"Meu trabalho é variado... e resgates fazem parte das minhas noites. Passe e ganhe um pedido".
Como garoto humano, todos os dias me deito em minha cama, meu quarto pequeno e apertado onde apenas a minha cama e meu guarda-roupas já ocupam quase tudo. Mas não me importo.
Gosto dele assim, do jeito que é.
Me deito, me olho um pouco, um garoto com físico normal, não é forte nem muito magro, cabelos escuros e crespos apesar de não muito ondulado. Olhos castanhos e sempre usando óculos.
Sim tenho problema normal e humano na visão (que cai bem como um simples disfarce quase sempre).
Me cubro para ir dormir com o meu cobertor um pouco grande e velho. Gosto dele assim também.
E meu corpo estremece e minha mente gira levemente.
"Um chamado, algo ou alguém passou e deseja algo, se eu puder atender..."
Caio no sono e entro em um mundo onde tudo, ou quase, é possível.
***
– Uma festa...? – Comento comigo mesmo, no jardim de uma casa moderada e a fitando com curiosidade. Um pequeno lago que lembrava o lago de casas do Japão, no meu mundo. E uma construção que levava agua de fora da casa para dentro – Bonito...
– Obrigada... – me interrompe uma mulher, aparentemente de idade, mas cuidada, morena com alguns fios brancos um chalé comprido – Por favor garoto... – Vejo ela mudar a expressão de leve felicidade do meu comentário para preocupada – Salve minha neta...? – Pede a moça.
Pisco levemente e estou dentro da casa.
Grande e de madeira. Realmente em estilo de casas japonesas.
Cheia de gente. Muitos dançando.
Homens e mulheres de várias idades com bebidas nas mãos enquanto ando lentamente entre eles.
"Ninguém me nota, como de costume".
Percebo uma garota saindo lentamente para o lado de fora.
Me viro e estou do lado de fora. Já é manhã.
No jardim em meio a névoa matutina, a garota estava ajoelhada na beira do lado, passando a sua mão na agua.
– Oi – Digo me aproximando.
– Olá... – Me responde ela com uma voz tremula, se levantando e ficando de costas para mim.
– Eu vim por que...
– Eu sei por que você veio! – Exclamou a garota me interrompendo e saiu correndo gritando alto para mim – Não vai me levar embora!
Ela havia sumido na névoa matutina.
Comecei a andar, e depois a correr e adentrar a névoa que pairava em cima da beirada do lago. Senti meus pés molharem a agua enquanto corria para dentro até sentir as grades de um bueiro onde a agua descia.
Barulho de ferro batendo e olhei para frente num susto e agarota estava presa dentro de uma gaiola de ferro que dava para o lado de fora da casa.
– O que você está fazendo...? – Perguntei num suspiro chegando perto da gaiola de ferro.
– Eu não vou ser levada por ninguém! Eu não quero! – Me respondeu a garota de maneira explosiva.
– Você não sabe de nada garota – Respondi a ela, alterando um pouco o tom de voz e pegando na fechadura.
– Sei sim! – Grita ela me mostrando a chave da fechadura em sua mão e se preparando para engoli-la.
– Não faça isso! – Quase gritei para ela esticando o meu braço para dentro, mas a garota andava para trás.
– Me impeça! – Grita ela sem perceber que as barras de ferro em baixo dos pés dela rangiam.
– O que?! – Eu olho.
– Ah! – A garota foi engolido pelo buraco que ficou onde ela estava.
– Droga...! – Segurando as barras de ferro, sinto meus olhos mudarem levemente para castanho claro e arranco a barra de ferro e pulo dentro do buraco.
Logo senti que o buraco se alargava e distorções me rodeavam.
"Um buraco que liga dimensões, claro".
Cai quase em pé, apoiando uma mão e joelho no chão e olhando o local onde eu estava.
Uma prisão abandonada em algum submundo. A energia de raiva e ódio, tristeza e vingança pairava no ar em forma de névoa densa e vermelha.
– Ninguém merece ter de descer nesses mundos... – Reclamo comigo começando a andar pelo lugar e atento.
Percebendo agora que no chão, além de muito musgo, muitos pedaços grandes de vidro.
– Hm... – Olhando-os e me agachando para pegar um, seguindo com ele pelo único caminho a frente entre as celas.
A essa altura, osmeus óculos já haviam sumido e minha expressão no rosto, não era de felicidadeou calmaria.
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Contos de Um Lobo na Cidade - Vol. 2 - Histórias Não Contadas
FantasyContos de Um Lobo na Cidade - Vol. 2 - Histórias Não Contadas. Segue-se para o Vol. 2 com mais historias, mais contos, mais crônicas dos mundos, lugares, pessoas seres que o lobo encontra viagens a fora. Agora, ele é mais presente, e tem um dese...