17_ Diário de um Desbravador

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Janeiro de 2122, terça-feira

Devo dizer que, após atender ao chamado da NASA, fui recebido, junto a outros físicos, como eu, pelo Presidente dos Estados Unidos, membro da Ordem Interestelar do Império Universal. Quão grande foi minha surpresa, tão logo soube a razão de minha presença. Há uma Nave com capacidade de dobra gravitacional no fundo do Atlântico, imersa à tristeza de uma Nova York devastada pela grande inundação. Fui convidado a navegar pelo espaço em uma missão de desbravador, por cinco anos. Senti-me honrado, ao mesmo tempo por saber, aborrecido, que a dominação da gravidade já era realidade há mais de cem anos!
Além de mim, outros quatro físicos, de toda a parte do mundo, até mesmo de um mundo sem partes, pois há um japonês entre eles, também foram chamados à pioneira aventura desse desbravamento. A Nave é imensa, tanto que Michael Monson, um dos físicos com quem simpatizei, achou se tratar de um hangar onde a Nave se revelaria, pequena e ajustada. Só após cinco minutos dentro da Nave, é que ele se deu conta que já estávamos dentro dela. Para se ter uma Idea, o propulsor central tinha mais de dez metros de altura! Além de imensa, é também muito bonita e bem acabada; com iluminação celestial, futurista e adequado à sobrevivência. Só dei-me conta da magnitude de sua grandeza quando, já na cabine de navegação, notei um acento confortável ao centro. Não consigo entender, mesmo sob muitas explicações de Gambrad, a razão de uma Nave tão grande se tripulada por um único homem. Devo admitir que temos, mesmo, mania de grandeza. Entre os físicos, está uma russa carrancuda; é estranho imaginar uma mulher sentada sozinha na Nave.
Há uma horta em um hangar de cima da Nave, projetado pra nos prover o sustento. Tudo o que terei que fazer é plantar e colher; cozinhar também será trabalho executado a passos cambaleantes no laboratório. Além de cozinhar no laboratório, terei que realizar pesquisas sobre elementos da natureza encontradas nos planetas que visitar; colecionrei pequenas rochas, animais e plantinhas; patético!
Amanhã é meu último dia na Terra, antes de decolar e navegar no espaço por cinco anos. Bianca esteve comigo nas últimas semanas. Estar com ela causou em mim grande aperto no coração. Como se não bastasse todos os sacrifícios que realizei para tornar esse sonho possível, ainda tenho que abrir mão de estar perto a alguém que tanto amo.
Peço ao Pai que me guie nessa jornada, que ajude-me a me manter digno e que a paz reine nessa viagem. Sou, apesar de tudo, imensamente grato por essa oportunidade e exercerei total energia para o sucesso dessa missão. Amém.

Maruan, desbravador.

O Homem Sentado Sozinho na NaveWhere stories live. Discover now