Primeira vez: Parte 5 - Quem procura... se frustra

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"Sim, tenho coragem."

Entramos, eu e o Leonard, e nas escadas, ele nos esperava. Sorriu quando nos viu e nos conduziu a seu quarto. Vagarozamente, tiramos nossas roupas e começamos a nos beijar intensamente. Eu estava um pouco tímido, mas aproveitei a animação da dupla para me jogar no meio. Naquela noite, tive minha primeira vez, e logo de cara foi um Ménage à trois. Inesquecível.

Foi o que passou pela minha cabeça naquele instante, milésimos antes de responder:

—Claro que não! Sou virgem, quer que eu comece com dois de uma vez?

—Também não tenho coragem. - Completou Leonard, enquanto dávamos as costas ao hotelzinho fuleiro, à minha tão sonhada noite e ao gato que passou por nós. Aposto que o Leonard iria se estivesse só. Talvez eu tivesse ido se estivesse só.

Voltamos ao barzinho, fiquei com o Leonard naquela noite, mas já não era mais o boyzinho intocável, já não era mais a emoção de uma possível transa e com ele sempre tive um senso de que as coisas jamais chegariam a um namoro. O que estávamos fazendo ali era o que? Tenho necessidade de definir coisas.

Fui para casa indefinido, derrotado e desanimado por aquela força que não me deixava ser normal. Afinal, o que me impedia de ser feliz por uma única noite? Meus amigos se decepcionaram tanto quanto eu daquela morte na praia.

Dali por diante, Leonard ficou distante. Desapareceu por quase duas semanas. Não ligou nem mandou mensagem. Eu desanimei. Quase fomos na Tunnel juntos, mas ele disse que talvez fosse numa festa na paulista. Fui na Tunnel com o Ed e ele não apareceu, no dia seguinte disse que ficou em casa, dormindo. Acredito!

Então, depois desse sumiço inesperado, ele apareceu no msn, onde já não tínhamos muito papo. A química estava morrendo. Ele contou que foi para o sítio dos pais e que não tinha como mandar mensagem.

—Leonard, eu só queria lhe pedir que quando nosso lance acabar, você me diga para que eu não fique me iludindo.

—Nossa, mas o que foi que eu fiz?

—Nada, é só o que eu te peço.

—Tá ok.

Eu então tentei complementar.

—Gostaria de saber em que pé estamos em nosso lance, definir o que somos.

Mas era tarde. Ele ficou offline. E assim terminou nossa história, tão repentina como começou. Tão friamente como começou, movida por quentura carnal e congelada pela procura de algo mais. Algo mais que nunca existiu, que eu sabia que nunca existiria. A gente se engana, se ilude e sofre por quem não está nem ai. Ao menos alguns de nós.

Nos dias que se seguiram, tentei bate papo, orkut, troquei dez msn, excluí onze, não consegui nada. Então, decidi parar de procurar. Janeiro estava chegando na metade, minha meta era março. Mas as esperanças se acabaram. Afinal, se eu me entregasse, tinha que ser a quem valesse a pena ou simplesmente a quem sentisse o desejo? Só sei que nada sei. Cheguei ao climax e tudo esfriou novamente. Um amigo que tenho somente online me falou:

—Eu, quando era virgem, procurava que nem você. Não adianta procurar, nem marcar. Apenas deixe a vida conduzir.

—Hum, legal... e com quantos anos você perdeu a virgindade?

— Quatorze anos.

—Nossa, procurou bastante, né? Eu, nove anos mais velho, quer que fique como? Esperando acontecer?

Cheguei a uma única conclusão: Sexo não é meta, sexo tem que vir naturalmente. Então, deixei o resto nas mãos do acaso. Não demorou muito para ele se manifestar...

Diário de um ex-virgem gayOnde as histórias ganham vida. Descobre agora