Capítulo 11 (Parte 2)

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Parte 2

Açucena


No amor, o engano vai quase sempre mais longe do que a desconfiança.


(François La Rochefoucauld)


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O sol quente banhava o copado das árvores e se derramava pelas frestas das folhagens em feixes brilhantes que chegavam até o chão

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O sol quente banhava o copado das árvores e se derramava pelas frestas das folhagens em feixes brilhantes que chegavam até o chão. Mas apesar da altiva demonstração de beleza do deus Sol, um vento estranho sussurrava pela mata com uma canção etérea que apenas ouvidos sensíveis poderiam ouvir e se impressionar.

Ou talvez não fosse o vento que estivesse tão estranho e sim a sua percepção das coisas que estivesse embaçada, quando ela pegou um atalho no meio da mata densa e lágrimas volumosas romperam por seus olhos.

Desde o começo, ela sabia que aquela paixão era uma loucura. Mas não fora uma escolha sua. Ao contrário. Ela lutou o quanto pôde para não se deixar dominar por aquele sentimento.

Por mais que tivesse tentado escapar, o fato é que o amor em seu peito só cresceu desde que o furacão chamado Eduardo surgiu em sua vida. E, como todo furacão, ele causou uma série de danos... E as certezas que a mulher forte, independente e realizada que era até então, foram todas levadas pelo redemoinho.

Como poderia ter resistido a um sentimento tão avassalador? Como poderia ter resistido aos clamores do próprio coração?

Seria muito injusto não admitir que nunca se sentira tão completa e feliz nos braços de outro homem. Nunca sentiu tanto desejo e prazer com nenhum outro. O problema é que aquele relacionamento, apesar de ter superado barreiras quase intransponíveis, parecia frágil demais para sobreviver à verdade. Aliás, ela sempre soube que um relacionamento não poderia resistir à falta de confiança, a mentiras. E insistir naquilo talvez tivesse sido mesmo um grande erro.

Era certo que aquele ar de mistério que Eduardo carregava, no início, causara-lhe um certo fascínio, admitia agora. Mas aquilo também criara uma brecha entre eles que, com o tempo, só piorara e tornara-se um verdadeiro abismo.

O vento se fez um pouco mais forte neste momento e a sensação que estava sendo novamente observada, causou-lhe um frio na espinha. Ainda assim, ela não pensou em voltar para casa. Aquela paranoia não tinha qualquer sentido, disse a si mesma. De qualquer forma, adentrou pelo mato ainda mais denso e começou a abrir caminho até chegar próximo a um riacho.

Talvez Eduardo ainda estivesse em sua casa e ela precisava de um tempo sozinha ou iria enlouquecer.

A sensação passou e as lágrimas ajudaram ao menos para que se sentisse minimamente resignada. Não havia mesmo nada que pudesse fazer. Aquela história de amor fora apenas um capricho do destino e o fim era algo inevitável.

Corações Selvagens (Capítulos para degustação)Where stories live. Discover now