"Luz para alumiar as nações, e glória para teu povo (...)"
Lucas 2:32¤¤¤
A pontuação de Maruan proporcionou a ele muitas possibilidades de carreiras. Com aquela pontuação, Maruan poderia ser qualquer coisa que quisesse. Quis ser físico.
A cena já comum de seres extraterrestres, saindo de suas naves, colhendo pedras, plantas, água e insetos não lhe causava espanto. Mesmo assim, pedia à Íris para transmitir no visor, incansavelmente, tais aterrissagens. Assistia aos vídeos com atenção e se introduzia em profundas ponderações.
A energia dos propulsores das naves que permitia a locomoção e a aterrissagem com o total controle da gravidade, era a verdadeira cortina que cobria seus pensamentos.
Eletricidade, gravidade, magnetismo e propulsores eram palavras que se misturavam conectadas em sua mente.
Passou os quatro anos seguintes envolvido em pesquisas, que o ajudou a compreender melhor aquela tecnologia que lhe causava extremo fascínio.
No primeiro ano, fez uma reprodução fiel da válvula Monray, capaz de extrair eletricidade do campo a partir do zero. A válvula recebeu esse nome por ter sido inventada pelo Doutor T. Hanry Monray em meados do século XX. Acreditem, Maruan extraia energia do vácuo.
Tal experiência foi o suficiente para chamar atenção de grandes físicos do país e também de todo o planeta. Passou a fazer parte, ativamente, da pesquisa do campus e era considerado, por alguns, quase um prodígio. Ao menos era o que achava Professor Pacheco, seu orientador na conclusão de curso. Pacheco era um homem justo, senhor já de idade, porém com bastante vigor para ensinar. Amava seus semelhantes, e a paz pairava sobre ele.
No último mês, do ano em que se formaria, Maruan convidou o Professor para um passeio pelo campus. Queria mostrar-lhe a conclusão de um projeto que estivera ocupado nos últimos quatro anos. Tinha, pelo Professor, um imenso respeito e admiração. Queria que seu orientador de conclusão de curso fosse o primeiro a contemplar seu feito.
- Melhor se sentar Professor- Alertou Maruan.
- Prefiro ficar de pé - Insistiu o velho.
Maruan correu por todo o extenso lago. Ao chegar do outro lado, tirou a lona de uma espécie de planador junto ao chão. Tinha o tamanho de um carro. Peso de um carro. Aspecto de carro, embora não tivesse rodas. Nem precisava. Era movido a água. Na verdade a água se transformava em hidrogênio e se tornava a matéria prima do combustível que o movia. Colocou um capacete de aviador, um cachecol e um óculos grande de plástico no rosto, trazendo um ar cômico e patético à sua apresentação. Deu partida. O objeto planou no ar gradativamente, ganhando altura. Voou sobre o lago e pousou silenciosamente aos pés do velho Pacheco. Os olhos do velho lacrimejaram. Não era uma cena incomum, exceto que sobre a dominação gravitacional estava um humano. Movido de íntima comoção, resmungou se sentando devagarinho ao chão:
- Despede em paz o teu servo, pois meus olhos contemplaram a salvação.
A maçã que Newton viu cair, inspirando a teoria da lei da gravidade, Maruan fez levitar.
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O Homem Sentado Sozinho na Nave
Science Fiction#Wattys2016 ¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤ Do mesmo autor de: "Unicórnios, Vestidos Vermelhos e um Mar bem Perto" "O Novo Vigilante" (Menção Honrosa) "Alô, Machado de Assis?" "O Inspirador" "Urim Tumin" ¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤¤ Sinopse e capa por @RodolfoSalles, a...