Depois mamãe me avisou que a Samantha se mudou para a casa de Seamus e que eles tentavam se virar por conta própria. Nunca entendi como eram a relação dos dois com seus pais, mas eles pareciam solitários e isso só devia ter agravado a situação da Samantha, que nunca fora boa.

Matheus tomou coragem um dia e foi visitar a ex-namorada, assim como tomava coragem uma ou duas vezes por mês de ir visitar sua avó na clínica/casa de repouso. Meus sogros tentaram algumas vezes, porém Molly nunca aceitou o Connor.

— Leva uma foto das meninas — eu sugeri quando Matheus me perguntou sobre como ele mostraria para a avó que ela tinha bisnetas sem forçar um momento de lucidez nela. — Não dá para saber quando ela vai ter um daqueles minutos em que ela sai do alzheimer, então caso aconteça você já tem uma foto por perto.

Sete meses depois que as gêmeas nasceram, ele voltou para casa com um sorriso no rosto. Molly havia aprovado nossas meninas mesmo não sendo presente na vida delas.

Em contrapartida, senhor Remy as via como nunca. Dava para ver como ele se enchia de vida quando Chloé e Zoé lhes faziam uma visita na loja ou quando ele vinha até minha casa para visitá-las.

— Vai com o vovô, Zoé — sussurrei, deixando-o segurar a neta pela primeira vez.

Ele ficava incrivelmente feliz ao tê-las em seu colo.

Com o avanço dos meses elas cresceram, passaram a ficar menos dependentes de mim e deixaram de mamar comigo. Elas queriam suas próprias mamadeiras, escolhiam suas roupas com o apontar de um dedo, balançavam suas cabeças quando não queriam usar o acessório de cabelo que eu escolhi, aperfeiçoaram suas características e passavam a dormir mais. Com onze meses de idade elas já não eram as bebês que choravam de três em três horas pedindo por meu colo e meu abraço quentinho.

Elas queriam andar, balbuciar entre si e abraçar suas mamadeiras com leite e mel deitadas em seus berços adaptados enquanto diminuíamos as luzes do quarto e deixávamos seus programas de TV favoritos rolando bem diante de seus olhos numa televisão do outro lado da parede.

Matheus e eu ficávamos abraçados no sofá, assistindo ao noticiário ou jantando enquanto elas faziam isso e, numa dessas vezes, as ouvimos nos chamar como mamãe e papai pela primeira vez.

Mamã!

Papá!

As duas gritavam chamando por nós dois, estavam agitadas e trocando a ordem em que falavam para capturar nossa atenção. Eu e Matheus corremos para ver o que estava acontecendo e as encontramos sentadas nos berços, erguendo suas mamadeiras vazias e dizendo que já haviam acabado de mamar e que estavam prontas para dormir.

Matheus e eu ficamos tão eufóricos com as primeiras palavras delas que só conseguíamos tirá-las do berço e usar minutos da nossa noite a dois, beijando-as, sorrindo e as fazendo gargalhar sem parar.

Nós quatro juntos era a receita perfeita para o sucesso e uma noite feliz.

Depois de três aniversários, eu e ele decidimos nos casar. As gêmeas já estavam grandinhas, já se comunicavam com a gente e já iam para a creche. Como Matheus ia mais tarde para o trabalho, ele as levava e, pelo anoitecer, eu as buscava, por sair mais cedo que ele. Nós quatro desenvolvemos uma rotina e mesmo que não fosse fazer uma enorme diferença nos casarmos já que já morávamos juntos e tínhamos filhas, ter um anel que exibisse que pertencíamos um ao outro era muito importante para nós.

Preparamos tudo e seis meses depois estávamos todos viajando para a cidade de Belize, especificamente, para a ilha de Caye Caulker na América Central. Uma ilha paradisíaca com hotéis e pousadas super em conta, palmeiras, vento fresco, o cheiro da maresia a cada passo, passeios com direito a mergulho e peixes, lagosta e água de coco em todos os restaurantes.

Consequências de Uma Noite - Série Consequências Irreparáveis 1.5Where stories live. Discover now