Consequências de Uma Noite - Série Consequências Irreparáveis 1.5

Capítulo 10

You've got that smile
That only heaven can make
I'll pray to God every day
That you keep that smile
You are my dream
There's not a thing I won't do
I'll give my life up for you
'Cause you are my dream

— Next to You - Chris Brown feat. Justin Bieber

Com todos os pais e mães já sentados e pacientes, a moça que estava em nossa frente tomou conta do espaço e começou a se apresentar.

— Boa tarde a todos, me chamo Gabriela e gostaria de anunciar que começaremos nossa aula especializada em ajudar pais de primeira viagem, desde como deixar as mamães confortáveis e saudáveis nesse período tão angustiante e novo até o dia em que o bebê vai nascer, tudo bem? — todos concordaram com ela. Seus cabelos cacheados balançaram quando ela virou-se para o primeiro de dez casais e, em sentido horário, ela pediu: — Vamos inicialmente nos apresentar. Quero o nome dos papais, a quantidade de semanas de gestação, como vocês estão lidando com isso e o que estão achando dessa experiência.

Os primeiros eram uma linda mulher loira de, talvez, trinta anos junto de um homem de pele negra, cabelos cheios e um grande sorriso no rosto.

— Eu sou Stephane, esse é o Lucas — ela iniciou, tomando a frente pelo casal. — e nós acabamos de nos casar. Esperamos um menino que já está com vinte e oito semanas, acho que estamos nos saindo bem nessa nova fase juntos e não conseguimos conter a ansiedade. Queremos ver o rostinho do nosso Pietro logo.

Ela riu junto do marido e os dois acariciaram a barriga exposta dela.

Eles resumiram as informações e os outros casais foram seguindo esse padrão. Estávamos em meio a uma grande variedade de relações. Alguns eram extremamente jovens - um casal tinha dezessete e dezoito anos -, outros já passaram dos quarenta, alguns são casados, outros noivos e até melhores amigos. Existiam várias grávidas de meninas, alguns poucos de meninos e uma única grávida de um casal de gêmeos.

Quando chegou a nossa vez de falar, eu sentia meu coração batendo nos ouvidos, porque nem ouvia minha voz sair.

— Meu nome é Raíssa, esse é o Matheus e estamos cursando o último ano da faculdade — respirei fundo. — Estou com dezessete semanas e grávida de gêmeas que ainda não tem nome. Estamos lidando bem com a gestação, apesar do meu corpo mudar muito rápido e nosso foco é esperar para que elas nasçam — eles riem. — Somos amigos.

Ah, merda.

Matheus ficou meio tenso ao meu lado e eu tinha certeza de que estávamos pensando na mesma coisa enquanto mais dois casais começavam a falar sobre si: somo amigos?

Depois de tantos beijos, de discussões e até cuidarmos um do outro é isso que somos? Amigos? Matheus tinha uma namorada e mesmo que eles vivessem numa relação pior que a de gato e rato, era este o status que os nomeavam: namorados.

Não sabia o que fazer. Não sabia o que pensar.

— Agora que todos já nos conhecemos, vou começar com as coisas básicas que vocês precisam saber — ela levantou as mãos, pronta para fazer uma contagem com cada um de seus dedos. — Estar grávida é ver todo o corpo das mamães mudar, é ver que conforme a barriga cresce, um ímã parece crescer junto com elas, porque mais e mais pessoas querem encostar e acariciar e isso muitas vezes incomoda. As costas doem, as pernas incham, o nervo ciático parece gritar, as noites se tornam cada vez mais difíceis de serem usadas para dormir e os hormônios podem alterar não só o humor, mas também a pele das gestantes. Então, papais — Gabriela passou o olho em todos nós. —, não basta esperar pela chegada dos primogênitos de vocês, a gravidez também é sinônimo de cuidar das mamães. Elas precisam se sentir amadas e confortáveis. Caso elas digam que estão com dor, comecem a chorar sem motivo aparente ou até mesmo mandem vocês calarem a boca, façam isso. Não as contrariem, é importante deixá-las tranquilas e, em hipótese alguma — ela reforçou. —, deixem que elas se estressem.