Capítulo 2

1.2K 83 2
                                    

AO VÊ-LO ALI, PARADO EM FRENTE A MINHA PORTA, não resisti e comecei a chorar. Logo o sorriso caloroso e reconfortante sumiu, dando lugar a uma preocupação visível.

— Meri, o que aconteceu? - Perguntou me envolvendo em seus braços. Assustei-me um pouco ao perceber como eles estavam fortes. Da última vez que eu havia o abraçado, eles estavam mais finos.

— Com tudo o que aconteceu de ontem pra hoje, eu esqueci de você. - Respondi me sentindo culpada, mas sem revelar o real motivo do meu choro.

Escutei sua risada baixa, e sem se separar de mim, colocou sua mala para dentro do apartamento e fechou a porta. Fomos até o sofá de dois lugares e nos sentamos ali: eu ainda agarrada a ele como se minha vida dependesse daquilo.

Chris acariciava meus cabelos, e fazia movimentos circulares com o polegar na parte exposta do meu braço. Aos poucos fui ficando mais calma. Apenas ele tinha esse talento de me acalmar em poucos minutos. A nossa ligação era tão forte que nem era preciso palavras para que isso acontecesse.

Sempre fora assim desde a infância. Eu não me lembrava de quando o conheci – era muito nova para isso, tinha apenas 3 anos –, mas minha mãe disse que no primeiro dia do maternal eu bati os olhos em Chris e grudei nele. Desde aquela idade éramos dois seres inseparáveis. Nós brincávamos juntos, fazíamos o dever de casa, vivíamos indo na casa do outro e, mas não menos importante, sempre tornamos a vida dos nossos pais mais difíceis. Pode parecer comum, mas era como se fossemos irmãos – não aqueles irmãos que brigam, mas aqueles que agiam como cúmplices, parceiros no crime.

Ficamos dessa maneira até o fim do ensino médio: quando eu me mudei para Nova York, para cursar jornalismo. A cidade a qual sempre sonhei em morar. Chris fora a pessoa que mais me apoiou nessa decisão, mesmo achando que eu era um pouquinho louca. Sempre morei em Los Angeles: sol e praia todos os dias; e mudar para NY fora algo drástico, mas nada que eu não pudesse superar.

Enquanto eu começava a minha nova vida no outro lado do país, Chris continuou morando em Los Angeles e começou o curso de administração na UCLA. Ele tinha bolsa de atleta – Jogava basquete como ninguém! –, e seria uma baita desvantagem mudar de faculdade por causa de mim. Nós dois reconhecíamos aquilo. Então uma semana antes de eu partir, fizemos uma promessa: uma vez ao ano, sempre nas férias do meio do ano, sairíamos para viajar, ou sei lá, passar um mês na casa do outro. Não era nada comparado ao tempo que convivíamos antes, mas era algo considerável. E era assim por três anos. Nos encontrávamos no meio do ano e comemorávamos os feriados do final do ano em Los Angeles, já que a nossa família sempre se unia no dia de Ação de Graças e para o Ano Novo.

Mesmo com esse tempo todo separados, nada pareceu mudar. Éramos apenas Chris e America: os melhores amigos desde o maternal.

— Já está pronta para falar sobre o que aconteceu? - Perguntou calmamente, ainda alisando o meu cabelo.

— Podemos falar sobre isso mais tarde? - Retruquei com a minha voz ainda frágil por conta choro, embora eu não chorasse mais.

— Claro. Sabe que não vou ter forçar a nada. - Respondeu e eu o imaginei sorrindo. Como se eu precisasse ver para crer, ergui a cabeça para olhá-lo e lá estava: o sorriso mais doce e reconfortante do mundo.

— Eu já disse que te amo? - Questionei com um sorriso brincando nos meus lábios.

— Nah, acho que não. - Falou com uma voz engraçada e nós rimos. Com Chris era assim: não havia tempo ruim, ele sempre fazia as nuvens escuras darem lugar para o sol.

— Que bom, porque te odeio. - Brinquei cutucando a sua barriga, o fazendo se contorcer no sofá.

— Oh, não começa. Depois vai se arrepender! - Alertou me afastando um pouco dele. Ergui minhas duas mãos na altura dos ombros e sorri.

Just FriendsWhere stories live. Discover now