As grandes portas do armazém tinham um tom acinzentado que se misturavam com a furrugem nos cantos, e dava um ar desagradável àquela estreita rua deserta. Era afastado de tudo. Tudo mesmo. Dava até para ouvir o som de grilos cantando, e ver um horizonte bem distante, com casas urbanas e prédios com janelas iluminadas. Um pouco mais à frente, afastado da entrada, um carro moderno ganhava destaque por sua cor azul em meio ao breu.

     Sam saiu do carro carregando uma Desert Eagle calibre 44, e eu, uma Ruger SP101. Ambas carregadas com balas de sal. Num suporte de quadril, guardamos uma calibre 12 de bolso, só pra previnir. E por fim, no tornozelo, uma faca banhada em água benta.

— Você vai ficar bem? — perguntei à Cass.

— Sim, fique tranquila. — a ponta da Lâmina Celestial, arma que todos os anjos possuem, surgiu em sua mão, por baixo da manga de seu sobretudo.

     Dei dois tapas leves no ombro de Castiel e voltei à caminhar em direção à entrada principal. Meus saltos estavam fazendo um barulho absurdamente alto, por mais que eu tantasse andar mais devagar. Já disse o quanto odeio o silêncio? Não era uma real desvantagem, visto que não tinha absolutamente ninguém ali, mas se tornou irritante.

    As correntes estavam trancadas por um cadeado extremamente enferrujado, o que logo nos fez perceber que, quem quer que tivesse entrado, não entrou pela porta da frente. Mas não havia outra maneira, não havia nenhuma outra entrada, e as janelas eram altas demais.

— Mas que droga! — falei focada no cadeado, intrigada com a situação — Como?

— Não sei. — Sam balançou a cabeça em desaprovação — E se... — coçou a cabeça para pensar, fazendo menção de que ia falar algo — Não, esquece. — desistiu.

— Fala. — sugeri.

— E se Natanael se teletransportou?

— E precisaria do carro pra quê? — apontei em direção à Ranger Rover à direita.

— É, foi nisso que pensei.

      A questão não era como iríamos entrar. Aquilo seria fácil; um tiro no cadeado, e as correntes se soltariam. Mas o que encontraríamos se fizéssemos isso? Alguém chegou ali antes de nós, talvez fosse Natanael, mas não havia nenhuma garantia. E se esse alguém não abriu aquela porta, havia um motivo.

     Meu olhar encontrou o de Sammy, que exalava dúvida e incerteza, mas que logo assentiu e atirou no cadeado, fazendo as correntes deslizarem pelas maçanetas, e se embolarem no chão. Puxamos a porta, que soltou um som estridente que ecoava forte pela parte de dentro. Sam deu passos à frente ligando uma lanterna pequena que tirou do bolso, cruzando os pulsos enquanto sua outra mão segurava a calibre 44. Meus passos, por mais lentos que fossem, ecoavam no mesmo volume do som estridente da porta, dentro de um espaço frio e vazio, em meia-luz devido as grandes janelas no alto da parede.

      Nas àreas iluminadas não havia muito além de armários gigantes cheios de caixas de papelão, que segundo as nossaa verificações estavam vazias. No máximo respingos de sangue, que passei a ponta dos dedos, e me certifiquei de que não estavam frescos. Sam olhou para o teto, me fazendo olhar também, e notar pilares, o que não foi uma informação muito relevante. Nossos passos naquele momento foram em direção à única porta do ambiente, e confesso que uma sensação de insegurança me dominou, afinal, o clima era completamente mórbido, eu certamente seria uma idiota se não estivesse com medo.

If I Had Wings (Hiato)Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ