CAPÍTULO 130 - Apresentando o plano B pro dr. Alberto

1.6K 202 22
                                    

E aqui o Kiko dá um cheque-mate no pai, avisando que a vida que dr. Alberto planejou pro filho não é a única opção que ele tem ...

Mas, será que esse pai ligeiro tá dando essa confiança toda pro filho..?

..........................................................

**Cristiano**

Terça-feira completava seis dias que a gente tinha voltado pra debaixo do mesmo teto. Retomei a rotina do trabalho, o que, sem novidade, não passou despercebido pelo meu velho.

Fim de tarde, fui chamado na sala dele pra prestar contas sobre a reunião que havia acabado de encerrar com os novos clientes, o que tomou exatos três minutos do nosso tempo. Já que, o que interessava mesmo era saber da minha vida com a Camila.

— E estão vivendo como?

— A base de sexo, banheiro apertado e comida de Shopping.

— Isso é bom?

— Com ela, pai? Até o inferno.

Ele me devolveu um dos seus raros sorrisos.

— Voltam quando para casa?

— Talvez nunca.

— A razão?

— Ela não consegue encarar quem eu sou.

— Por que?

— Medo, rejeição...

— Isso é você.

— Não pra ela, dr. Alberto. Ela se envolveu com outro Cristiano, quando a gente começou.

— Que não existe.

— Pra ela existiu. E é aí que tá o problema. Ele era compatível com a Camila. Eu não sou.

— E como vai resolver?

— Não sei. Você podia me ajudar, hein...?! Que tal? Sempre acha solução pra tudo. — e arranquei um meio-sorriso dele. — Até a Samara, você livrou da cadeia. — eu devia, mas não consegui deixar essa de lado.

— Bom... Você já pensou em alternativas. — como sempre, ele não passa nem perto de comprar minhas provocações.

— Já.

— Quais?

— Vou direto pra que tem a maior chance de dar certo.

E me calei, pra ver se dr. Alberto tava realmente interessado em saber.

— Qual é? — ele tá interessado...

— Ir embora com ela daqui.

— Para onde?

— Estados Unidos, Inglaterra. Ainda não sei.

— Ela quer te afastar da sua família. — não foi uma pergunta.

— Sou eu, pai, que quero afastar ela de tudo que não é compatível.

— Inclusive eu e sua mãe. — outra não-pergunta.

— Principalmente. — talvez por essa ele não esperava. Logo se calou, pensativo.

— Se é esse o caminho, por que me pede ajuda?

— Aí é que tá. A decisão não tá tomada. Por isso eu dividi com você... Pra você me ajudar a pensar.

Dr. Alberto mexendo desconfortável na cadeira não é algo que se vê todo dia. Mas eu tava adorando prensar meu velho na parede. Afinal, ele fez por merecer. Acho que em qualquer cenário projetado, ele não previa o "filhinho do papai" aqui indo tão longe.

— E o que me diz?

— Para mim, a decisão está tomada e você só está me comunicando. — esse é dr. Alberto saindo pela tangente quando sente o raro gosto da derrota.

— Pode ter certeza que não, pai. Eu só queria enxergar outra solução que não fosse essa.

— É uma mudança bastante brusca.

— Concordo.

— E você está disposto?

— Sem nem pensar duas vezes.

— E ela?

— Ela quer ficar comigo. Se for o único jeito da gente tar junto... — e deixei a frase sem terminar.

Eu podia ver a apreensão nos olhos dele por baixo dos óculos, mas a feição, assim como o resto, sempre impassível.

— Posso contar com a sua ajuda?

Ele ergueu a mão no ar num gesto de dúvida e depois recolocou sobre mesa.

— Quero conversar com ela.

— De jeito nenhum!!! — me exaltei.

— Se quiser minha ajuda, devo no mínimo ouvir os envolvidos.

— O que você precisa saber, eu já disse aqui. Deixa a Camila fora.

— Ela tem medo de mim. — outra não-pergunta.

— Ela tem medo de mim, dr. Alberto. Imagina de você? Ainda mais depois da palhaçada do sequestro.

— Você pensou em acompanhamento psicológico para ela?

— Por qual razão?

— Algum trauma não digerido.

— Fica tranquilo que o trauma dela não tem relação com o sequestro diretamente... — puxei o ar com força, puto da vida.

— Por isso, eu deveria conversar com ela. Eu sei que o problema sou eu.

— Não só, pai... Você, lógico, foi a cereja do bolo, mas não é o único. É a combinação de coisas da minha vida que torna a gente incompatível.

— Está difícil ajudar.

— Você é o melhor que eu conheço. Sei que vai pelo menos tentar. — e já pulei da cadeira, logo depois de encher a bola dele.

Quando tava com o pé pra fora da sala...

— Você tem alguma coisa contra ela, pai? — acho que nunca tinha perguntado isso pra ele.

Ele sorriu de verdade, daqueles raros momentos "ternura" do dr. Alberto.

— Alguém que faz meu filho chorar, em princípio...

— Ela é a única que pode.

— Se ela pode. Do meu lado...

— Beleza... — e fechei a porta atrás de mim.

Confesso que nunca me senti tão bem depois de uma conversa com meu velho. E acho que passei o recado.

Apesar de ainda depender dele, queria que soubesse que ficar na Performer, debaixo da asa dele, não é a minha única opção. Só espero que ele não pense que eu tô blefando.

Porque, sinceramente, eu não tô...

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde as histórias ganham vida. Descobre agora