Capítulo 2

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Things were all good yesterday
And then the devil took your memory
And if you fell to your death today
I hope that heaven is your resting place
I heard the doctors put your chest in pain
But then that could have been the medicine
And now you are lying in the bed again
Either way I'll cry with the rest of them

Afire Love – Ed Sheeran

Levou um pouco mais de duas horas para que Carol conseguisse me fazer parar de chorar e me convencesse a procurar a carteira do plano de saúde para ir até o hospital mais próximo.

Lá dentro, não tive coragem de ir até o balcão e pedir pelo exame de sangue, então Carol fez isso para mim enquanto eu me sentava nas cadeiras frias da recepção junto de alguns doentes. Uma criancinha pequena estava com várias marcas vermelhas na pele e sua mãe brigava com ela sempre que a pequena tentava se coçar.

O cheiro de álcool e limpeza me deixou muito enjoada.

— Vou fazer o exame com você, ok? — a baixinha de cabelo castanho claro quase mel disse, acariciando minhas costas, beijando minhas bochechas e amarrando meu cabelo comprido com um elástico preto. — Fique calma, esses testes de farmácia podem dar errado. Além do mais, você só fez um daqueles.

— Depois do que aconteceu mais cedo, Carol, se eu não estiver grávida vou me sentir ainda pior — sussurrei para ela.

Cobri meu rosto com meus dedos trêmulos. Senti ela ficar confusa.

— Porque isso, amor?

— Ao menos assim os insultos de Matheus terão tido algum fundamento.

— Ele estava com raiva, Raíssa, tente ignorar o que ele disse — ela pediu.

— Pessoas com raiva são como bêbados: elas conseguem dizer a verdade com a facilidade e a cara de pau que não teriam se estivessem em seu estado comum.

Tive a certeza que ela me encarou por vários segundos antes de, finalmente, suspirar. Não existia desculpa que conseguissem explicar ou miniminizar o que aconteceu em minha sala de estar hoje mais cedo. Matheus me ofendeu e nada que dissessem faria essa realidade mudar, nem mesmo as palavras sábias de Caroline Brown Moore.

— Vamos deixar que a medicina resolva as coisas, certo? Nada de sofrer por antecedência.

Esse era o problema. Há muito tempo que já estava sofrendo.

Quando uma enfermeira apareceu segurando uma prancheta e chamou nossos nomes, uma dormência se apoderou de todo o meu corpo. Carol quase precisou empurrar-me no chão para que eu percebesse que precisávamos levantar.

O exame foi bem rápido, nada mais do que dois tubos pequenos de sangue para cada uma de nós. Resolvemos aguardar o resultado na sala de espera mesmo, os vinte primeiros minutos pareceram mais do vinte horas, porém logo em seguida eu cochilei no ombro da minha amiga e nem percebi que o restante do tempo passou. Mais de noventa minutos depois e enfim nos chamaram de novo.

Eram dois envelopes. Um com o nome de Carol e outro com o meu.

Li Raíssa Rodrigues Davis umas quatro vezes antes de deixar Carol impaciente e ela decidir abrir o seu primeiro. Corremos o olhar pelas informações que estavam escritas em seu papel, não entendemos a maior parte delas, porém deciframos a informação mais importante:

Gonadotrofina coriônica – Beta HCG >>>>> 24,0 mUI/mL

— Negativo — Carol traduziu.

Consequências de Uma Noite - Série Consequências Irreparáveis 1.5Onde as histórias ganham vida. Descobre agora