conhecia muitas pessoas na festa, então fui direto à cozinha – onde estavam as bebidas sem álcool –, e me servi com uma cherry coke. Com um copo vermelho em mãos, cheio de refrigerante, parti na procura pelos meus amigos. Eu nem teria cogitado a ideia de sair de casa em uma sexta a noite, se não fosse por ele. Todos os meus amigos diziam que eu costumava a agir por impulso ou por influência de terceiros, e estar aqui, hoje, era por motivo de influência.

Eu não fazia a mínima ideia de quem estava fazendo aniversário ou se deveria ter trazido algum presente. Na realidade, eu pouco me importava com isso. Apenas a chance de poder vê-lo ou de conversar com ele já fazia meu estômago revirar de ansiedade. Andei um pouco entre os convidados até que encontrei Lucy, minha melhor amiga da faculdade, no meio de três pessoas. Assim que ela me viu, deu um gritinho de animação e correu até mim.

— Não acredito que veio. Não acredito mesmo. - Falou enquanto me abraçava.

— Ah, você sabe. Comida de graça, bebida, nada que eu possa rejeitar. - Retruquei sorrindo. Nos separamos e ela deu um sorrisinho malicioso.

— Sei... Espírito de gorda e um tanquinho bem definido com apelido de Josh. - Deu uma piscadela e eu corei.

— Podemos deixar isso pra lá? - Pedi envergonhada.

— De jeito nenhum! Vocês estudam na mesma universidade e você nem tem coragem de ir falar com o cara! Você tem espelho em casa Meri? Você é linda! Qualquer um nesse lugar adoraria passar uns segundos com você. - Lucy tagarelou e eu quis me esconder. Odiava o fato de todos me acharem linda pela simples condição de que eu não me enxergava assim. Eu era tão comum: meus cabelos escuros eram cacheados, meus olhos eram de um tom azul-escuro e minha pela era branca. Estava longe de ter um corpo bonito e cheios de curvas – Meu apelido na escola sempre fora palito. Eu não tinha nada demais.

— Eu não sei o que você tomou, mas eu acho que está na hora de parar. - Brinquei e Lucy revirou os olhos. - Eu vim para tentar falar com ele, sinto que se não tentar, vou ter um colapso, ou sei lá. Acho que é mais que uma necessidade, passou a ser uma obrigação.

Seus olhos castanhos me analisaram por um momento e então ela perguntou:

— Então qual é o seu grande plano, senhorita McVeigh? - Ergueu uma sobrancelha e sorriu.

— Talvez esbarrar nele e puxar assunto? - Dei um sorriso amarelo e Lucy bateu a sua mão contra a testa.

— Ainda não acredito que teve dois namorados. Qual foi a sua estratégia de aproximação com eles? - Perguntou decepcionada.

— Bem, com o Harry, nos aproximamos porque trabalhamos juntos no acampamento de verão no último ano da escola. E com o Matthew... - Suspirei tentando ignorar a torrente de sentimentos que me invadia toda vez que mencionava o seu nome. - Foi total interesse dele, eu nem me esforcei.

Lucy me olhou triste e colocou uma mão em meu ombro.

— Ainda não superou? - Questionou solidária.

— As vezes eu imagino o que ele anda fazendo. Se ele se arrependeu. - Respondi, sentindo a tristeza bater em mim mais uma vez, mas me lembrando em seguida do que ele havia feito, fazendo com que raiva me dominasse. - Mas depois me lembro do canalha que ele foi e agradeço por termos terminado. - Dei um sorriso irônico.

— É isso ai! - Lucy comemorou batendo palmas. - Somos mulheres independentes e fortes, estamos no terceiro ano da faculdade e merecemos um cara legal ao nosso lado!

Just FriendsWhere stories live. Discover now