Prólogo

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"Vê mais longe a gaivota que voa mais alto"
Richard Bach

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Maruan odeia livros de romance. Se for em primeira pessoa então! Sim, Maruan é desses que queimam livros sem fazer cerimônias. Um dia tava fazendo uma faxina na sua pequena biblioteca particular, e cada romance que vinha em suas mãos ele dizia "lixo". Após alguns "lixos", segurou um livro azul, poucas páginas, que havia lido algumas vezes na adolescência; "Fernão Capelo Gaivota", de um escritor americano chamado Richard Bach. Bach, além de escritor, era piloto de avião, e deixava transparecer sua paixão de aviador nas estórias que escrevia. Maruan jamais queimaria um livro tão singelo que o ajudou a deixar aceso seu sonho de se tornar aviador. Queria aprender voar e dar a volta ao mundo. Queria voar até os confins da terra onde jamais alguém voou. Queria voar! Queria se casar e voar. Queria ter filhos e voar. Queria voar e escrever suas histórias e estórias de aviador. Queria escrever e voar! Queria voar pra onde jamais alguém voou. Queria voar onde ninguém foi capaz de imaginar. Voar! Voar! Tornou-se um Fabiano aos vinte e dois anos, depois de duas tentativas frustradas. Força Aérea Brasileira é nada pouco exigente. Não era um facista, apesar de queimar livros. Era muito inteligente, apesar de queimar livros. Era sonhador, apesar de queimar livros. Folheou o livreto azul com carinho e abriu numa página marcada com uma frase pintada de giz de cera; "Vê mais longe a gaivota que voa mais alto". Maruan sorriu um sorriso bobo e duvidou se no mundo havia alguém que enxergasse mais longe do que ele. Duvidou se alguém era capaz de enxergar além dos limites do universo. Duvidou de si mesmo se era capaz de voar além desses limites. Duvidou, em seguida, de sua própria dúvida...

O Homem Sentado Sozinho na NaveWhere stories live. Discover now