Capítulo 7

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Eu não consegui dormir desde aquela hora. São 5:08 da manhã e desde aquele minuto eu estou deitada na cama com cada músculo do meu corpo imóvel. Eu estou com medo da reação dele.

Ou será que foi mesmo ele que visualizou aquelas mensagens? Ele perdeu o celular velho faz quase um ano e meio.

Eu mordo o lábio de nervosidade. Ele já está vermelho de tanto eu ficar mordendo. Se ele realmente leu tudo aquilo que eu nunca tive coragem de falar pra ele, eu não sei como ele reagiu. Eu não tenho outra saída a não ser fingir que estou doente pra não ir pra escola porque eu não tenho nem um pingo de coragem pra encontrar com ele. Se é isso que eu preciso fazer, então é isso o que eu vou fazer.

***

"Stephanie, é hora de ir pra escola." A mamãe me chama da cozinha. Duas horas se passaram desde que eu decidi que iria fingir estar doente pra não ir pra escola. Espero que funcione.

Eu não respondo ela. Quando escuto os passos dela se aproximando do quarto, eu tento fazer uma cara de doente. Ela bate na minha porta e eu só solto um gemido como resposta. Ela abre a porta e me vê jogada na cama.

"Stephanie, você está bem?" Ela pergunta, se aproximando.

"Não, estou com uma dor de cabeça muito forte." Digo. Ela examina o meu rosto por alguns segundos.

"Você realmente parece estar exausta," Ela diz. "Você não passou a noite acordada, né?" Ela pergunta e eu rapidamente sacudo a cabeça negativamente.

"Está bem, então." Ela fala. "Você pode ficar em casa por hoje. Mas isso não vai acontecer sempre. Eu não vou poder ficar porque tenho uma reunião importante no trabalho hoje." Ela informa e eu balanço a cabeça em concordância.

"Ok, tchau, querida. Melhor eu ir agora." Ela diz, me dá um beijo na testa e sai do quarto enquanto eu solto um suspiro de alívio.

***

Uma hora depois, eu estou jogada no sofá assistindo desenhos em uma tentativa falha de tirar aquelas mensagens da minha cabeça por pelo menos alguns minutos. As palmas das minhas mãos estão suando, posso sentir. Escuto uma batida na porta e levanto do sofá para abri-la. Quando eu abro ela, eu tomo um susto. Bem na minha frente está o Tyler.

Os olhos dele estão inchados e debaixo deles, há olheiras. É visível que ele não dormiu a noite inteira. O meu coração está batendo tão forte em meu peito e o meu primeiro instinto é fechar a porta na cara dele. Mas ele coloca o pé entre a porta, o que impede de mim fechá-la.

"Stephanie," Ele murmura. A minha respiração fica acelerada. Eu sei que ele viu as mensagens. É mais do que óbvio agora. Ele pega do bolso um celular que eu reconheço rapidamente. É o celular velho dele. Ele clica no botão de desbloquear e uma lista de mensagens aparecem na tela. "O que é tudo isso?" Ele pergunta. A esse ponto, a sua respiração está ofegante.

Eu não respondo. Apenas olho para ele, incrédula.

"O-O que é isso? F-Foi você quem escreveu tudo isso?" Ele pergunta. O desespero é notável em seu tom de voz.

Eu não sei o que responder, então só fico quieta.

"Stephanie, por favor." Ele implora. "Eu preciso saber."

Demora um pouco pra mim responder. "O que você acha?" Sussurro.

"E-Eu não sei," Ele diz.

Eu solto um suspiro. Nunca pensava que esse dia chegaria. Ou talvez eu só esperava que ele nunca chegasse.

"Sim," Eu suspiro e olho pro chão. Os olhos dele se arregalam e ele olha de novo pro celular.

Coisas Que Nunca Ousaria Te DizerOnde histórias criam vida. Descubra agora