No jantar posso afinal, conversar com Edgar.

– Então, como foi o seu dia, Edgar? – Digo, tomando a primeira colher de sopa.

– Oh, você não gostaria de saber! Tive várias aulas chatas de geografia, história e economia. Nada de interessante ocorreu... Porque preciso ter essas aulas, Celine? A única coisa divertida de hoje, é te ver – é claro que ele reclama em um tom baixo, e os outros a mesa não podem ouvir. E é claro que me alegro em ouvir a última parte, e aguardo todos os dias esses momentos de alegria.

– Fico contente saber isso... E ao se casar poderá dispensar as aulas, com um bom conhecimento para reinar.

– Então, amaria prosseguir com as aulas, se não tivesse de casar... – Exclama em um tom irônico. – E como foi o seu dia? Desejo que tenha sido melhor que o meu.

– Oh, verificamos vários detalhes do baile, nada de especial. E a minha amada aula de piano.

– Amanhã você tocará piano para mim outra vez! Eu amei vê-la tocando.

– Se é isso que deseja. Mas e você? O que irá fazer no seu aniversário? Em contraste a mim, teve a oportunidade de escolher um presente, não há bailes para rapazes.

– O presente que escolhi é um segredo.

– Você gosta mesmo de segredos.

– Eu os adoro.

Eu acho que não guardo segredo algum. Se há coisas secretas na minha vida, são as que nem eu conheço.

No meu quarto, com France deslaçando meu espartilho, ela também me questiona sobre o decorrer do meu dia.

– Muito interessante. Vimos vários detalhes do grande baile, vai ser um evento muito belo. Estou muitíssimo ansiosa. E a aula de piano, estou aprendendo a compor.

– Que bom que gostou do seu dia. Também estou ansiosa para a ocasião – ela fala enquanto alcança a minha camisola na gaveta.

– Espere! Hoje poderia pegar a outra camisola branca? – Uso todos os dias a mesma camisola ao ir ao esconderijo, será bom variar. Essa é branca, bem como a outra, entretanto é mais curta, bate no meu joelho, e tem detalhes rendados em baixo e nas alças.

– Sim, Vossa Alteza, a apanharei.

Por fim, estou desacompanhada. Eu gosto do meu quarto, ele é confortável e antes começar a buscar por esconderijos, era o meu lugar favorito. É um espaço grande, as paredes são de um azul carinho e o teto azul escuro. Há dois sofás pretos grandes, com as bordas douradas e retalhos de ouros nos braços. Há também um divã, todo vermelho, que é muito confortável. O lustre é dourado, como a maioria. Os quadros decoram as paredes. Tenho dois favoritos, uma pintura de Dipertionis, e o outro é de um casal, que olham um lago melancolicamente. Suas faces não aparecem, e os tons da pintura são frios. O guarda roupa é de um tom de madeira escuro, e é imenso. E por último a minha cama, ela é muito espaçosa, e é dourada, com muitos travesseiros vermelhos e peludos.

A luz de velas e descalça ando sem objetivo pelo meu quarto. A minha vida melhorou tanto. Eu tenho vontade de correr, gritar, chorar, sorrir e sentir. Olho o céu pela janela e faço desenhos imaginários com as estrelas. O vento, que está violento, bate no meu rosto. Passa-se o tempo necessário para que todos estejam em seus aposentos e olhando o lado de fora, quase adormeço no banco que há na parede da janela.

Sento no sofá vermelho, já no esconderijo, e suspiro. Ele ainda não chegou, e logo chega. Sento do meu lado e diz:

– Não estou com sono, Celine! Vamos passear hoje!

O Céu de CelineWhere stories live. Discover now