Virada Cultural: Parte I: Uma longa noite

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Uma grande colisão estava nas expectativas dessa virada cultural.

Ano passado, eu tinha ido sozinho no evento e tinha sido demais.

Estranhamente, esse ano eu tinha conhecido mais pessoas e então resolvi convidar todo mundo de uma vez só. Chamei o Manoel (um carinha que conheci, e que acabamos não ficando, desenvolvendo uma amizade) e ele disse que iria com umas amigas; chamei o Tyler, um garoto que ainda contarei a breve história, a quem chamo de "marido"; Thinker, o pensador, leitor dos meus textos (sim, eu gosto de escrever), mas ele disse que ficaria pouco (e meu objetivo era varar a noite); o ex-namorado do Ed (que ano passado apareceu com ele lá na Virada e ficou mais ou menos uma hora, eles estavam juntos na época); e o segurança.

Enfim, toda uma gama de pessoas que conheci ao longo desse ano e dos anteriores.

E tinha o Albano. Este foi o único que consegui confirmar realmente.

Marcamos de nos encontrar oito e meia na transferência do trem para o metrô, e ele atrasou bastante. Como não nos conhecíamos, fiquei pensando que todos eram ele. Finalmente ele chegou acompanhado de um rapaz de um metro e noventa e uma garota e dois caras.

Apresentou-nos, não guardei o nome de todos:

—Este é o Turco.

Era o rapaz de um metro e noventa. Depois de apertar a mão de todos é que o Turco me puxou para o lado.

—E ai, cara,tudo bem? Finalmente nos conhecemos.

Sim!! O Turco era o cara pelo qual eu tinha conhecido o Albano. Mas acabei tendo mais contato com o Albano. Conversamos uns minutos e ele falou que não estava namorando, mas que tinha bastante gente de internet querendo.

—No caso, não confio nesses caras... Agora com você e o Albano, é diferente. Nos conhecemos agora.

—É, é sim...

Respondi, ainda assustado com o tamanho dele. Infelizmente ele teria que ir embora, pois para sua mãe ele estava trabalhando.

Albano ainda estava esperando o Mauricio, aquele que levei na Tunnel. Logo ele chegou.

Eu queria ver o show de orquestra que tocaria Carmina Burana na estação da luz, era a única programação que tinha em mente. Mas o Albano disse que seria difícil chegar lá, eu tinha combinado com eles que iria lá as dez e depois os reencontraria. Mas acabei pegando o trem com eles e indo para o Anhangabaú, onde iria pegar mais pessoas (quanta gente esse cara conhece?)

No grupinho, estava eu, Albano, Fê, um rapazinho que frequenta a Tunnel (eu meio que o reconheci, será?), Mauricio, Vanessa e Danilo (estes dois amigos, ele conheceu o Albano e ela foi de companhia).

—Ele é hétero? - Perguntei baixinho ao ver ele agarrado com a menina.
—Arthur , olha pra cara dele, rsrs. Não, ele não é hétero.

Até que era bonitinho o rapaz. Caminhamos do Anhangabaú para a República meio perdidos. Eu fiquei mais perdido que o resto, pois as panelinhas sempre inevitáveis estavam formadas a nível de intimidade. Albano com seus dois amigos mais conhecidos e a menina com o carinha. Aos poucos fui concluindo que seria uma looonga noite, mas não estava nem ai, só fui curtir, mesmo que ficasse sozinho, aquela noite seria inesquecível como a do ano passado.

E de fato, foi...

Chegamos na República, onde vimos alguns gostosos praticando Le Parkour, eu fiquei de olho, é claro.

Vimos algumas pessoas com mapas da programação da Virada e eu perguntei a uns desconhecidos aonde arranjava, mas eles disseram que tinham pego no dia anterior.

Acabou que o Danilo conseguiu com uma mulher bondosa. Os dois amigos de Albano chegaram, um de dezoito anos e outro menor que disse ser hétero. Não soube o nome dos dois.

Fê queria achar uma pista gls e começamos uma jornada em busca de uma. Mas achar ali seria meio complicado, considerando que em nosso guia não tinha especificado.

No caminho para a Sé, me aproximei do Danilo e da Vanessa e começamos a conversar um pouco. Contei que não era assumido; ele era, mas os pais o colocaram em uma psicóloga para tentar curá-lo. Ele então disse que funcionou e seu pai acreditou! Mas mãe sempre sabe...

Chegamos na Sé. Estava rolando uma grande balada, mas não ficamos ali por muito tempo, pois o Fê insistia em um local gls. Descemos de volta ao Arouche, onde achamos uma pista e começamos a dançar. Adorei o jeito tímido do Danilo dançando (ele nunca foi em uma balada). O clima ficou mais agradável e a noite estava só começando...

Diário de um ex-virgem gayOnde as histórias ganham vida. Descobre agora