Capítulo 15

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Henrique

Paro o carro em frente à escola de Lila e sem que pudesse conter bato a porta seguindo a passos largos até onde Ramon avisou que esperava. Não conseguia acreditar que ela havia feito isso. Era a minha filha.

- Lila. – Chamei me aproximando.

- Por que não disse? Por que não falou que ela estava solta? – Perguntou chorando e a peguei nos braços.

- Desculpe meu amor, se calme. – Pedi acariciando sua cabeça.

- Eu não pude prever senhor, ela apareceu de surpresa e ainda esta aqui.

- Como assim?

- Ela disse que iria comprar uma água para Lila.

- Leve-a para casa, eu ficarei e resolverei o problema.

- Tem certeza senhor?

- Pode ir.

Sentei onde anteriormente Lila estava e aguardei que Laura retornasse. Qual era o problema dessa mulher? Era a minha filha o meu ponto fraco e ela sabia disso.

Lila teve parte da sua infância muito afetada por Laura e agora que ela esta crescendo tudo parece ganhar uma proporção ainda maior e eu não permitiria que Laura fizesse isso novamente.

- Henrique?

- Surpresa? Quer dizer, eu deveria estar não acha? O que você pensa que esta fazendo? – Perguntei levantando-me.

- Ela é minha filha e isso é algo que você não pode negar.

- Você não tem direitos aqui Laura, uma ex presidiaria desequilibrada e obcecada pela minha família. O que achou que fosse conseguir com isso? Uma vingança para algo que você mesma fez?

- Te perturba não é? – Perguntou colocando a garrafa de água no banco. – Saber que eu sou mãe da Lila? Que ela pode querer explicações... Que ela pode querer mudanças. Isso te perturba.

- Não fala besteiras.

- Isso é verdade. – Disse sorrindo. – Você tem medo de perder sua filha, sua mulher, tudo... Você vive para elas e se perde-las já era. O seu ponto fraco é mais do que exposto Henrique.

- Você é louca. – Afirmei e Laura sorriu debochada.

- Eu sou mais que isso meu amor. – Se aproximou segurando em meu rosto. – Eu sou o seu fim. – Sussurrou antes de me afastar.

- Suma da minha frente. – Mandei.

- Até logo babe. – Sorriu recolhendo a garrafinha de água e saiu deixando-me parado.

O que ela estava fazendo com a minha vida? Por quê? Será que eu não poderia apenas viver em paz.

Miranda

- Como assim?! – Simone perguntou histérica.

- Não me leve a mal é uma questão de corte de gastos Simone.

- Você esta me demitindo? – Perguntou e a porta da sala se abriu passando por ela um Henrique atordoado.

- Preciso falar com você. – Disse e assenti.

- Bom, é isso Simone, você tem até o fim do dia para arrumar suas coisas.

- Henrique, ela esta me demitindo! – Exclamou e Henrique olhou para nós depois de se servir de uma dose de uísque.

- Isso não é problema meu. – Afirmou colocando uma pedra de gelo no copo.

- Como?

- Sabe? Faz um tempo que eu venho querendo conversar com você também e apesar de estar um pouco descontrolado agora eu devo lhe dizer que essa demissão será por justa causa.

- Impossível.

- Lembra-se daquela merda de tarde alguns anos atrás? Aquela em que eu debilmente fiquei do lado errado? Daquela em que eu fui influenciado por uma mulher que eu achei que pudesse confiar? Então... Ramon como sempre nunca falha e depois que voltei com Miranda comecei a perceber as pontas soltas da historia que eu nunca havia me alertado a procurar.

- Henrique eu não sei--

- Permita-me, por favor, terminar. Enfim... Quando você me disse o rombo na empresa do meu pai, quando você me disse o quanto havíamos perdido e o quanto Miranda era culpada por isso eu fique louco. Era a empresa do meu pai e eu havia colocado nas mãos de alguém que eu achei que pudesse confiar. Mas então Ramon conseguiu o projeto certo da coleção daquele ano, as peças eram impecáveis e então fuçando mais um pouco descobrimos o quanto Simone no caso você... Havia pagado para Hugo boicotar o projeto e consequentemente Miranda.

- Isso é loucura. – Simone protestou e me sentei cruzando minhas pernas.

- Então Ramon me entregou as provas, ligamos os fatos e amor... Perdoe-me por nunca ter me desculpado. – Disse e acenei.

- Eu me sinto melhor com isso. – Afirmei.

- A escolha é sua Simone, aceitar a demissão... Ou pegar algum tempo na cadeia que talvez lhe faça bem. – Henrique afirmou e Simone olhou para ele.

- Eu assinarei a demissão no RH assim que terminar de arrumar as minhas coisas. – Murmurou e assenti.

- Ótima escolha. – Afirmei. – Pode sair agora.

Simone passou pela porta como um furacão e liguei para a minha secretaria.

''Senhora.''

''Prepare a demissão de Simone e Hugo, avise a ele e não deixe que ninguém me incomode.''

''Sim senhora.''

- Será que pode tirar a fachada de mulher de negócios para que eu possa ter a minha mulher agora? – Henrique perguntou largando o copo.

- O que aconteceu? – Perguntei e Henrique virou minha cadeira de frente para ele.

- Eu preciso que me ajude. – Pediu se ajoelhando a minha frente e pousou sua cabeça em minhas pernas.

- Henrique ... Amor o que foi? – Perguntei passando meus dedos pelos fios de seu cabelo.

- Laura foi até Lila. – Afirmou e senti meu sangue gelar.

- O quê?

- Ela não pode fazer isso comigo Miranda, é a minha filha. – Disse e olhei para ele.

- Henrique...

- Nada pode acontecer com ela, com você ou com a Moly, eu não posso mais, me sinto impotente por ter deixado Laura chegar tão facilmente a nós.

- Amor tem coisa que estão fora do nosso controle por mais que tentamos controla-las. – Murmurei e Henrique se calou por alguns minutos e então ele chorou.

Até os fortes quebram às vezes e Laura estava mexendo com o que Henrique tinha de mais precioso. Pela primeira vez eu vi o meu Henrique realmente assustado e aquilo me doeu mais do que eu poderia imaginar.

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Um capítulo novinho pra vocês. Espero que gostem meninas. Até o próximo. Abraços ;)

Decontrol. ( Segunda temporada de Controller. )Where stories live. Discover now