CAPÍTULO 49 - Plantão na porta da casa da Luiza

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E pra quem queria ver esse gatinho da Mila sofrendo... a partir de agora vai ter que segurar o coração na mão e aguentar firme.

Depois não diz que não avisei, hein?

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**Camila**

— Camis! O Kiko ainda aí.

— Meu Deus!

— Ele disse pro Seu Mário que não ia atrapalhar o trabalho dele, que não era uma ameaça... Só ia ficar ali, na porta, esperando.

Eu fiquei balançada com o que o Kiko tava fazendo. Mas não tinha jeito mais...

— E aí??? — de repente, a Lu interrompeu meus pensamentos.

— O quê?

— Não vai dar uma chance pra ele?

— Não, Luiza!!! De jeito nenhum... Não tenho mais nada pra falar com ele!

— Desce lá, Camis. Conversa um pouco... De verdade, amiga... Esse cara é louco por você. Acho que você devia dar uma chance...

— Lu... Se você continuar me pedindo isso, eu vou embora. — e falei sério com ela.

— Tudo bem... Desculpa. — ela finalmente recuou, respeitando a minha vontade.

***

Recostada na cabeceira da cama, apertei os joelhos dentro dos braços pra descarregar a raiva e não olhei mais a minha amiga nos olhos. Eu sentia um ódio muito maior de mim, por não conseguir desgarra-lo do meu coração, que dele e de tudo que ele fazia. Ainda mais, sabendo que os sentimentos eram recíprocos.

Doía fazer aquilo com ele, com a gente... quando meu corpo inteiro implorava pelo oposto. Mas não tinha como mais. Eu não conseguia aceitar. Jamais olharia pra ele da mesma forma. Ao mesmo tempo que viver sem ele parecia impossível...

Mas... Que ele? Quem é ele? O que é ele além de um mentiroso deslavado? Eu não sabia mais nada...

A única coisa que tinha certeza é que tirar o Kiko do meu coração era próximo do impossível. Mas inevitável se eu quisesse ter a mínima chance de tocar a vida adiante.

Dormi no quarto da Luiza, mas demorei a pegar no sono. Sorte que minha amiga, mesmo cansada, ainda me emprestou os ouvidos por mais um tempão. Fomos dormir já passava das duas da manhã. Eu morrendo de dó dela, que iria acordar cedo por causa do estágio. E, inevitável, daquele dissimulado por ter ficado ali embaixo, fazendo plantão na porta do prédio da Lu.

Será que ele ainda tá aqui? Tadinho... Nem sei como eu ainda me importava com ele, mas o fato é que eu me importava.

***

Na manhã seguinte, levantei sem pressa por volta das nove da manhã, ainda preocupada com que tinha acontecido a ele.

Dona Helena já tinha ido trabalhar. Quando fui até cozinha, pegar um copo d'água, dei de cara com a Luiza.

— Você não foi trabalhar??!!

— Não, Camis... Fiquei aqui pra fazer companhia pra você.

— Não acredito, Lu!... Não queria atrapalhar sua vida.

— É uma exceção, minha amiga. Nem se preocupa. Eu liguei pra minha chefe e tudo certo por lá.

— Sabe se ele foi embora?

— Não tenho ideia, mas acredito que sim. Fiquei preocupada com ele, Camis.

— Eu também, Lu... Mas não quero mais saber dele. Me ajuda a tirá-lo da minha vida. Por favor...

— Eu ajudo, Camis. Agora... você precisa conseguir tirá-lo do seu coração. E isso só você pode fazer.

— Eu sei... — e reprimi outra vontade de chorar. Não aguentava mais chorar por causa dele.

A Lu interfonou pro porteiro pra saber dele. Por mais que não quisesse ter contato, eu ainda me preocupava com aquele desalmado. E, depois dele ficar um tempão ao relento, na porta do prédio, a Lu começou a dividir comigo a mesma preocupação.

O porteiro que tava trabalhando disse que o turno do seu Mário já tinha terminado e que não viu ninguém por ali desde que chegou, às seis da manhã.

Comi umas torradas só pra não ficar com o estômago vazio, mas nem fome eu sentia.

Deitei no sofá com a TV ligada, mas sem conseguir prestar atenção. A Lu ainda tentou puxar assunto pra me ajudar, mas logo se calou.

Eu não tava em condições de conversar...

Era uma mistura de sensações ruins que me afundavam no lodo com ainda mais força.

Como se não bastasse a vergonha monstruosa que passei no trabalho e o fato de eu me achar a pessoa mais idiota do mundo, ainda tinha que lidar com a preocupação com ele... Além do amor que eu também sinto e que nunca imaginei que seria tão difícil de superar.

Sei lá... Tava tudo confuso demais. Angustiante demais...

Como a pessoa que eu mais amo na vida me fez passar por tanta coisa ruim?

Confesso que era o que eu mais temia — me apaixonar por alguém e não ser correspondida. 

Ou pior, ser enganada. E infelizmente foi o que aconteceu...

Era difícil demais, pra não dizer impossível, acreditar naquele desalmado, depois dele ter mentido daquele jeito... Se passado por outra pessoa... Me feito de idiota... Ninguém em são consciência faria uma coisa dessas com quem gosta.

E os amigos dele, então??? Pareciam tão legais comigo. No fim... eram tudo parte do esquema pra enganar a tonta-imbecil aqui.

— Ele te ligou de novo, Camis? — e a Lu me trouxe da viagem angustiante pelo meu âmago.

— Não, Lu... Não ligou mais hoje.

Senti um certo alívio, mas, na real mesmo, eu sentia uma tristeza aguda, como se alguém tivesse morrido. Era a pior sensação que já experimentei na vida.

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**Cristiano**

Passei a noite na porta do prédio da Luiza, esperando uma chance de me explicar pra Camila. Eu precisava dessa chance, mesmo sabendo que não merecia. Mas, como era de se esperar, não fui atendido.

Voltei pra casa, já passava das quatro da manhã.

Quando girei a maçaneta da porta... senti, pela primeira vez, que tudo tava acabado mesmo. Era o fim...

O vazio ao atinar que minha linda tinha saído da minha vida pra sempre era algo inexplicável. Impossível de descrever...

E perdi a vontade de tudo. Só queria um buraco negro em que pudesse me atirar pro nada e ver se assim colocava um fim nessa dor que se apossou de cada célula do meu corpo.

(COMPLETO) Meu mundo é dela! - A história da Mila e do Kiko...Onde as histórias ganham vida. Descobre agora