Veredito: a versão dele...

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Bom, fui encontrar o Tiago na quarta feira seguinte, que era o dia da semana que ele tem folgava. Já o tinha avisado que iríamos discutir certos pontos e estava decidido a devolver aliança e acabar com essa palhaçada toda. Fiz ele ir até Osasco, viajou bem mais do que eu e fomos no shopping.

Chegando lá, começamos a conversar. Para não colocar os muitos diálogos que rolou, vou fazer uma síntese:

Ele:

"Eu percebi que você ficou com raiva, mas eu tive meus motivos também. Imagine você no meu lugar: Levou um amigo de internet, que eu nem sabia quem era, sem contar que eu nem sei se você me diria que ele iria caso eu não fosse. Por que eu disse que ia, mas se eu não fosse, quem sabe o que você teria feito com o Bruce. Ai eu tirei a aliança pra ver sua reação, e pelo menos pude ver que você se importava. Eu testei você."

Eu:

"Quer um conselho? Não me teste. Relacionamento não é um jogo e eu não estou saindo com uma criança; Tudo vai de você chegar em mim e dizer: Eu não gostei disso, disso e daquilo. E pra você ver como a honestidade custa caro. Eu te contei que ele era amigo de net quando eu poderia ter dito que era amigo de tempos."

Ele:

"Pois é, acho que nós dois erramos em diferentes pontos e você não pode jogar a culpa em cima de mim. Sem contar que me acusar de olhar pro Bruce? Eu sempre olho nos olhos de quem eu converso e infelizmente o Bruce estava me dando mais atenção que os outros."

Eu:

"Ainda assim, o lance do anel foi sacanagem, e tem um custo. Ele tá aqui no bolso e daqui não sai."

Ele:

"Mas isso é injusto."

Nos sentamos na praça de alimentação e ele começou a falar de novo.

 —Às vezes eu não entendo o que está acontecendo entre a gente. Eu já te disse que gosto de você. Já disse o que eu quero. Eu entendo por que estou com você... Mas não entendo por que você está comigo. As vezes penso que você está de boa e que eu tô procurando algo sério.

Aquilo me preocupou, obviamente. A pior coisa é gostar de alguém e não sentir que essa pessoa gosta de você. A tal questão do rítmo. Será que estávamos em sintonias diferentes? Será que eu estava enrolando demais? Fui sincero dizendo que tinha pensado que seria o fim, pois não conseguia mais pensar nele como antes, mas depois da conversa (o segredo é a comunicação) voltei a sentir conforto perto dele. Ele teve suas razões afinal...

Conseguimos nos beijar em dois locais do shopping, às escondidas, mas nada muito profundo. Mas ainda assim foi um ótimo passeio, muito bom fazê-lo vir até mim pra variar as coisas. Ele insistiu que eu colocasse o anel e pra ele não perder o trem pra sampa eu o coloquei. O cerco estava se fechando. Eu tinha que tomar a decisão se esse seria meu primeiro relacionamento. Pra fechar, teve um momento muito legal em que eu disse:

—Não sei se um dia vou estar pronto pra me relacionar. Não sei nem se as pessoas sabem que estão prontas... Ou se devem estar...

—Uma dica: Tenta. Você nunca vai saber se não tentar. Comece. Se não der certo, termina. Mas não fica na dúvida...

Quem sabe este não seja aquele que eu venho procurado há tempos.... um herói pra me salvar... Pra me mostrar esse mundo desconhecido...

Diário de um ex-virgem gayOnde as histórias ganham vida. Descobre agora